Com recursos do pré-sal, supercomputador brasileiro volta ao top 500
Léo Rodrigues - repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
25/11/2019 - 19:55
Tomaz Silva/Agência Brasil
A expansão foi inaugurada hoje (25) com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Ela foi viabilizada a partir da destinação de 1% das receitas provenientes da extração do pré-sal do campo de Mero, na Bacia de Santos.
O repasses de recursos para atividades de pesquisa e desenvolvimento é uma das obrigações que devem ser assumidas pelas empresas vencedoras dos leilões para exploração de petróleo no regime de partilha, que passou a ser adotado no país com a aprovação da Lei Federal 12.351/2010. Desde então, 14 contratos já foram assinados seguindo o modelo. O campo de Mero é explorado pelo Consórcio de Libra, liderado pela Petrobras (40%) e com participação da anglo-holandesa Shell (20%), da francesa Total (20%) e das chinesas CNPC (10%) e CNOOC Limited (10%).
O ministro Marcos Pontes afirmou que a crise econômica também faz revelar oportunidades e disse que não se deve tratar ciência e tecnologia como gasto. Segundo ele, a expansão do supercomputador contribui para gerar emprego, alavancar empresas e promover desenvolvimento social. "A ciência e a tecnologia é a base de todos os países considerados desenvolvidos. Você pode observar o que há de comum na história de todos eles. A ciência e a tecnologia é definitivamente a ferramenta que dá o retorno mais rápido e mais certo. Olhem os momentos de crise. Quando eles entram em crise, eles investem em ciência e tecnologia".
O LNCC foi fundado em 1980 como unidade de desenvolvimento tecnológico e como órgão governamental provedor de infraestrutura computacional de alto desempenho para a comunidade científica do país. A instalação do supercomputador Santos Dumont custou R$60 milhões do governo federal e a máquina começou a funcionar em janeiro de 2016. A empresa responsável pela instalação é a francesa Atos, uma multinacional de tecnologia de informação que possui atualmente trabalhos em 73 países e presta também serviços para o Comitê Olímpico Internacional (COI).
"A maioria dos supercomputadores do mundo tem nomes de deuses ou nomes científicos. Santos Dumont é uma pessoa. Humana como todos nós. E era criativo, científico, inovador. Ele precisava de potência para voar. Ele queria ter propulsão própria e dirigibilidade. E o que ele faz? Santos Dumont tem controle, tem segurança, tem eficiência. O que ele queria quando se tornou o pai da aviação se reflete exatamente no supercomputador", disse Luis Cassuscelli, diretor de Big Data e Segurança Cibernética de Dados da América do Sul da Atos.
Top 500
Em 2017, o supercomputador Santos Dumont foi superado por outras máquinas e deixou a lista dos top 500 e também perdeu a posição de número 1 da América Latina, postos que agora foi recuperados. Com a expansão, ele passa a contar com mais de mil servidores instalados. Seu custo mensal de energia é de aproximadamente R$500 mil. A manutenção exige R$4 milhões por ano. Os altos valores combinados com uma restrição orçamentária enfrentada pelo LNCC chegaram a causar uma redução no funcionamento da máquina entre 2016 e 2017.O Brasil é hoje o 21º país do mundo em capacidade de operações através de supercomputadores. As máquinas brasileiras respondem por cerca de 1% da potência mundial. O país possui outros dois supercomputadores na lista do top 500, embora em posições abaixo do Santos Dumont: um deles está em Salvador e pertence ao Centro Universitário Senai Cimatec, enquanto o outro, localizado no Rio de Janeiro, é da Petrobras.
Os líderes mundiais são Estados Unidos, 37,1% da capacidade mundial, e China, com 32,3%. "Você pega os maiores supercomputadores do mundo e vê que todos estão em centros nacionais de computação cujo suporte é dado pelos governos. Seja na China, nos Estados Unidos, na Suíça, na Alemanha, onde quer que seja há investimento público", observou Augusto Gadelha, diretor do LNCC.
Fonte: EBC
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