Cientista diz que alteração
de DNA poderia deixar bebês mais inteligentes
EFE Pequim
25 fev
2019
O
pesquisador chinês He Jiankui. EPA/Alex Hofford
Um
cientista afirmou que existe a possibilidade de os cérebros das duas gêmeas
manipuladas geneticamente "ilegalmente" pelo cientista chinês He
Jiankui para resistir ao HIV sofrerem mudanças que poderiam melhorara a
cognição e "deixá-las mais inteligentes", embora também tenha
ressaltado que essa alteração não deveria ocorrer.
"O
mais provável é que seus cérebros tenham sido afetados", afirmou o
neurobiólogo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, Alcino J. Silva, à
publicação especializada "MIT Technology Review", citada nesta
segunda-feira pelo jornal "South China Morning Post".
Silva,
cujo laboratório descobriu em 2016 este novo efeito do gene CCR5 sobre a
memória e a capacidade do cérebro para formar novas conexões, afirmou que
"a interpretação mais simples é que essas mutações provavelmente terão um
impacto na função cognitiva das gêmeas".
Segundo o
"MIT Technology Review", várias pesquisas demonstram que, além de
proteger contra o HIV, a supressão do gene CCR5, à qual foram submetidas as
bebês Lulu e Nana antes de nascer, está relacionada com uma melhoria cognitiva.
A mesma
alteração introduzida no DNA das gêmeas, "não só faz com que os ratos
sejam mais inteligentes, mas também melhora a recuperação do cérebro humano
depois de um derrame cerebral", apontou.
No
entanto, Silva disse que é impossível prever o efeito exato na cognição das
meninas e "por isso é algo que não deveria ser feito".
Em
novembro de 2018, o cientista chinês surpreendeu a comunidade internacional ao
afirmar ter conseguido criar as primeiras gêmeas manipuladas geneticamente para
resistir ao HIV, o que acarretou várias críticas.
As
autoridades chinesas, após uma investigação preliminar, asseguraram que He
"realizou a pesquisa ilegalmente para conseguir fama pessoal e
lucro".
Também
determinaram que "evitou a supervisão, arrecadou fundos e organizou
pesquisadores por sua conta para realizar a pesquisa sobre edição genética de
embriões humano com fins reprodutivos, algo que é proibido pela lei
chinesa".
Em uma
conferência na Universidade de Hong Kong em novembro - sua última aparição
pública -, He se mostrou "orgulhoso" pelo uso da técnica de edição
genética CRISPR/Cas9 nas duas gêmeas e disse que o estudo não tinha o objetivo
de eliminar doenças genéticas, mas de "dar às meninas a habilidade
natural" para resistir a uma possível futura infecção do HIV.
Mais de
120 acadêmicos da comunidade científica chinesa fizeram então uma declaração
conjunta na qual disseram que "qualquer tentativa" de fazer mudanças
no embriões humano mediante modificações genéticas é "uma loucura" e
que dar à luz a estes bebês teria "um alto risco".
Fonte: EFE
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