quarta-feira, 31 de julho de 2019

Artista cria flores robóticas para ajudar as abelhas; confira o vídeo

Artista cria flores robóticas para ajudar as abelhas; confira o vídeo

Redação Olhar Digital  
31/07/2019 12h45



Michael Candy quer tornar o ambiente mais seguro para que abelhas coletem pólen e néctar








Polinizador Sintético

Para aqueles que ainda não assistiram "Bee Movie", um resumo do filme: as abelhas são muito importantes para o funcionamento de todo ecossistema. O artista australiano Michael Candy sabe bem disso e, por isso, propôs um método de polinização mais seguro para as abelhas.

"As abelhas são uma parte vital do nosso ecossistema, eu sinto que todo mundo precisa tomar um tempo para conhecer esses trabalhadores que mantêm as nossas plantas e culturas polinizadas", disse Candy. Ele criou o "Polinizador Sintético": um sistema de "flores" robóticas equipadas com néctar e pólen. O dispositivo foi produzido por uma impressora 3D e deve ser instalado ao lado de plantas reais para funcionar.
"Levou vários anos para convencer as abelhas a pousar nos polinizadores sintéticos", explicou o artista. "A cor e a forma da unidade são importantes para a atração, já que as abelhas têm várias maneiras de identificar as plantas".
Candy criou uma complexa rede de tubos responsável por levar uma solução artificial de néctar até a superfície de suas flores. O polén foi capturado pelo próprio artista com um dispositivo que se encaixa sobre a entrada da colmeia e recolhe as sobras de pólen das patas traseiras das abelhas.
O australiano, porém, não está sozinho na luta pela proteção das abelhas. A designer e pesquisadora Neri Oxman também procurou protege-las com um apiário sintético, enquanto um designer italiano desenvolveu uma colméia que mantém uma temperatura constante e protege do mau tempo.
"É de conhecimento geral que a população de abelhas está sofrendo em todo o mundo devido a pesticidas, mudanças climáticas e ácaros Varroa - para esses problemas, podemos encontrar soluções", explicou Candy.  

Fonte: Dezeen

Fonte: Tecmundo

Inteligência Artificial é capaz de fazer conexões entre obras de arte

Inteligência Artificial é capaz de fazer conexões entre obras de arte



Redação Olhar Digital  
31/07/2019 16h07




Novo algoritmo cria ligações artísticas através da posição dos seres humanos em diferentes pinturas








Identificador de poses

Uma das principais questões para estudiosos do mundo da arte é identificar o quanto de outros artistas uma obra possui. Para isso, eles examinam estilo, conteúdo e gênero da obra e procuram por conexões e influências entre artistas.
Esse trabalho, feito de forma manual, é complexo. Mas Tomas Jenicek e Ondrej Chum, da Universidade Técnica Tcheca, criaram um sistema de visão de máquina para analisar as poses humanas ao longo da história da arte. Ela é capaz de comparar e buscar pinturas que contém pessoas nas mesmas posições.
O método é relativamente simples, ele se baseia nos milhares de arquivos criados por historiadores nos últimos anos e nas coleções digitalizadas dos principais museus e galeria dos mundos. A técnica já revelou semelhanças entre pinturas e artistas desconhecidas até então.
Reprodução
Ao mesmo tempo, pesquisadores do Carnegie Mellon University desenvolveram a OpenPose, um programa de código aberto que detecta a pose de imagens 2D em tempo real.  Jenicek e Chum usam esse software para procurar manualmente poses semelhantes em um banco de dados de imagens.
Segundo eles, o processo automatizado é muito mais rápido “Nosso intuito é mostrar que a comparação de poses humanas vai além de métodos de recuperação de imagens baseados em um conteúdo padrão de um conjunto de dados com anotações manuais”.
Em teste realizado no Web Gallery of Art, que contém 37.000 imagens, o algoritmo identificou milhares de semelhanças que seriam impossíveis de perceber manualmente, de acordo com os pesquisadores.
No entanto, o sistema não é perfeito. Ele também detecta alguns “falsos positivos”, ou seja, obras que aparentemente são semelhantes, mas depois de inspeções visuais detalhadas, são identificadas como distintas.

