segunda-feira, 29 de março de 2021

EUA já cogitaram criar alternativa ao Canal de Suez com bombas nucleares

EUA já cogitaram criar alternativa ao Canal de Suez com bombas nucleares

Memorando de 1963 traz detalhes sobre o plano de criar uma rota de navegação que passaria pelo deserto de Israel. Projeto foi abandonado

Rodrigo Loureiro
28/03/2021

Canal de Suez: rota concentra 10% da economia global (Tim Martin/Getty Images)

O bloqueio do Canal de Suez – que gera prejuízos bilionários para a economia global – trouxe novamente à tona um plano que o governo americano tinha - e que foi abandonado - para criar uma alternativa para a rota da navegação. Um memorando de 1963 resgata a história que envolvia escavar um novo canal em Israel com o uso de mais de 500 bombas nucleares.

Desclassificado em 1996, o memorando foi produzido pelo Laboratório Nacional Livermore, órgão que pertencia ao Departamento de Energia dos Estados Unidos. O documento foi resgatado pelo historiador Alex Wellerstein, que usou o Twitter para expor detalhes do plano americano.

Um dos trechos do documento informa que o novo canal, que conectaria o Mediterrâneo ao Golfo de Aqaba, abrindo acesso ao Mar Vermelho e ao Oceano Índico, “seria uma alternativa estrategicamente valiosa ao atual Canal de Suez e provavelmente contribuiria muito para o desenvolvimento econômico".

O estudo foi produzido enquanto Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos investigava o uso de "explosões nucleares pacíficas" como forma de desenterrar infraestrutura que pudesse a ser útil, conforme lembra uma reportagem da Forbes.

O plano consistia no uso de 2 megatoneladas de explosivos nucleares para cada uma das 160 milhas de extensão que o canal teria. Nos cálculos de Wellerstein, isso significa o uso de 520 bombas nucleares ou 1,04 gigatonelada de explosivos.

Mas por que não escavar de maneira convencional? Uma questão de economia. A escavação de um canal pela região de Israel com métodos tradicionais seria muito cara. Na época, o laboratório atestou, por meio de uma investigação preliminar, que havia 130 milhas de “terreno baldio praticamente despovoado e, portanto, passíveis de métodos de escavação nuclear”.

O maior problema, segundo o próprio documento, seria a viabilidade política do projeto. Um dos trechos do memorando cita que “é provável que os países árabes que cercam Israel objetariam fortemente à construção de tal canal”.

O projeto permaneceu em caráter experimental e nunca foi pra frente, principalmente após novas descobertas dos efeitos nucleares após as explosões.

Fonte: EXAME

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