23.06.2020
Primeiro um arranhão na garganta, depois tosse e um pouco de febre.
Com ou sem sintomas, todos gostariam de saber se já foram infectados
pelo coronavírus Sars-Cov-2.
Sabe-se que a infecção não vem
necessariamente acompanhada de sintomas específicos da covid-19, mas o
vírus seria, mesmo em assintomáticos, detectável no sangue. Pelo menos é
o que a ciência acredita. Isso também significaria que pessoas que já
foram infectadas não podem contrair o vírus novamente e não infectam
mais outras pessoas, estando, portanto, imunes.
O corpo humano é
um sistema inteligente: anticorpos formam nosso sistema imunológico para
combater patógenos. Eles podem ser detectados no sangue após se ter
passado por uma enfermidade. Dependendo do caso, o paciente pode vir a
desenvolver imunidade àquele patógeno e não mais contraí-lo.
Cientistas
buscam entender se essa relação se aplica à covid-19: se anticorpos
puderem ser detectados com segurança em pessoas que contraíram o vírus e
se recuperaram, isso trará mais informações sobre a doença
respiratória.
Imune ou não?
O teste de
anticorpos é atualmente o método usado para determinar quantas pessoas
foram realmente infectadas pelo coronavírus. Imune ou não? Infeccioso ou
não? Um estudo da Universidade de Lübeck, na Alemanha, abordou essas
questões, entre outros pontos.
A maioria dos participantes da
pesquisa teve infecções leves ou moderadas. Em aproximadamente
25% deles, os cientistas não conseguiram encontrar anticorpos
significativos contra o coronavírus, apesar de os pacientes terem
apresentado sintomas.
Entre pacientes assintomáticos, altos
níveis de anticorpos foram encontrados em apenas 20%. Além da questão da
imunidade, isso também levanta a questão sobre como essa cifra
enigmática pode ser determinada.
A confiabilidade dos testes de anticorpos
Até
agora, um período de cerca de quatro semanas foi considerado suficiente
para obter resultados confiáveis dos testes de anticorpos. Os
anticorpos ou imunoglobulinas precisam de certo tempo para
ser detectados. Mas o período exato varia de indivíduo para indivíduo.
Algumas
pessoas exibem anticorpos após um curto período, outras somente após
várias semanas, e outras não parecem sequer produzir anticorpos, apesar
de terem comprovadamente contraído o coronavírus. Portanto, trata-se de
uma situação pouco clara.
Falsos positivos
No estudo da Universidade de Lübeck, os cientistas mediram repetidamente o nível de anticorpos no sangue de pacientes em intervalos de várias semanas. O quadro resultante mostrou-se mais diferenciado do que no caso de medições pontuais e em larga escala.
Mas qualquer tipo de teste de anticorpos também pode levar a erros perigosos de avaliação, alertaram em comunicado Hannes Blankenfeld e Michael Koch, da Sociedade Alemã de Clínica Geral e Medicina da Família (Degam, na sigla em alemão), bem como a presidente da Sociedade Alemã de Epidemiologia (DGEpi), Eva Grill.
Se muitos testes de anticorpos são realizados, resultados estatísticos importantes podem ser derivados deles. Mas para pessoas individuais, isso pode ser até perigoso, por exemplo, se os testes fornecerem resultados falsos e pessoas que receberam resultado positivo para a presença de anticorpos acreditarem que estão imunes a novas infecções e não são mais infecciosas.
Tais resultados falsos positivos podem ser enganosos e levar a uma abordagem descuidada da covid-19.
Estudo chinês
Também na China, as pesquisas sobre testes de anticorpos estão a todo vapor. Recentemente, cientistas publicaram um estudo na revista especializada Nature Medicine que examina quanto tempo podem durar no sangue os anticorpos contra a covid-19.
Os pesquisadores chineses examinaram um grupo de pessoas infectadas pelo coronavírus assintomáticas, comparando-as com outras que apresentaram sintomas. O resultado: a resposta imunológica do grupo assintomático foi mais fraca do que aquela de pessoas com sintomas, que apresentaram um nível mais alto de anticorpos.
No entanto, o nível de anticorpos da maioria das pessoas infectadas mostrou uma diminuição significativa de dois a três meses após a infecção.
Após um período de cerca de três meses, o nível de anticorpos era quase indetectável em pessoas que não apresentaram sintomas.
A questão em torno da imunidade ainda não foi resolvida. Também continua um mistério quantos anticorpos precisam ser detectáveis no sangue para que uma pessoa não possa mais ser infectada novamente ou infectar outras pessoas.
Fonte: DW
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