Fonte: Technology Review

Fonte: Tecmundo

Inteligência Artificial brasileira para encontrar animais perdidos

Inteligência Artificial brasileira para encontrar animais perdidos


Redação Olhar Digital  
31/07/2019 16h55



Serviço já funciona em Jaguariúna, interior paulista, e a previsão é que chegue em mais dez cidades





Fabio Piva, CEO da SciPet
Pesquisadores da SciPet, empresa que nasceu no Instituto de Computação (IC) da Unicamp, desenvolveram um sistema para gestão animais de estimação a partir de uma plataforma colaborativa que usa inteligência artificial. Batizada de CrowdPet, seu objetivo é auxiliar na busca de animais perdidos em espaços compartilhados com humanos. 
O funcionamento do CrowdPet é simples. Os usuários inserem as informações sobre os animais (foto e características gerais) numa plataforma colaborativa, formando um cadastro geral de pets. O reconhecimento de animais perdidos se dá por meio de inteligência artificial, cruzando as imagens do amigo perdido com os dados inseridos na plataforma. 

Os planos para o desenvolvimento e popularização desse sistema possuem três etapas. 'Lançamos esse primeiro módulo da plataforma, que chamamos de 'registro animal' e é voltado para utilização em prefeituras. É uma versão disponível para os agentes de bem-estar animal e de saúde. Com a tecnologia, todo animal que passa por essas clínicas, que têm um grande fluxo, é registrado no sistema por um agente', aponta Fabio Piva, CEO da SciPet. 'Depois, temos o módulo da identificação do animal, que ainda está em testes. E, por último, lançaremos o aplicativo para a população que servirá como uma rede social para os animais', completa.
A CrowdPet funciona na cidade de Jaguariúna, interior do estado de São Paulo, desde setembro de 2018. No entanto, os cadastros de animais só podem ser feitos por funcionários da prefeitura que atuem em áreas relacionadas ao bem-estar e à saúde animal. A previsão é que a solução seja adotada por mais dez novas cidades ainda neste ano. 

Via: Jornal da Unicamp

Fonte: OlharDigital

Medo de robôs gera cautela em relação à inteligência artificial

Medo de robôs gera cautela em relação à inteligência artificial


Pesquisa realizada pela empresa americana 3M revela temor em relação ao avanço da tecnologia no mercado de trabalho


Robôs digitando em computadores


São Paulo – Em sua segunda edição, um estudo realizado pela empresa americana 3M revelou que o medo de robôs tomarem o emprego dos humanos é uma das principais preocupações em relação aos avanços da sociedade no campo científico, principalmente em relação à inteligência artificial.
Com entrevistas com 14 mil pessoas de 14 países, o Índice Anual do Estado da Ciência mostra que 62% dos entrevistados disseram sentir medo do avanço dos robôs no ambiente de trabalho. Além disso, 52% dos entrevistados, um carro comum seria preferível em relação a um automóvel autônomo, enquanto um percentual de 71% optaria por um assistente pessoal humano em relação a um virtual.
O medo de perder o emprego para um funcionário munido de inteligência artificial também contribuiu para que 63% dos brasileiros se arrependessem de não terem seguido uma carreira na área de ciência ou tecnologia, como uma formação em matemática ou engenharia, por exemplo.
Apesar dos receios, o brasileiro está mais ciente em relação aos temas ligados com ciência e tecnologia. O percentual de pessoas que disseram “não saber nada sobre ciência” caiu de 22% para 18% entre 2018 e 2019. Já o percentual de entrevistados que considerava a ciência “entediante” também reduziu, passando de 26% para 19%.

Fonte: EXAME

Como a Nasa impede que seus astronautas enlouqueçam

Como a Nasa impede que seus astronautas enlouqueçam


Agência espacial americana aposta em rigoroso processo de seleção e no lazer dos tripulantes espaciais





