UFF leva pesquisa sobre supercondutores para congresso na China
Escrito por jornalismo
17 abr 2019
Crédito da fotografia: pixabay.com
A supercondutividade é o futuro, cada vez mais próximo, da transmissão
de energia. As pesquisas sobre essa propriedade física de certos
materiais estão avançando. Ela caracteriza certos metais que, ao serem
levados a temperaturas extremamente baixas, tendem a conduzir
eletricidade sem resistência ou perdas. O professor do curso de Mecânica
Estatística da pós-graduação do Instituto de Física da UFF, Evandro
Vidor Lins de Mello, despertou o seu interesse pelo assunto quando ainda
estava fazendo doutorado na Universidade de Washington, em Seattle.
A UFF, assim como outras instituições brasileiras e do mundo, está debruçada sobre o assunto. Além do professor Evandro, no Instituto de Física, há um grupo de estudantes do curso de Engenharia Elétrica que também está mergulhado no tema. Sob o comandado do professor Guilherme Sotelo, a pesquisa de fios supercondutores e outras aplicações vem avançando nos últimos anos.
Entidades de fomento, como a Federação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estão patrocinando o trabalho, além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que também está financiando a pesquisa.
A força da nova geração
Três alunos do Instituto de Física estão participando do trabalho. Segundo o professor Evandro Mello, o mestrando Matheus Peixoto, o graduando e bolsista da iniciação científica Henrique Souto Maior Resende, e o mestre e doutor David Mockli, que está atualmente fazendo um pós-doutorado na Universidade de Hebrew, em Jerusalém, vêm contribuindo para a pesquisa, principalmente com estudos que buscam viabilizar, num futuro próximo, a criação e produção em larga escala de supercondutores que possam funcionar em temperatura ambiente. “Essa é a nossa meta, um sonho a ser alcançado”, enfatizou o professo
Para David Möckli, foi um privilégio fazer o mestrado e doutorado em Física, na UFF, sob orientação do professor Evandro Mello, onde aprendeu definitivamente a fazer pesquisa. David relembra que, durante o doutorado, teve a oportunidade de desenvolver colaborações internacionais na Suíça, e mais recentemente, em Israel, onde continua pesquisando. A supercondutividade, segundo ele, é um dos grandes temas e desafios da Física, pois oferece o potencial de aplicações em redes elétricas, levitação magnética, ciência de materiais e computadores quânticos. Atualmente, no pós-doutorado em Israel, David busca entender a supercondutividade em materiais que contém metais de transição como o nióbio, tântalo e tungstênio.
“O Brasil possui uma abundância destes metais em comparação ao resto do mundo, e tem a capacidade de desempenhar um papel dominante num futuro otimista. O grupo de pesquisa do professor Evandro Mello na UFF tem contribuído para o entendimento da supercondutividade no Brasil. É um prazer ser parte disso”, ressaltou David.
Na entrevista a seguir, o professor Evandro Mello fala de sua viagem à China e dos desdobramentos da pesquisa:
Qual a importância de sua pesquisa para a UFF e para a sociedade?
Podemos dividir a resposta em dois graus de importância. O primeiro é o conhecimento acadêmico que serve para desenvolver métodos de pesquisa através de teses, dissertações e trabalhos publicados e apresentados em congressos. O segundo é a utilização desse conhecimento para variadas aplicações. Muitos estudos começam por pura curiosidade e acabam tendo grandes aplicações. Assim é com todas as grandes descobertas: vacinas, transistores, rádio, Raios-X, etc.
Por que a China foi o local escolhido para apresentar a pesquisa?
Normalmente, em ciência, existe uma comunidade global trabalhando sobre um determinado tema. Podemos dizer que a supercondutividade é um tópico bem estudado e que deve ter, entre pesquisadores e estudantes graduados, cerca de sete mil pessoas trabalhando no assunto em todo mundo. Em geral, organizam-se eventos importantes a cada três anos. Nesse caso específico, uma grande conferência geral que roda o mundo todo, onde palestras menores sobre temas específicos são feitas. A última foi na Suíça em 2015. Este ano aconteceu em Pequim e, segundo os organizadores, foi a maior e mais ampla conferência na área, batizada de "Conferência Internacional sobre Materiais e Mecanismos da Supercondutividade". E a próxima será em Vancouver, no Canadá, em 2021.
Quais serão os desdobramentos do seu trabalho para dia a dia do brasileiro de forma geral?
Estamos trabalhando na teoria de um material que ainda tem muitas propriedades que não entendemos muito bem. Ou seja, estamos na fase 1 da pesquisa. Uma vez dominado esse conhecimento, entraremos na fase 2 e poderemos ter uma aplicação. No caso dos supercondutores, a utilização de um material com essa propriedade e próximo da temperatura ambiente facilitará ainda mais sua aplicação.
Quais as principais aplicações dos supercondutores?
