Células podem transmitir informações por gerações, diz pesquisa
Células do sistema nervoso podem passar informações de um indivíduo para outros
8 jun 2019, 05h55
São Paulo – Uma equipe de cientistas da Universidade Tel Aviv, em Israel, realizou um estudo que diz que as células nervosas podem transmitir informação por gerações, de maneira hereditária, por meio dos nematóides – vermes que possuem formato cilíndrico e formam um sistema nervoso.
Segundo o biólogo Oded Rechavi, a informação contida nos ácidos ribonucleicos, também conhecidos como RNAs, é derivada de nematóides. Quando transmitida, ela influencia psicologicamente o ser humano e seu comportamento. Com isso em mente, a recente análise pode ter descrito um novo mecanismo onde uma geração afeta o estado físico de sua sucessora.
Até o último século, era reconhecido que informações de pais para filhos poderiam ser passadas pelo DNA ou pela observação de hábitos, tendo influência no desenvolvimento. Visto que esses processos podem ser influenciados pelo ambiente, a possibilidade de influenciar mais de uma geração está sendo estudada.
Alguns anos atrás, pesquisadores dos Estados Unidos demonstraram que segmentos móveis do vírus dsRNA, de fita dupla, gerados pelos nematóides pode ir para as células germinadoras e silenciar alguns de seus genes. Agora, a equipe de Rechavi demonstrou que a herança desse RNA pode resultar, inclusive, em diferenças de aprendizado por várias gerações.
Para fazer isso, eles removeram um gene chave da proteína de ligação ao RNA, Caenorhabditis elegans, a fim de demonstrar a relevância dessa proteína no controle dos níveis de fragmentos do vírus tanto em nervos quanto nas células germinativas. No entanto, as mudanças exatas no sistema nervoso ainda não foram descobertas.
Porém, essa pesquisa já representa um grande avanço para a área. Cerca de meio século atrás, o psicólogo James V. McConnell, da Universidade de Michigan, já havia pensado que as informações de lembranças poderiam ser passadas através do consumo de RNA de vermes canibais. Até hoje, o experimento é classificado como pseudociência.
Apesar da descrença popular sobre o estudo de McConell, experimentos recentes sugerem que exista algum tipo de interação entre os fragmentos de RNA e a atividade cerebral.
Se o que essa pesquisa diz for verdade, é possível que a vida se torne mais complicada, segundo o coautor do estudo Itai A. Toker. “Através deste caminho, os pais poderiam potencialmente transmitir informações que seriam benéficas para a descendência no contexto natural”, disse, em nota, Toker. Isso significa que influenciaria potencialmente a evolução de um organismo.
Fonte: EXAME
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