Cientistas desenvolvem
injeção inteligente para administrar remédios no olho
EFE Redação
Central
25 fev
2019
Foto de
arquivo. EFE/MICHAEL REYNOLDS
As
seringas e agulhas ocas são utilizadas para administrar remédios há mais de 150
anos e, agora, uma equipe de cientistas desenvolveu um injetor inteligente que
ajusta sua administração em regiões delicadas do corpo, como o espaço
supracoroidal na parte posterior do olho.
A
descrição deste novo modelo foi publicada na revista especializada "Nature
Biomedical Engineering" em artigo liderado por pesquisadores do Hospital
Brigham and Women's de Boston, nos Estados Unidos.
Concretamente,
os pesquisadores testaram em animais um injetor inteligente de alta
sensibilidade para a focalização tissular - chamado i2T2 -, capaz de detectar
mudanças na resistência dos tecidos a fim de administrar remédios de forma
adequada e segura.
A injeção
é utilizada para a administração de tratamentos para a retina, degeneração
macular úmida e na retinopatia diabética, segundo fontes científicas
consultadas pela Agência Efe.
Em uma
nota de imprensa, o citado hospital lembra que, embora as seringas sejam usadas
há mais de um século, sua correta utilização depende de quem aplica e pode ser
difícil administrar medicamentos em regiões delicadas do corpo, como nos olhos.
"Atingir
tecidos específicos usando uma agulha convencional pode ser difícil e
frequentemente requer a destreza de um indivíduo altamente treinado",
disse Jeff Karp, líder do estudo.
Segundo
Karp, no último século houve "uma inovação mínima" em relação às
agulhas, por isso os pesquisadores viram que havia "uma oportunidade para
desenvolver dispositivos melhores e mais precisos".
"Procuramos
melhorar a orientação ao mesmo tempo em que mantivemos o desenho o mais simples
possível para facilitar o seu uso", afirmou Karp.
A camada
coroidal é a camada média do olho, está cheia de vasos sanguíneos e também é
dividida em várias camadas. Um desses espaços é o supracoroidal, uma parte
difícil de localizar com uma agulha padrão, segundo os autores da pesquisa.
Além
disso, o espaço supracoroidal (SCS) tornou-se um local importante para a administração
de medicamentos e é difícil alcançá-lo porque a agulha deve deter-se depois da
transição através da esclerótica, outra parte do olho que tem menos de um
milímetro de espessura, e deve ser assim para evitar danos na retina.
O
dispositivo i2T2 foi fabricado utilizando uma agulha hipodérmica padrão e peças
de seringas disponíveis no mercado.
Os
tecidos corporais têm densidades diferentes e o injetor inteligente aproveita
as diferenças de pressão para permitir o movimento da agulha em direção ao
tecido pretendido.
A nova
seringa foi testada em tecidos de três modelos animais para examinar a precisão
da administração nos espaços supracoroidal, epidural e peritoneal, assim como
de forma subcutânea.
Os
pesquisadores também demonstraram em animais que o injetor pode administrar
células-tronco na parte posterior do olho, que poderiam ser úteis para os
tratamentos regenerativos.
"O
i2T2 ajudará a facilitar as injeções em lugares do corpo difíceis de
localizar", resumiu Miguel González-Andrades, oftalmologista coautor do
texto e colaborador do laboratório de Karp. Agora, o próximo passo para o uso
humano é demonstrar a utilidade e a segurança da tecnologia em modelos
pré-clínicos relevantes.
Fonte: EFE
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