Os projetos que envolvem fissão nuclear têm
avançado para permitir que a próxima viagem à Lua leve os astronautas a
bordo de uma nave com a tecnologia. Depois, a ideia é ir até Marte
O conceito em si é simples, mas reatores de fissão pequenos são difíceis de construir e arriscados para operar, porque produzem lixo tóxico — e seria pouco agradável ter de lidar com um derretimento nuclear no espaço. Mesmo assim, a Nasa acredita que isso pode ser necessário em futuras missões humanas à Lua e a Marte.
Emrich e seu trabalho ganharam mais importância porque a administração de Donald Trump quer colocar os pés na Lua novamente o mais rápido possível — como preparação para uma ida a Marte. Apesar de não ser necessário ter um motor nuclear para chegar à Lua, poder testar essa tecnologia em uma jornada lunar seria extremamente valioso, já que a técnica quase certamente será usada em uma missão tripulada a Marte.
Vale lembrar que o motor nuclear não será usado para lançar a nave no espaço: qualquer acidente com ele na plataforma de lançamento causaria um desastre das proporções do ocorrido na usina de Chernobyl. Em vez disso, o foguete vai ter propulsão química e somente a astronave será equipada motor nuclear — ou seja, só quando já estiver no espaço o reator será acionado.
Jim Bridenstine, que é administrador da Nasa, avalia a propulsão nuclear como um marco de quebra de paradigma. Segundo ele, usar reatores de fissão no espaço é “uma ótima oportunidade que os EUA têm de aproveitar”.
Projeto nuclear
Isso sem contar os obstáculos técnicos. O conceito é simples — o reator aquece o hidrogênio a temperaturas altíssimas e o gás produzido é expelido por um bocal —, mas desenhar reatores capazes de suportar seu próprio calor, não. Aqui na Terra, os reatores de fissão operam a mais de 300°C, mas os usados em motores vão superar os 2 mil °C.
Já há uma década, Emrich e sua equipe simulam as condições extremas dentro do motor nuclear de um foguete no Marshall Space Flight Center. Em vez de acionar uma reação de fissão, entretanto, eles usam grandes quantidades de eletricidade — o suficiente para abastecer centenas de casas americanas — para aquecer a célula de combustível. “É como um grande forno de micro-ondas”, explica Emrich.
Simulador
de Ambiente de Elemento de Foguete Térmico Nuclear (Nuclear Thermal
Rocket Element Environmental Simulator – NTREES) é o alicerce do retorno
da Nasa à propulsão nuclear
O projeto, chamado de Simulador de Ambiente de Elemento de Foguete Térmico Nuclear (Nuclear Thermal Rocket Element Environmental Simulator – NTREES), é o alicerce do retorno da Nasa à propulsão nuclear. Lá, os especialistas estudam a reação de diferentes materiais a calor extremo sem ter de construir um motor nuclear completo (o que implica custos e riscos). Alguns anos depois do lançamento do NTREES, a agência o transformou em um programa maior para estudar como um motor nuclear pode ser integrado ao sistema de lançamento espacial.
Antes que um motor nuclear faça seu primeiro voo, no entanto, a Nasa precisa rever a regulamentação de lançamento de materiais nucleares. Em agosto, a Casa Branca emitiu um memorando para incumbir a agência de criar protocolos de segurança para a operação de reatores nucleares no espaço. Assim que eles forem adotados, será possível fazer o primeiro voo de um motor nuclear. Espera-se que isso ocorra até 2024, o que coincide com o prazo dado por Trump para levar astronautas americanos à Lua novamente. Ou seja, pode ser que eles peguem carona em um foguete nuclear.
Fonte: OlharDigital
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