São Paulo – Ir para o espaço está longe de ser considerada uma viagem prazerosa. Principalmente do ponto de vista  psicológico. O isolamento e os perigos da jornada geram um alto grau de estresse nos tripulantes de espaçonaves enviadas à órbita. A Nasa, agência espacial americana, sabe disso. E realiza um árduo trabalho para impedir que seus astronautas surtem, tanto no espaço como quando estão de volta ao solo terrestre.
Os fatores negativos são vários e vão desde alterações físicas e problemas corporais por permanecerem durante longos períodos em um ambiente sem gravidade até a possibilidade de conflitos entre os tripulantes e problemas de comunicação com astronautas que não falam o mesmo idioma fluentemente. Além disso, há ainda a necessidade da realização de trabalhos diários de manutenção na espaçonave.
Imagine, agora, lidar com esses problemas durante uma trajeto com duração de mais de dois anos. Este seria o tempo aproximado que levaria para ida da Terra até Marte – o que não deve acontecer por pelo menos uma década.
Por isso, o processo de seleção é quase brutal. Entre mais de 18 mil candidatos, um grupo de apenas 60 pessoas é selecionado com potencial de embarcar em uma viagem para fora da Terra. Para realizar o corte são avaliados fatores como habilidades de viver e trabalhar em equipe, perfil de liderança, grau de motivação, convívio em ambientes estressantes, entre outros.
A maior parte dos candidatos já é pré-selecionada a partir de seus trabalhos anteriores, que incluem profissões como pilotos de caça, outros tipos de militares e até médicos. “Os astronautas já sabem que vão enfrentar desafios estressantes e acham que podem superá-los”, disse Jim Picano, psicólogo operacional da Nasa, em entrevista realizada em janeiro ao site Astronaut.
Depois de selecionados, os potenciais astronautas são submetidos a dezenas de horas de tratamento psiquiátrico e são testados em condições estressantes em solo terrestre e, depois, em órbita.
Mas não é só o treinamento que é capaz de manter lúcido quem viaja para o espaço. Para a Nasa, o contato frequente com parentes e amigos é fundamental. É garantido o acesso às redes sociais, telefones por satélite e videoconferências.
O lazer também não é esquecido com a disponibilização de conteúdo televisivo, incluindo seriados e filmes. Além disso, os astronautas também são encorajados a manterem ou adquirirem passatempos como leitura, fotografia e música. Chris Hadfield, por exemplo, chegou a gravar um divertido clipe musical. Curiosamente, com a música Space Oddity, de David Bowie.
De acordo com dados da própria Nasa computados a partir de 89 missões realizadas entre 1981 e 1998, foram reportados 1,8 mil incidentes médicos envolvendo astronautas americanos. Cerca de 40% de todos os astronautas americanos se queixaram do que foi chamado de Síndrome de Adaptação ao Espaço. Entre os sintomas estão enjoo, dor de cabeça e rigidez facial.
Já 2% dos eventos estavam relacionados com problemas de saúde comportamental, como distúrbios de ansiedade e aborrecimento. Parece pouco, mas não é. Qualquer problema pode custar toda a operação espacial. Foi o que aconteceu em 1976, quando todos os tripulantes da missão Soyuz 21 afirmaram que sentiram odores estranhos dentro da aeronave. De volta à Terra, o cheiro não foi detectado e foi concluído que os astronautas estavam sofrendo de delírios psicológicos.
Em 2007, a astronauta Lisa Nowak foi presa por tentativa de homicídio. Na ocasião, ela dirigiu por mais de 900 quilômetros até o aeroporto de Orlando, nos Estados Unidos, para encontrar para encontrar uma pessoa que seria sua rival em um caso romântico. Na bagagem, um pacote de fraldas de adulto, uma espingarda de chumbinho, uma marreta e uma faca. O tribunal avaliou que Nowak sofria de um distúrbio psicótico e de depressão por conta de uma recente viagem espacial.

Fonte: EXAME

NASA manda à ISS experimento com filtro de barro de alunos brasileiros

NASA manda à ISS experimento com filtro de barro de alunos brasileiros


Imagem de: NASA manda à ISS experimento com filtro de barro de alunos brasileiros

Fonte: NASA/Reprodução

Era início de noite no Brasil no dia 25 quando, a bordo do Falcon 9, subiu rumo à Estação Espacial Internacional (ISS)... Um filtro de barro — ou, pelo menos, um equipamento que trabalha sob os mesmos princípios. A carga, entre tantas da missão CRS-18 da Space X, é preciosa para a NASA, e mais ainda para alunos de Xanxerê, em Santa Catarina, criadores do experimento “Capilaridade x Gravidade no Processo de Filtração”.
O objetivo é testar o mecanismo do filtro de barro brasileiro a bordo do laboratório em órbita, em um ambiente de microgravidade. Considerado o melhor filtro de água do mundo, o modelo brasileiro usa carvão em vez de iodo.
Esse é o segundo projeto do Garatéa-ISS. O primeiro foi criado por alunos paulistas: um “cimento espacial” que usa plástico feito de cana-de-açúcar. Depois de 6 semanas a bordo da ISS, voltou com os resultados sobre como a microgravidade afeta o processo de endurecimento da argamassa especial.
O Brasil no espaço profundo
O Garatéa tem três programas: o Garatéa-ISS (que envia projetos de alunos de escolas públicas e particulares no laboratório orbital),  Garatéa-E (grupo de extensão universitária na USP) e o Garatéa-L, o mais ambicioso de todos.

O Garatéa-L será a primeira missão brasileira em espaço profundo. (Fonte: Garatéa/Divulgação)
O nanossatélite Garatéa-L será a primeira missão brasileira no espaço profundo e a primeira dirigida à Lua. Sua missão de 6 meses será investigar as condições extremas do espaço para a vida. Como a sonda vai ser posta em uma órbita altamente excêntrica, espera-se que ela também faça imagens multiespectrais da bacia de Aiken, no lado afastado da Lua.
O Garatéa-ISS é parte do programa Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), iniciativa americana de enviar amostras de tecnologia estudantil ao espaço para a promoção da ciência, da tecnologia e da educação, e o único projeto vinculado ao SSEP fora da América do Norte.

