quarta-feira, 15 de abril de 2020

Por que as TVs 3D deram errado?

Por que as TVs 3D deram errado?

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Se você for comprar uma nova TV hoje, vai ver uma série de recursos nas propagandas. A resolução, o contraste, o sistema operacional, o material da tela, a espessura do aparelho, o uso de inteligência artificial. Mas tem uma coisa que você não vê mais: o 3D.
Conteúdos com efeitos em três dimensões ganharam o cinema em mais uma onda de popularidade e isso tentou ser levado pros televisores, mas o negócio não vingou. Mas como foi esse auge? E como aconteceu a queda? Afinal, por que isso deu errado?

Tecnologia antiga
Pra começar, o 3D não é uma tecnologia recente, nem de longe. O Estereoscópio, que é o equipamento que permite a visualização de imagens que dão a impressão de três dimensões foi inventado em 1838, pelo físico sir Charles Weastone. De um efeito engraçadinho em fotografias, ele com o tempo passou a ser usado como brinquedo, como no caso do View Master, que hoje pertence à Mattel. E logo os efeitos foram para o cinema, sendo que a primeira exibição ao público de algo parecido foi em 1922¹.
A partir daí, o 3D no cinema teve vários auges, nos anos 1950 e depois anos 80, especialmente em filmes de terror, como Sexta-Feira 13 e Tubarão. O desenvolvimento da tecnologia IMAX ajudou no retorno desses efeitos, que duram até hoje.
Só que a nova moda se firmou mesmo por volta de 2010 e tem um grande culpado: Avatar. O filme de aventura e fantasia de James Cameron saiu no ano anterior e foi um fenômeno nas bilheterias, antes do início da febre dos filmes de herói de Marvel e DC, e se tornou na época o longa-metragem que mais arrecadou dinheiro de ingressos. E um dos motivos era bem claro: a curiosidade do público em ver os efeitos em 3D cuidadosamente planejados pelo diretor. E claro que o ingresso um pouco mais caro também ajudava.
No mesmo ano, a Coreia do Sul se empolgou e já lançou um canal de TV com programação no formato, o SKY 3D. E em 2011 a febre começou rápido, com modelos de LED e Plasma cada vez maiores. Eles não eram muito baratos, mas a curiosidade e o “fator novidade” fizeram as vendas responderem bem.

Como funciona a tecnologia em TVs 3D?
O funcionamento da tecnologia nas TVs 3D é bem simples: elas enganam o seu cérebro de uma maneira bem inteligente. Primeiro, a gente precisa lembrar que imagens em três dimensões são exibidas em dois "pedaços": parte delas no olho esquerdo e outra no direito. A partir dos óculos 3D, que são obrigatórios pra ver o conteúdo, a sua visão é "corrigida", desembaralhada, mas isso tem como resultado o efeito que dá a sensação de que alguns objetos estão mais próximos de você, como se tivessem saltado do painel pra sua sala.
Existem dois formatos da tecnologia: o 3D passivo, que é aquele dos óculos de papel mais simples com lentes de cores diferentes; e o 3D ativo, com óculos movidos a bateria fazendo em tempo real o trabalho de bloquear uma lente por vez em sincronia com a TV, gerando essa ilusão. Essa é uma estratégia diferente da que a Nintendo adotou com o portátil 3DS, que usa a chamada barreira de paralaxe. Mas isso é assunto para outro texto.
Fabricantes como a Toshiba pesquisaram por anos como fazer uma TV 3D sem óculos que realmente funcionasse bem, mas todos os modelos tinham problemas e exigiam que você ficasse paradinho pra não estragar a experiência. Pode parecer meio óbvio, mas vale lembrar que nem todo conteúdo exibido na tela vira 3D: ele precisa ter sido filmado ou convertido pra ter esse efeito, e alguns ficam muito melhores do que os outros.
TV 3D
Óculos especiais usados com TV 3D

A ascensão e a queda
Só que a empolgação durou menos de três anos. Por volta de 2014, as TVs que ainda suportavam a tecnologia já não colocavam essa função como um dos destaques e as feiras de tecnologia, como a CES, já não tinham muito espaço reservado por 3D. E olha que uma parcela boa do mercado ainda era de aparelhos que rodavam essa tecnologia. Segundo dados do NPD Group, as TV 3D tinham 8% do mercado nos EUA em 2016, contra 23% da fatia no mesmo setor em 2012.
Em 2016, uma das líderes do mercado de Smart TVs, a Samsung, não mostrou mais modelos com suporte a imagens que saltavam na tela. Outras grandes marcas seguiram, como Sharp e TCL. Aí em 2017, veio o último golpe: Sony e LG, que eram a resistência dessa forma de conteúdo, começaram o ano na CES sem levar modelos 3D. Isso significava que as fabricantes perceberam a falta de interesse do público e o mau negócio que era insistir nesse setor. Pouco a pouco, a tecnologia foi abandonada e hoje só comprando modelos desse período mesmo.

Mas por que isso deu errado?
Bom, vamos listar os motivos. Pra começar, o cinema 3D já se bastava. Aliás, nem mesmo o cinema 3D é uma unanimidade, e muita gente prefere ver até os blockbusters na boa e velha telona 2D. Muitos consumidores ainda sentiam os efeitos do bug no cérebro, ficando com dores de cabeça ou sensações que lembram a motion sickness causadas pela realidade virtual. Só que dá pra ir um pouco mais fundo: o público não queria levar essa experiência de 3D pro conforto do seu lar. Ali, boa parte do consumidor não precisava disso: quer só uma televisão com imagem boa e conteúdo variado.
Além disso, tem o velho problema da falta de oferta de conteúdos. Pois é, a gente teve filmes em Blu-Ray, emissoras e até jogos em 3D, mas isso não foi adotado de forma massiva e não compensava o investimento. Alguns eventos esportivos eram outra forma de convencer o público e isso começou com a Copa do Mundo de 2010 na Àfrica do Sul, mas também era limitado. Sem contar que pra mídias físicas você precisava de um Blu-Ray que lesse a tecnologia 3D, além do televisor, e isso também restringia o consumidor. Star Wars: O Despertar da Força chegou a ter um BluRay em 3D em 2016, mas já era tarde demais.

E tem outro motivo que é bem positivo pra indústria: o 3D foi deixado de lado pra que outras tecnologias ocupassem o tempo e a verba das fabricantes. Tão nessa lista aí o HDR, por exemplo, e resoluções cada vez maiores, como o 8K, que até já ganhou vídeo por aqui.
E aí, você gostava das TVs 3d? ou achava uma tecnologia dispensável e que não era bem utilizada nesses aparelhos? E o cinema 3D é uma boa ideia? Qual vai ser a próxima tecnologia abandonada pelas fabricantes?
¹Colorido e com duração de longa-metragem, "Bwana, O Demônio" (1952) é considerado o pioneiro do primeiro auge do cinema 3D.

Fonte: Tecmundo

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