O céu é o limite: equipe da UFF produz foguete e se prepara para competição internacional

O céu é o limite: equipe da UFF produz foguete e se prepara para competição internacional








Crédito da fotografia: 
Divulgação

Você já ouviu falar em foguetemodelismo? Desde junho de 2018, a UFF conta com uma equipe de alunos de diversos cursos que projeta e fabrica foguetes - desde a construção do esqueleto externo até a fabricação do combustível. A LUFFT faz parte do Ramo Estudantil da instituição, conhecido como Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), e é uma iniciativa que tem como objetivo capacitar os graduandos envolvidos no projeto a aplicarem a teoria aprendida em sala de aula na construção de um foguete, além de participar de competições nacionais e internacionais da área. O nome da equipe, LUFFT, é um trocadilho com a palavra alemã luft - que significa aéreo em alemão - e seu atual projeto consiste em um modelo com alcance máximo de mil metros de altura.
Segundo o orientador do projeto, o professor do curso de relações internacionais e do programa de pós-graduação em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança (PPGEST), Marcio Rocha, os graduandos são encarregados por todo o processo produtivo.  “Nosso protótipo conta com um sistema de recuperação por paraquedas e uma estrutura eletrônica capaz de fazer a ejeção deste dispositivo, além da leitura da velocidade atingida e a medição da altitude alcançada em tempo real. Seu corpo é fabricado com fibra de vidro, material que dá resistência e leveza para alçar os voos exigidos”, explica.
O grupo é composto por 16 estudantes de diversas áreas da engenharia (mecânica, física, química, etc.) - além de contar com dois integrantes da física e da química industrial. Marcio enxerga com bons olhos a criação de times como este, e acredita ser uma ótima oportunidade para que os alunos integrem os conhecimentos obtidos nas aulas com a vivência prática da profissão. “A LUFFT, assim como outras equipes de engenharia, permite essa opção de vivenciar a engenharia. Isso motiva ainda mais os alunos a entenderem toda a teoria presente nesse projeto, criando um ciclo benéfico de aprendizado e aprimorando ainda mais os conhecimentos em função dos resultados práticos obtidos. Como consequência, há um aumento na motivação para aprofundar a teoria em sala de aula”, ressalta o professor.
Para garantir uma melhor divisão de tarefas, os alunos são fragmentados em cinco setores dentro da equipe: Aerodinâmica, Recuperação, Aviônica, Propulsão e Logística. A chefe de Logística do grupo, Thaís Silva, explica um pouco da rotina de trabalho dos estudantes. “Acreditamos muito na potência das criações colaborativas e diversificadas. Na Equipe LUFFT temos alunos de quase todas as engenharias, ou seja, um ambiente único que proporciona trabalho em grupo e interação com graduações diversificadas, com visões diferentes. A divisão em células dentro da equipe incentiva principalmente a liderança e o comprometimento, sendo um diferencial para o nosso desenvolvimento acadêmico. Além disso, a participação em competições de foguetemodelismo leva o nome da UFF pelo Brasil afora e nos incentiva a ser modelos de excelência nessa área”.
Entre os próximos dias 9 e 11 de agosto, a LUFFT participará de sua primeira experiência em competições de Foguetemodelismo. O campeonato escolhido para a estreia foi o “Latin American Space Challenge (LASC)”, que será realizado em São Paulo, e reunirá estudantes e entusiastas espaciais de toda a América Latina. Batizado de “Missão Selene”, em homenagem à sonda japonesa “Selenological and Engineering Explorer”, lançada à lua em 2007, o desafio será uma chance não só de colocar em prática o conhecimento adquirido em quase um ano de trabalho como de aprender com adversários mais experientes. “Essa será nossa primeira competição, então queremos visibilidade. Nesse evento, entraremos em contato com diversas equipes que estão lá há mais tempo e com certeza teremos muito a aprender”, destaca a chefe de Aviônica da LUFFT, Thainá Fernandes.
A seguir, os alunos falam sobre o projeto e o impacto dessa experiência para suas vidas acadêmicas:

Qual foi a motivação para montar a LUFFT dentro da IEEE UFF?
Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Em meados de 2018, descobri o foguetemodelismo. Na época, descobri também que equipes do estado do Rio de Janeiro já participavam de campeonatos nacionais e internacionais. Imediatamente questionei a mim mesmo o motivo de não haver uma equipe de foguetemodelismo dentro da universidade. Então, imbuído da minha paixão pela área aeroespacial, entrei em contato com a GFRJ (Equipe de Foguetemodelismo da UERJ), buscando informações sobre como montar uma equipe e onde encontrar toda a base teórica necessária para projetar e construir foguetes. Depois disso, comecei a montar e recrutar os primeiros membros. Em seguida, firmei uma parceria com o ramo estudantil IEEE UFF,  que garantiu a participação da nossa equipe no instituto.