Cientistas espanhóis criam um ser híbrido de humano e macaco na China

Cientistas espanhóis criam um ser híbrido de humano e macaco na China

Equipe de Juan Carlos Izpisúa injetou células-tronco humanas em embriões de outros animais, numa estratégia que pode resultar na geração de órgãos para transplantes

Um embrião de camundongo com células de rato em seu coração.
Um embrião de camundongo com células de rato em seu coração.Instituto Salk




A equipe do pesquisador Juan Carlos Izpisúa conseguiu criar pela primeira vez uma quimera – um ser híbrido – entre humano e macaco num laboratório da China, dando um importante passo para seu objetivo final de transformar animais de outras espécies em fábricas de órgãos para transplantes, segundo confirma ao EL PAÍS sua colaboradora Estrella Núñez, bióloga e vice-reitora de pesquisa da Universidade Católica de Murcia (UCAM).
As quimeras, segundo a mitologia grega, eram monstros com ventre de cabra e cauda de dragão, capazes de cuspir fogo pelas ventas de sua cabeça de leão. As quimeras científicas são menos grotescas. O grupo de Izpisúa, distribuído entre o Instituto Salk dos EUA e a UCAM, modificou geneticamente os embriões de macaco para desativar genes essenciais na formação de seus órgãos. Em seguida, os cientistas injetaram células humanas capazes de gerar qualquer tipo de tecido. O resultado é uma quimera de macaco com células humanas, que não chegou a nascer, já que os pesquisadores interromperam a gestação. O experimento foi realizado na China para evitar obstáculos legais em outros países.
“Os resultados são muito promissores”, afirma Estrella Núñez. Os autores não deram mais detalhes porque estão à espera de publicá-los em uma prestigiosa revista científica internacional. “Na UCAM e no Instituto Salk já não estamos buscando só avançar e continuar fazendo experimentos com células humanas e de roedores e porcos, mas também com primatas não humanos”, explica Izpisúa, acrescentando que a Espanha é pioneira e líder mundial nesse tipo de pesquisas.
Izpisúa, nascido em Hellín (Albacete, centro-leste da Espanha) em 1960, recorda que sua equipe já fez em 2017 “o primeiro experimento do mundo de quimeras entre humanos e porcos”, embora com menos sucesso. “As células humanas não pegaram. Vimos que contribuíam muito pouco [para o desenvolvimento do embrião]: uma célula humana para cada 100.000 de porco”, explica o veterinário argentino Pablo Ross, pesquisador da Universidade da Califórnia em Davis e coautor daquele experimento.
A equipe de Izpisúa já havia conseguido, porém, criar quimeras entre espécies mais semelhantes entre si, como o camundongo e o rato, cujo grau de semelhança é cinco vezes maior que entre humanos e porcos. Também em 2017, os pesquisadores utilizaram a revolucionária técnica de edição genética CRISPR para desativar genes de embriões de camundongo que são fundamentais para o desenvolvimento do coração, olhos e pâncreas. Então, introduziram células-tronco de rato, capazes de gerar esses órgãos. O resultado foi uma série de embriões-quimera de rato e camundongo, cuja gestação também foi abortada pelos pesquisadores, seguindo o consenso internacional sobre experimentos desse tipo.
O médico Ángel Raya, diretor do Centro de Medicina Regenerativa de Barcelona, recorda as “barreiras éticas” que experiências com quimeras enfrentam. “O que acontece se as células-tronco escapam e formam neurônios humanos no cérebro do animal? Terá consciência? E o que ocorre se estas células pluripotentes se diferenciarem em espermatozoides?”, exemplifica Raya. Estrella Núñez afirma que a equipe de Izpisúa “habilitou mecanismos para que as células humanas se autodestruam caso migrem para o cérebro”.
Juan Carlos Izpisúa, pesquisador do Instituto Salk.
Juan Carlos Izpisúa, pesquisador do Instituto Salk.
Para evitar esses entraves éticos, conforme relata Raya, a comunidade científica tradicionalmente estabeleceu “uma linha vermelha de 14 dias” de gestação, tempo insuficiente para que se desenvolva o sistema nervoso central humano. Antes desses 14 dias, os embriões quiméricos são eliminados. “A gestação não é levada a termo em nenhuma hipótese”, confirma Núñez.
Raya é cético quanto à possibilidade – em todo caso muito longínqua – de transformar animais em chocadeiras de órgãos para os humanos, mas considera que essas pesquisas serão realmente muito úteis para obter modelos nos quais estudar o desenvolvimento embrionário e algumas doenças humanas. “Abre-se uma via de pesquisa, não uma fábrica de órgãos”, opina.
