Descobertos povoados de 10 mil anos na Amazônia
Os humanos formaram comunidades estáveis no sudoeste da Amazônia há mais de 10 mil anos, muito antes do que se imaginava, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (24/04). A presença destes povoados foi indicada por restos mortais encontrados na região de Llanos de Moxos, na Bolívia.
Até agora, havia sido descoberta nesta área a existência de sociedades complexas, que habitaram a região, porém, vários séculos mais tarde, e que possuíam estruturas cerimoniais, estradas e praticavam a agricultura, plantado mandioca, batata-doce, pimenta e amendoim.
Segundo o principal autor da pesquisa, José Capriles, da Universidade da Pensilvânia, foi, no entanto, uma surpresa descobrir que a região já era povoada séculos antes durante o início e meados do período Holoceno. Devido à carência de pedras na Amazônia, é difícil para pesquisadores identificar sítios arqueológicos pré-cerâmicos.
Para o estudo, os arqueólogos analisaram o terreno e grandes quantidades de terra queimada, carvão vegetal, conchas e restos de animais encontrados no local. A análise revelou a presença de comunidades estáveis com reduzida mobilidade e uso intensivo de recursos na região há entre 10,6 mil e 4 mil anos.
Durante as escavações foram encontrados restos de cinco covas, onde estavam enterrados adultos. A maioria dos corpos foi enterrada na horizontal de costas. Segundo Capriles, essa posição muito provavelmente estaria vinculada a crenças sobre a morte. Em uma das covas foram localizados ainda conchas grandes e restos de um pigmento vermelho.
Llanos des Moxos é uma zona úmida na bacia do Amazonas, na região os especialistas estudaram três ilhas florestais. As evidências indicam que os grupos que habitavam essas ilhas dependiam principalmente da exploração de recursos silvestres. Eles eram caçadores, pescadores e coletores.
De acordo com Capriles, os três locais estudados têm aspectos em comum, que contariam uma estratégia cultural bastante desenvolvida, embora haja evidências que mostram que a intensidade de exploração de recursos variou entre eles. O estudo diz que os povoados foram abandonados muito antes do surgimento de sociedades agrícolas complexas em Llanos de Moxos.
Pesquisadores de diferentes universidades dos Estados Unidos, Suíça, Chile e Bolívia participaram do estudo, divulgado na revista especializada Science Advances, que lança uma luz sobre a transição social e ambiental na região, em grande parte ainda desconhecida.
Os arqueólogos acreditam que essas primeiras sociedades, devido ao seu crescimento ou escassez de recursos, tenham iniciado o processo de domesticação de algumas culturas, como a da mandioca.
Fonte: DW
DW
24.04.2019
Arqueólogos encontram restos mortais que indicam
existência de comunidades estáveis na região amazônica da Bolívia muito
antes do que o imaginado. Primeiras sociedades teriam iniciado processo
de domesticação de plantas.
Os humanos formaram comunidades estáveis no sudoeste da Amazônia há mais de 10 mil anos, muito antes do que se imaginava, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (24/04). A presença destes povoados foi indicada por restos mortais encontrados na região de Llanos de Moxos, na Bolívia.
Até agora, havia sido descoberta nesta área a existência de sociedades complexas, que habitaram a região, porém, vários séculos mais tarde, e que possuíam estruturas cerimoniais, estradas e praticavam a agricultura, plantado mandioca, batata-doce, pimenta e amendoim.
Segundo o principal autor da pesquisa, José Capriles, da Universidade da Pensilvânia, foi, no entanto, uma surpresa descobrir que a região já era povoada séculos antes durante o início e meados do período Holoceno. Devido à carência de pedras na Amazônia, é difícil para pesquisadores identificar sítios arqueológicos pré-cerâmicos.
Para o estudo, os arqueólogos analisaram o terreno e grandes quantidades de terra queimada, carvão vegetal, conchas e restos de animais encontrados no local. A análise revelou a presença de comunidades estáveis com reduzida mobilidade e uso intensivo de recursos na região há entre 10,6 mil e 4 mil anos.
Durante as escavações foram encontrados restos de cinco covas, onde estavam enterrados adultos. A maioria dos corpos foi enterrada na horizontal de costas. Segundo Capriles, essa posição muito provavelmente estaria vinculada a crenças sobre a morte. Em uma das covas foram localizados ainda conchas grandes e restos de um pigmento vermelho.
Llanos des Moxos é uma zona úmida na bacia do Amazonas, na região os especialistas estudaram três ilhas florestais. As evidências indicam que os grupos que habitavam essas ilhas dependiam principalmente da exploração de recursos silvestres. Eles eram caçadores, pescadores e coletores.
De acordo com Capriles, os três locais estudados têm aspectos em comum, que contariam uma estratégia cultural bastante desenvolvida, embora haja evidências que mostram que a intensidade de exploração de recursos variou entre eles. O estudo diz que os povoados foram abandonados muito antes do surgimento de sociedades agrícolas complexas em Llanos de Moxos.
Pesquisadores de diferentes universidades dos Estados Unidos, Suíça, Chile e Bolívia participaram do estudo, divulgado na revista especializada Science Advances, que lança uma luz sobre a transição social e ambiental na região, em grande parte ainda desconhecida.
Os arqueólogos acreditam que essas primeiras sociedades, devido ao seu crescimento ou escassez de recursos, tenham iniciado o processo de domesticação de algumas culturas, como a da mandioca.
Fonte: DW
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