O que é o IEEE UFF?
Thaís Silva (Chefe de Logística da LUFFT): O IEEE UFF é um ramo estudantil que faz parte do IEEE, maior organização profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. Trata-se de uma rede que contém, em média, 400 mil membros voluntários ao redor do mundo, e que propõe um networking único. Na UFF, temos como objetivos incentivar a criação de projetos e atuamos em diversos setores: impressora 3D, WIE (Women in Engineering), representação de mulheres na ciência, visitas técnicas (Reator Nuclear de Angra dos Reis, Hidrelétrica de Itaipu, Weg Transformadores, Furnas, ONS e etc.), PES (Power and Energy Society), Speak up (grupo de conversação em inglês), a equipe de foguetemodelismo LUFFT, além da participação em eventos e workshops na área de ciência e tecnologia. Somos um polo de disseminação de conhecimento relacionado às ciências tradicionais, que trabalha com tecnologias emergentes e disruptivas para o desenvolvimento da cocriação.



























Quais os principais objetivos da LUFFT?
Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Nosso principal objetivo engloba três ações: a construção de foguetes, a capacitação na gestão dos lançamentos e a participação em competições de foguetemodelismo. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que diversas etapas sejam ultrapassadas, destacando as seguintes:
a) A equipe é necessariamente multidisciplinar. Os membros são de diferentes cursos, e você aprende na prática que, em um projeto real de engenharia, você precisa trabalhar com profissionais de áreas e com capacitações distintas;
b) A relação interpessoal é algo constantemente e presente na equipe. Todos precisam compreender suas tarefas, a hierarquia existente, as tarefas e as responsabilidades dos colegas, de modo que o resultado final seja positivo;
c) A motivação dos integrantes é algo que precisa ser constantemente exercida. Fazer parte de um projeto com atividades práticas requer o compromisso de participar das ações programadas e, ao mesmo tempo, cumprir as tarefas acadêmicas do curso regular.

Explique sobre o projeto de vocês, por favor.
Bruno Castro (Capitão da LUFFT): O nosso atual projeto, Missão Selene, consiste em construir um foguete que alcance um apogeu de 1.000 metros. O projétil é lançado a partir de ignição elétrica, tem um sistema de recuperação por paraquedas, um sistema eletrônico de bordo capaz de fazer a ejeção do paraquedas, a leitura de velocidade, mede a altitude em tempo real para que possamos realizar as análises. Nossa fuselagem (corpo do foguete) é feita de fibra de vidro, um material super leve e resistente, nosso motor é feito de aço inox, e recebe em seu interior propelentes do tipo sólido, ou seja, nosso combustível não é líquido como as pessoas tendem a inferir. Nós projetamos e fabricamos cada parte do foguete: da parte externa ao combustível. Para que tudo ocorra de forma organizada, nossa equipe é dividida em sub-células da seguinte forma: Aerodinâmica (onde lidamos com a estabilidade de voo); Recuperação (onde o foco está no projeto, desenvolvimento e implementação do sistema de paraquedas); Aviônica (referente a toda eletrônica de bordo e também à ignição elétrica); Propulsão (relacionado ao sistema propulsivo, projeto e fabricação do motor e do propelente); e Logística (responsável por toda parte administrativa, e resolução de problemas de translado, equipamentos, etc.).


Como foi a preparação da equipe para a Latin American Space Challenge (LASC)?
Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Começamos a projetar o Selene ao mesmo tempo em que fomos adquirindo conhecimento sobre como construí-lo. Desde março deste ano temos um foguete pronto para ser utilizado e estamos realizando testes de propulsão para que possamos validar o sistema propulsivo e, a partir disso, ter sinal verde para realizar nossos testes de voo.

Qual a expectativa de vocês para a competição?
Letícia Camargo (Membro da LUFFT): Desde quando iniciamos o projeto, estamos em ritmo acelerado e fazendo tudo que precisamos para realizar um sonho. Nessa competição, nossa intenção é apresentar quem é a LUFFT e mostrar tudo que realizamos nesse quase um ano de trabalho. Além disso, queremos ter a certeza de que todo nosso esforço valeu a pena!

Qual é o sentimento de representar a UFF em um evento desse porte?
Letícia Camargo (Membro da LUFFT): Competir nesse tipo de disputa representando a universidade nos motiva a continuar tentando. Em meio a tanta hostilidade em relação ao ensino superior público, é muito importante mostrar o que fazemos dentro da universidade e representá-la nos traz um sentimento de orgulho por sermos membros da UFF.

Fonte: UFF

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