A primeira equipe científica a criar quimeras de rato e camundongo, em 2010, foi a do biólogo japonês Hiromitsu Nakauchi, da Universidade de Stanford (EUA). Em 2017, sua equipe gerou pâncreas de camundongo dentro de ratos e demonstrou que essas células revertiam o diabetes ao serem transplantadas de novo para ratos com essa doença. Nakauchi recorda que os Institutos Nacionais da Saúde dos EUA – principais financiadores da ciência biomédica no mundo – “não apoiam a pesquisa de quimeras humano-animais, mas há outras agências de financiamento, como o Departamento de Defesa e o Instituto de Medicina Regenerativa da Califórnia, que respaldam esses estudos”.
O trabalho de Izpisúa com macacos na China foi em boa parte financiado pela Universidade Católica de Múrcia. São estudos muito caros. "Se juntamos as pesquisas de humano/porco, humano/camundongo e humano/macaco, são muitas centenas de milhares de euros", calcula a vice-reitora de Pesquisa da UCAM.
Izpisúa fez em 2017 o primeiro experimento de quimeras do mundo entre humanos e porcos
Na Espanha, este tipo de ensaio é muito restrito e limitado apenas a investigações de doenças fatais. "Estamos fazendo experimentos com macacos na China porque, em princípio, eles não podem ser feitos aqui", reconhece Nuñez, que não dá importância ao fato de sua universidade ser católica. “O que queremos é progredir para o benefício das pessoas que têm uma doença. Pedimos nossas permissões e está dentro da nossa ética”, enfatiza a bióloga.
“Se a natureza sabe como fazer certas coisas, por que temos que fazê-las em uma placa de laboratório? É muito mais difícil reproduzir um organoide em uma placa do que induzir que a natureza fabrique um órgão onde sempre o está fabricando”, reflete.
Núñez está ciente das dificuldades. Como observa Ángel Raya, o pâncreas de camundongos gerados dentro de ratos ainda tem células dos próprios ratos em estruturas como os vasos sanguíneos, um possível motivo para a rejeição em caso de transplante. “O objetivo final seria obter um órgão humano que possa ser transplantado, mas, para os cientistas que vivem este momento, o caminho em si é quase o mais interessante. É nessas experiências que você realmente aprende a biologia do desenvolvimento do que você está estudando. Estou praticamente consciente de que não chegarei a ver isso, mas, para chegar a esse ponto [a fabricação de órgãos humanos em animais], devemos necessariamente passar por este”, diz a vice-reitora de Pesquisa da UCAM.
Os experimentos com quimeras trazem o risco de que se formem neurônios humanos no cérebro dos animais
“A ciência não é algo em que se possa colocar portas. Os caminhos da ciência levam a ramificações que você nunca teria imaginado. Apesar de que talvez não consigamos chegar a obter órgãos para transplantes, se não passássemos por aqui não haveria um avanço na ciência”, diz.
Outros cientistas, como o químico Marc Güell, estão explorando outras vias, com um objetivo semelhante: resolver a escassez de órgãos transplantáveis. Quase todos os mamíferos têm no seu DNA vírus que passam de pais para filhos. No caso dos porcos, estes vírus incorporados ao genoma podem infectar células humanas. Quatro anos atrás, quando estava na Universidade Harvard, Güell ajudou a inativar esses vírus incrustados no DNA graças à ferramenta de edição genética CRISPR.
"Humanizamos o porco por meio da engenharia genética", explica o químico, que lembra que no ano passado uma equipe da Universidade de Munique conseguiu que dois macacos sobrevivessem por mais de seis meses com corações de porcos transplantados. "Não vejo por que não seja possível fazer engenharia para tornar mais compatível o desenvolvimento de tecidos humanos em porcos", argumenta o pesquisador, hoje na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
“O que queremos é progredir em prol do benefício das pessoas que têm uma doença", afirma a bióloga Estrella Núñez
O próprio Izpisúa convidou a abrir a mente em uma entrevista a este jornal em 2017: “A história nos mostra repetidas vezes que, com o tempo, nossos parâmetros éticos e morais mudam e se transformam, como o nosso DNA, e o que ontem era eticamente inaceitável, se isso realmente significar um avanço para o progresso da humanidade, hoje já é parte essencial de nossas vidas”.

