quinta-feira, 30 de abril de 2020

Pesquisa descobre quais células são invadidas pelo Sars-CoV-2

Pesquisa descobre quais células são invadidas pelo Sars-CoV-2
Imagem de: Pesquisa descobre quais células são invadidas pelo Sars-CoV-2 
Fonte: IOC/Fiocruz/Débora F. Barreto-Vieira/Divulgação


Uma força-tarefa com pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Massachusetts General Hospital (MGH) e de Harvard conseguiu identificar as células mais visadas pelo vírus Sars-CoV-2, responsável pela pandemia de covid-19. A pesquisa traz também uma má notícia: o vírus pode estar usando o Interferon (droga-chave no tratamento de pacientes infectados) para encontrar seus alvos.
O vírus usa suas espículas (como as pontas de uma coroa – corona em latim, daí seu nome) para se ligar à membrana da célula, em um sistema conhecido como chave e fechadura (sendo a espícula, a chave). Ele introduz sua “chave falsa” nos receptores ACE2 (a fechadura) na membrana da célula, usado por uma enzima conversora da proteína angiotensina. Outra proteína, a enzima TMPRSS2, facilita a entrada do vírus na célula hospedeira.
Micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula humana infectada pelo vírus SARS-CoV-2 (em rosa). 
Micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula humana infectada pelo vírus Sars-CoV-2 (em rosa).Fonte:  NIAID/Divulgação 

Os pesquisadores rastrearam as células que produzem as duas proteínas facilitadoras do Sars-CoV-2  – e, como se desconfiava, elas estão nos pulmões, nas vias nasais e no intestino. "Assim que confirmamos bioquimicamente o papel dessas proteínas, começamos a procurar onde elas estavam para saber que células o vírus pode atingir", explicou o imunologista Jose Ordovas-Montanes, um dos autores do estudo publicado na revista científica Cell.

Células mais visadas
O laboratório do físico-químico Alex K. Shalek (também autor da pesquisa) uniu-se a outros pelo mundo para sequenciar, em larga escala, o RNA de dezenas de milhares de células humanas, primatas e de camundongos. O DNA envia o RNA do núcleo para o citoplasma com as instruções do que deve ser sintetizado pela célula – incluindo proteínas e enzimas.
Desde 2019 o MIT vem construindo um banco de dados celulares e conta com a colaboração de inúmeros laboratórios – inclusive os do Human Cell Atlas (ou Atlas de Células Humanas). Usando todas essas informações, foi possível rastrear as células que contêm as duas proteínas ajudantes do Sars-CoV-19. Nas dos pulmões, das passagens nasais e do intestino, foi encontrado o RNA dessas duas proteínas em muito mais quantidade do que em outras células.
No canto inferior esquerdo (círculo claro), é possível ver uma célula, morta e infestada de vírus. 
No canto inferior esquerdo (círculo claro), é possível ver uma célula, morta e infestada de vírus.Fonte:  IOC/Fiocruz/Débora F. Barreto Vieira/Divulgação 

Nas passagens nasais, as células que produzem muco apresentaram RNA para as duas proteínas que o vírus usa para infectar células. Nos pulmões, ele está nas células que revestem os alvéolos (onde ocorre a troca de gás carbônico e oxigênio). No intestino, o RNA está presente nos enterócitos (células que absorvem alguns nutrientes).

Interferon pode estar ajudando o vírus
Uma surpresa preocupante surgiu da pesquisa: ao tratar as células que revestem as vias aéreas com Interferon (droga que está sendo usada no tratamento de doentes da covid-19), os pesquisadores descobriram que ele ativa o receptor ACE2, o mesmo usado pelo Sars-CoV-2 para entrar na célula. Isso sugere que o vírus está evoluindo para usar as defesas naturais das células em proveito próprio.
O interferon, droga usada no tratamento dos infectados pelo SARS-CoV-2, pode estar mostrando ao vírus que células atacar.
O Interferon, droga usada no tratamento dos infectados pelo Sars-CoV-2, pode estar mostrando ao vírus que células atacar.Fonte:  Reuters/Str/Reprodução 

Para a equipe de cientistas do MIT, o papel do Interferon no combate à doença pode ser mais complexo do que se imagina: se ele ajuda o organismo a combater a infecção, também parece indicar ao vírus quais células ele deve atacar. “Só saberemos através de ensaios clínicos controlados”, diz Shalek.

Fontes: MIT News

Fonte: Tecmundo

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