Eles podem transportar mais corrente elétrica que os fios normais e sem nenhuma perda de energia. Motores com supercondutores são mais leves e mais eficientes. Se conseguirmos obter fios supercondutores à temperatura ambiente, teremos uma economia de energia de quase 50%. Isto significa que não precisaremos abrir novas hidrelétricas ou queimar combustível em termelétricas por, pelo menos, mais 50 anos. Isso fez com que a Revista TIME estampasse em sua capa, em 1986, a possibilidade dessa revolução tecnológica quando os supercondutores a base de cobre foram descobertos nos anos 1980.
Fonte: UFF
A UFF, assim como outras instituições brasileiras e do mundo, está debruçada sobre o assunto. Além do professor Evandro, no Instituto de Física, há um grupo de estudantes do curso de Engenharia Elétrica que também está mergulhado no tema. Sob o comandado do professor Guilherme Sotelo, a pesquisa de fios supercondutores e outras aplicações vem avançando nos últimos anos.
Entidades de fomento, como a Federação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estão patrocinando o trabalho, além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que também está financiando a pesquisa.
A força da nova geração
Três alunos do Instituto de Física estão participando do trabalho. Segundo o professor Evandro Mello, o mestrando Matheus Peixoto, o graduando e bolsista da iniciação científica Henrique Souto Maior Resende, e o mestre e doutor David Mockli, que está atualmente fazendo um pós-doutorado na Universidade de Hebrew, em Jerusalém, vêm contribuindo para a pesquisa, principalmente com estudos que buscam viabilizar, num futuro próximo, a criação e produção em larga escala de supercondutores que possam funcionar em temperatura ambiente. “Essa é a nossa meta, um sonho a ser alcançado”, enfatizou o professo
Para David Möckli, foi um privilégio fazer o mestrado e doutorado em Física, na UFF, sob orientação do professor Evandro Mello, onde aprendeu definitivamente a fazer pesquisa. David relembra que, durante o doutorado, teve a oportunidade de desenvolver colaborações internacionais na Suíça, e mais recentemente, em Israel, onde continua pesquisando. A supercondutividade, segundo ele, é um dos grandes temas e desafios da Física, pois oferece o potencial de aplicações em redes elétricas, levitação magnética, ciência de materiais e computadores quânticos. Atualmente, no pós-doutorado em Israel, David busca entender a supercondutividade em materiais que contém metais de transição como o nióbio, tântalo e tungstênio.
“O Brasil possui uma abundância destes metais em comparação ao resto do mundo, e tem a capacidade de desempenhar um papel dominante num futuro otimista. O grupo de pesquisa do professor Evandro Mello na UFF tem contribuído para o entendimento da supercondutividade no Brasil. É um prazer ser parte disso”, ressaltou David.
Na entrevista a seguir, o professor Evandro Mello fala de sua viagem à China e dos desdobramentos da pesquisa:
Qual a importância de sua pesquisa para a UFF e para a sociedade?
Podemos dividir a resposta em dois graus de importância. O primeiro é o conhecimento acadêmico que serve para desenvolver métodos de pesquisa através de teses, dissertações e trabalhos publicados e apresentados em congressos. O segundo é a utilização desse conhecimento para variadas aplicações. Muitos estudos começam por pura curiosidade e acabam tendo grandes aplicações. Assim é com todas as grandes descobertas: vacinas, transistores, rádio, Raios-X, etc.
Por que a China foi o local escolhido para apresentar a pesquisa?
Normalmente, em ciência, existe uma comunidade global trabalhando sobre um determinado tema. Podemos dizer que a supercondutividade é um tópico bem estudado e que deve ter, entre pesquisadores e estudantes graduados, cerca de sete mil pessoas trabalhando no assunto em todo mundo. Em geral, organizam-se eventos importantes a cada três anos. Nesse caso específico, uma grande conferência geral que roda o mundo todo, onde palestras menores sobre temas específicos são feitas. A última foi na Suíça em 2015. Este ano aconteceu em Pequim e, segundo os organizadores, foi a maior e mais ampla conferência na área, batizada de "Conferência Internacional sobre Materiais e Mecanismos da Supercondutividade". E a próxima será em Vancouver, no Canadá, em 2021.
Quais serão os desdobramentos do seu trabalho para dia a dia do brasileiro de forma geral?
Estamos trabalhando na teoria de um material que ainda tem muitas propriedades que não entendemos muito bem. Ou seja, estamos na fase 1 da pesquisa. Uma vez dominado esse conhecimento, entraremos na fase 2 e poderemos ter uma aplicação. No caso dos supercondutores, a utilização de um material com essa propriedade e próximo da temperatura ambiente facilitará ainda mais sua aplicação.
Quais as principais aplicações dos supercondutores?
Eles podem transportar mais corrente elétrica que os fios normais e sem nenhuma perda de energia. Motores com supercondutores são mais leves e mais eficientes. Se conseguirmos obter fios supercondutores à temperatura ambiente, teremos uma economia de energia de quase 50%. Isto significa que não precisaremos abrir novas hidrelétricas ou queimar combustível em termelétricas por, pelo menos, mais 50 anos. Isso fez com que a Revista TIME estampasse em sua capa, em 1986, a possibilidade dessa revolução tecnológica quando os supercondutores a base de cobre foram descobertos nos anos 1980.
Fonte: UFF
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