“Com o tempo precisaremos levar as gestações a termo”
O biólogo japonês Hiromitsu Nakauchi, pioneiro em 2010 da geração de quimeras entre camundongo e rato, acredita que em algum momento teremos que pular as linhas vermelhas que existiram até agora, como a interrupção da gravidez. “Até agora, as células humanas não sobreviveram em embriões de animais. No entanto, o objetivo de nossa pesquisa é fazer com que células humanas sobrevivam e contribuam para a formação de quimeras. Portanto, com o tempo precisaremos levar as gestações a termo”, diz Nakauchi, que tem um pé em Stanford e outro na Universidade de Tóquio.
Em março, o Japão mudou a lei que proibia esse tipo de experimentos para além do 14º dia de gestação e que também vetava a transferência de embriões para o útero de uma fêmea animal, de acordo com a revista científica Nature. A mudança de critérios do Governo japonês significa dar luz verde ao nascimento de animais com células humanas.

Fonte: El País

Os animais não conseguem acompanhar o ritmo das mudanças climáticas

Os animais não conseguem acompanhar o ritmo das mudanças climáticas

Dezenas de espécies estão tentando adaptar-se, mas os primeiros dados indicam que em poucas há respostas

O autillo (na foto, o mocho galego) está entre as aves que anteciparam a colocação dos ovos por causa da mudança.
O autillo (na foto, o mocho galego) está entre as aves que anteciparam a colocação dos ovos por causa da mudança.Imran Shah




As mudanças climáticas estão indo depressa demais para os seres vivos. As tentativas de adaptação ocorrem em todas as espécies: com o aumento da temperatura, há árvores que estão ocupando regiões cada vez mais para o norte ou subindo cotas mais altas nas montanhas. Muitas aves estão antecipando suas migrações e os peixes estão se deslocando para o norte. Os poucos estudos suficientemente longevos existentes mostram que poucas espécies tiram proveito do aquecimento global.
Um grupo de pesquisadores, incluindo vários espanhóis, revisou as publicações científicas que estudaram a resposta de diferentes animais ao aumento de temperatura provocado pelas mudanças climáticas em curso. Encontraram quase 5.000 estudos com dados de mais de 1.400 espécies nos quais observaram a conexão entre a evolução da temperatura e mudanças em certas características ou padrões de comportamento de diferentes animais, como a antecipação do período de reprodução ou das migrações.
"Com este banco de dados podemos dizer como a temperatura afetou as características. Por exemplo, mostramos que, ao longo de muitos táxons [um táxon é um grupo de organismos aparentados, que em uma determinada classificação foram agrupados, atribuindo ao grupo um nome em latim, uma descrição, se for uma espécie, e um tipo], o ritmo dos diversos eventos biológicos foi sendo antecipado à medida que as temperaturas subiram nas últimas décadas", explica a pesquisadora do Instituto Leibniz em um e-mail para a pesquisa da Vida Silvestre e Zoológica (IZW, com sede em Berlim) e principal autora do estudo, Viktoriia Radchuk. "Mas este conjunto de dados não poderia nos dizer nada sobre se essas respostas das espécies são adaptativas, isto é, se elas se traduzem em alguma vantagem de adaptação, como um maior número de descendentes", acrescenta.
Para determinar se uma mudança é adaptativa ou não é necessário trabalhar durante décadas com as mesmas populações. Portanto, quase não existem estudos que respondam a esta última questão. Só foram encontrados 71 trabalhos sobre menos de vinte espécies, principalmente aves. Pesquisadores espanhóis da Estação Experimental de Zonas Áridas (EEZA-CSIC) contribuíram com suas pesquisas com três dessas espécies: o rolieiro (Coracias garrulus), o autillo (Otus scops) e a pega-rabuda (Pica pica) na área de Guadix-Baza, no interior de Granada.
"A primeira coisa que constatamos em nossa zona de estudo é que a temperatura não aumentou de modo significativo durante os anos em que estudamos essas espécies", diz o pesquisador da EEZA, Jesús Miguel Avilés. "No entanto, observamos que os rolieiros e os autillos anteciparam sua data de postura, a cada ano põem ovos antes, mas isso não acontece com as pegas-rabudas, que não modificaram sua fenologia nos últimos anos", acrescenta. Esta mudança da data de postura não traz benefícios para os autillos, porque não têm mais descendentes quando se reproduzem mais cedo, mas o rolieiro, sim, tem mais filhotes quando antecipa a reprodução.
Muitas espécies anteciparam o fim da hibernação, das migrações ou da época da reprodução
O estudo, publicado na Nature Communications, não encontrou confirmação de que as espécies estejam passando por mudanças morfológicas por causa da pressão seletiva do aumento da temperatura. Mas, sim, mudanças fenológicas, adaptações de padrões de comportamento de seu ciclo de vida, em geral na forma de antecipação das etapas desse ciclo, como o fim da hibernação ou o início do período de acasalamento e reprodução. Essas adaptações, porém, não seguem o ritmo das mudanças climáticas.
Para saber se há resposta adaptativa às mudanças do clima é preciso analisar as populações durante muitas gerações, como o estudo que já dura 54 anos das gaivotas-de-bico-vermelho da península de Kaikoura, na Nova Zelândia.
Para saber se há resposta adaptativa às mudanças do clima é preciso analisar as populações durante muitas gerações, como o estudo que já dura 54 anos das gaivotas-de-bico-vermelho da península de Kaikoura, na Nova Zelândia.
"Vemos que algumas populações mudam bem devagar, por isso enfrentam o risco de extinção em um espaço de tempo relativamente curto", diz em um email o biólogo evolucionista da IZW, e coautor do estudo, Alexandre Courtiol.
Ainda mais preocupante é o fato de que os dados disponíveis se referem a espécies relativamente comuns e abundantes, como o chapim-real, a corça e a pega-rabuda, que estão lidando melhor com o impacto climático. "As respostas adaptativas entre as espécies mais raras ou ameaçadas ainda precisam ser investigadas", diz Stephanie Kramer-Schadt, também da IZW, e acrescenta: "Tememos que as previsões de manutenção das populações dessas espécies-chave para a conservação sejam ainda mais pessimistas.”

