Conheça a tecnologia que permitiu que a missão Apollo 11
fosse um sucesso
A Corrida Espacial proporcionou avanços tecnológicos
gigantes que culminaram com o pouso lunar em 1969
Este sábado marca os 50 anos de uma das marcas mais
importantes da história da humanidade. O pouso da Apollo 11 e os primeiros
passos do homem na Lua colocou um fim à Corrida Espacial protagonizada por
Estados Unidos e União Soviética e trouxe também uma série de avanços
tecnológicos, sem os quais a conquista jamais seria possível.
A seguir, estão algumas das tecnologias novas para a época
que proporcionaram uma missão bem-sucedida.
Foguete
Uma das principais inovações do projeto Apollo como um todo
(não apenas o 11) foi desenvolver o método de rendez-vous (ou encontro, em bom
português) na órbita lunar. Isso permitiu que o foguete Saturn V fosse
consideravelmente mais leve e consumisse uma quantidade muito menor de
combustível.
O Saturn V era um foguete enorme (111 metros de altura) de três estágios, e
apenas uma parte dele chegava até a órbita lunar; as outras ficavam pelo
caminho. Quando chegava à órbita, o módulo de pouso se destacava para a
alunissagem, enquanto o resto da nave continuava orbitando a Lua.
Ao final da missão, o módulo de pouso decolava e se
reencontrava com a nave principal na órbita e é descartado após a transferência
da tripulação e outros equipamentos, e apenas a nave principal retorna para a
Terra.
Para colocar esse projeto em prática, a Nasa havia testado a
técnica duas vezes sem nenhum humano na tripulação, nas missões Apollo 4 e 6,
realizadas em 1967 e 1968, respectivamente. Naquele mesmo ano, a agência
colocaria seus astronautas pela primeira vez na órbita lunar, na missão Apollo
8.
Módulo lunar
Por ter sido desenvolvido para operar em uma área sem
atmosfera, os pesquisadores não se deram o trabalho de fazer com que o módulo
de pouso na Lua tivesse um formato aerodinâmico, o que explica todos os ângulos
incomuns que normalmente não são vistos em aeronaves.
O módulo foi testado algumas vezes antes da missão Apollo 11; seu primeiro
teste com humanos havia acontecido na missão Apollo 9 e tornou-se parte de
todas as missões seguintes.
Ele não era perfeito, no entanto, e estava sujeito a alguns
erros. Nas simulações da Apollo 10, o módulo começou a girar no caminho de
volta para a nave principal, mas o controle foi retomado. Já na Apollo 11, Neil
Armstrong precisou tomar o controle do módulo para guiar o pouso para uma área
mais segura, mas ficou com muito pouco combustível restante. E, claro, há o
quase desastre da Apollo 13, no qual o módulo foi importante para a
sobrevivência dos astronautas após uma série de falhas na missão.
Computadores
Muito se fala que os computadores utilizados na Apollo 11
não eram mais potentes do que algumas calculadoras das mais simples que usamos
nos dias de hoje, e isso é fato. Curiosamente, nem mesmo para os padrões de
1969 ele era o que havia de melhor, justamente porque não precisava ser: uma
máquina verdadeiramente potente consumiria muitos recursos, que eram escassos
para uma missão do tipo.
A máquina possuía uma memória RAM para até 2.048 palavras, o
que é pífio para qualquer padrão atual, mas impressionantes para os padrões de
1969, e armazenamento não-volátil de cerca de 36 mil palavras. Ele também tinha
um processador de apenas aproximadamente 1 MHz.
Mesmo assim, ele era capaz de alguns recursos importantes, como a capacidade de
operar multitarefa para até 8 operações diferentes simultaneamente.
Também é importante notar que o módulo de comando e o módulo
lunar tinham computadores diferentes, e suas funcionalidades permitiriam o
retorno à Terra mesmo se o contato com a base fosse interrompido.
Roupas
Cada um dos trajes espaciais usados pelos astronautas das
missões Apollo foi criado sob medida, sendo necessárias 15 trajes para cada
missão, segundo a NASA. Com o tempo, eles foram mudando de formato para se
adequar melhor às tarefas: nas missões Apollo 15, 16 e 17, a cintura foi
modificada para permitir a operação das sondas com mais facilidade e permitindo
tarefas mais complexas.
As roupas incluíam uma espécie de segunda pele com tubos
para circulação de água, que ajudavam a refrescar o corpo no solo lunar, e
várias outras camadas de matérias como nylon, teflon e fibra de vidro que
tinham como objetivo manter a pressão do ar dentro do traje e proteger os
astronautas da radiação.
As luvas também eram especiais, com as pontas do dedos de silicone para
permitir que astronautas sentissem os objetos que tocavam, enquanto os
capacetes utilizavam um anel de pescoço que permanecia no lugar mesmo se o
usuário mexesse sua cabeça. A mochila, no entanto, era provavelmente a parte
mais importante de todas, já que continha o oxigênio necessário para que o
astronauta respirasse em solo lunar, permitindo até 7 horas na superfície.
Câmeras
Talvez elas não sejam tão importantes para o sucesso da missão, mas sem elas
não haveria qualquer registro visual do feito, e as teorias das conspirações
seriam ainda mais fortes. Curiosamente, ao longo das missões Apollo, 12 câmeras
foram deixadas em solo lunar e não foram trazidas de volta por causa do peso.
As lentes usadas para fotografar a Apollo 11 foram feitas
sob encomenda e com alguma urgência. A Zeiss recebeu o pedido da Nasa em 1968,
apenas nove meses antes do lançamento, e o processo de desenvolvimento da lente
Biogon 5.6 / 60, usada na missão foi acelerado consideravelmente graças ao uso
de um mainframe que permitiu calcular os parâmetros em algumas semanas em vez
de um processo manual que seria radicalmente mais demorado.
As câmeras usadas na missão deveriam ser fáceis de usar,
porque, afinal de contas, os astronautas não eram fotógrafos profissionais, mas
também precisavam retratar a superfície lunar com precisão. Para isso foi decidido
pelo uso de uma câmera com placa Reseau, que deixava uma grade de pequenas
cruzes na foto, que tem o objetivo de corrigir distorções. Se o negativo das
fotos fosse deformado de algum modo, as referências cruzes permitiriam retomar
as proporções originais da imagem.
Os astronautas receberam um breve treinamento para usar a câmera antes da
viagem, mas também tiveram que aprender a clicar as fotos “às cegas”, já que
não poderiam olhar pelo visor até por causa do capacete. Eles tiveram uma
vantagem que a maioria dos fotógrafos não têm, no entanto: como as condições
climáticas da Lua não mudam, eles já sabiam exatamente quais seriam a situação
de luminosidade, o que permitiu levar o equipamento com a maioria das
configurações já previamente ajustadas para o cenário.
Fonte: OlharDigital
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