Fonte: El País

O controverso programa do MEC para salvar as universidades federais

O controverso programa do MEC para salvar as universidades federais


Com Fundo Soberano do Conhecimento previsto no programa Future-se, ministério espera arrecadar R$ 100 bilhões com verbas privadas. Reitores criticam falta de diálogo, e especialista vê ameaça à produção científica.

João Soares  
31.07.2019 


Protesto contra cortes de verbas da educação na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, em maio de 2019 Protesto contra cortes de verbas da educação na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, em maio de 2019

Após a forte reação ao anúncio de contingenciamento de verbas das universidades e institutos federais, no final de abril, o Ministério da Educação (MEC) apresentou, no último dia 17 de julho, o "Future-se", programa destinado a impulsionar a participação da iniciativa privada na gestão de instituições de ensino superior. Entre promessas de sanar a grave crise orçamentária do setor e acusações de privatização do ensino e inconstitucionalidade, o MEC se vê no centro de uma nova polêmica.
O rascunho do Projeto de Lei (PL) que prevê a criação do Future-se propõe a mudança de 17 leis em vigor. Além de alterações substantivas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), marco legal da educação superior, e o Plano de Carreiras e Cargos do Magistério Federal, o PL perpassa legislações das áreas de ciência e tecnologia, cultura, tributação e saúde – esta última, no âmbito dos hospitais universitários.
A amplitude da proposta do MEC reflete o desejo de uma modificação radical na estrutura administrativa das instituições federais. Embora tenha sido aberto um prazo de consulta pública do programa, que vai até 15 de agosto, as administrações das universidades e institutos federais queixam-se por terem sido pegas de surpresa com o anúncio do programa.
Em nota conjunta, reitores de universidades e institutos federais de educação do Rio de Janeiro afirmam não terem sido convocados para contribuir com a formulação do programa, embora reconheçam a necessidade de discutir alternativas para a crise orçamentária do setor, agravada pela Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o congelamento do investimento público por 20 anos.
"A proposta foi elaborada em contexto de grave restrição orçamentária das instituições federais de ensino, que correm risco real de interrupção das atividades acadêmicas neste segundo semestre de 2019. É, portanto, fundamental discutir profundamente o modelo de financiamento do ensino superior", diz o trecho de uma nota conjunta elaborada por reitores das universidades e institutos federais do Rio de Janeiro.

Parcerias
O Future-se prevê a implementação de diversas iniciativas que estimulam parcerias com o capital privado para a ampliação de receitas e criação de ambientes favoráveis aos negócios, abrigadas no eixo de "gestão, governança e empreendedorismo".
Entre algumas das novas fontes de verbas sugeridas estão a gestão de imóveis das instituições, a internacionalização, o registro de patentes, a cessão de naming rights – direitos do nome – de prédios e campi, além da captação de recursos por meio de leis de incentivos fiscais na área cultural.
Uma das principais novidades anunciadas pelo programa é a criação de um Fundo Soberano do Conhecimento, que pode contar com um aporte inicial de até 50 bilhões de reais do governo federal. Com a participação de investidores privados, o governo espera que a arrecadação ultrapasse os 100 bilhões de reais.
O MEC também propõe a criação de um sistema de premiação para professores que publicarem em periódicos científicos, além de estabelecer a possibilidade de estabelecerem sociedade com propósitos específicos, explorarem patentes e ainda serem fundadores ou sócios de startups dentro das universidades.
"Estamos tornando o cargo de professor universitário o melhor cargo do Brasil, porque além de ele ter o seu salário garantido, tudo o que ele conseguir captar será dele", declarou o secretário de Educação Superior, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior.
Após aventar a possibilidade de contratação de professores via CLT, ao contrário do ingresso via concurso público adotado nas instituições hoje, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou atrás e afirmou que o novo regime só valeria para docentes renomados de universidades estrangeiras, sem esclarecer como seria mantido o princípio da impessoalidade no processo.
Pelo desenho do projeto apresentado pelo MEC, a adesão ao Future-se aconteceria de forma voluntária por cada instituição federal. O pré-requisito é a transferência da gestão para organizações sociais, as OSs. Esse modelo de gestão já vem sendo adotado na gestão dos hospitais universitários, com o estabelecimento de contratos de gestão.

Riscos
No entendimento de segmentos expressivos do meio acadêmico, essa proposta fere o princípio da autonomia universitária, prevista no artigo 207 da Constituição Federal. Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação desde 2006, acredita que o modelo terá impactos graves sobre a produção científica, que já convive com recursos escassos.
"Em todos os países desenvolvidos do mundo, a pesquisa e as próprias universidades são fortemente sustentadas pelo Estado. Isso porque o desenvolvimento das economias passa ao largo dos interesses do mercado, que deseja atender aos desejos mais imediatos de seus agentes econômico", pontua.
Cara lembra que mesmo nos Estados Unidos, boa parte do ensino é subsidiada pelo Estado, especialmente a pesquisa. E afirma, ainda, que a estrutura americana não pode servir de referência para o Brasil, uma vez que, aqui, as universidades públicas devem ser instrumentos de democratização do acesso ao ensino superior.
"Trata-se de um país continental extremamente desigual, em que apenas 18% dos jovens entre 18 a 24 anos têm acesso ao ensino superior. Estamos distantes de alcançar o patamar de 33% da população adulta com graduação completa e aquém de países latino-americanos com renda e desenvolvimentos médios inferiores aos do Brasil", argumenta.
Ao enxergarem no Future-se uma ameaça à autonomia universitária, críticos do programa apontam traços de inconstitucionalidade na transferência da gestão para as OSs. No entendimento da advogada constitucionalista Vera Chemin, a acusação é infundada. Entretanto, ela explica que a falta de clareza na interpretação do artigo 207 pela legislação relacionada e também por tribunais superiores dá margem a diferentes apreensões.
"A discussão sobre a autonomia financeira das instituições de ensino público superior vem sendo travada desde o final dos anos 1970. É uma questão complexa do ponto de vista constitucional e jurisprudencial, sobretudo por decisões do STF. Mas especialmente porque embute, infelizmente, o embate ideológico", diz.
Chemin afirma que as leis criadas para regulamentar o artigo 207 são confusas e contraditórias. Porém, lembra que o caráter público das instituições não implica a dependência permanente de recursos provenientes do Estado.
"As instituições de ensino superior federais resistem a conquistar sua autonomia porque estão acostumadas a receber essa verba da União, o que gerou uma acomodação. A partir do momento em que iniciarem um voo próprio, irão tornar-se muito mais eficientes", defende.
Daniel Cara, por sua vez, lembra casos recentes de ondas de demissões de professores em universidades privadas brasileiras, especialmente em São Paulo, motivadas sobretudo por divergências ideológicas. Ele acredita que a entrada das OSs teria o efeito de ferir a liberdade de cátedra dos docentes.
"O efeito para o país será a pressão sobre a produção científica, o que vai levar o país ao obscurantismo. Sabemos que o governo é contra o conhecimento científico. Desmobilizar as universidades federais, responsáveis pela maior capilaridade da ciência, acaba sendo um objetivo muito concreto do bolsonarismo", opina.

Fonte: DW

O que é a síndrome de Kessler e por que ela preocupa a agência espacial russa

O que é a síndrome de Kessler e por que ela preocupa a agência espacial russa



BBC
31/07/2019



Direito de imagem Getty Images
Imagem da Estação Espacial Internacional 
Segundo a agência espacial russa, Roscosmos, a probabilidade de um impacto de lixo contra a Estação Espacial Internacional (ISS) aumentou 5% após teste de armas antissatélite realizado pela Índia

A corrida espacial está longe de acabar e hoje há vários países disputando a supremacia no espaço.
Nos últimos seis meses, ficou claro, pelo noticiário internacional, que as agências espaciais de pelo menos quatro países - Estados Unidos, Rússia, Índia e China - têm planos ambiciosos.
E não é só para a exploração ou viagens a lugares como Marte, Lua, Saturno e Júpiter. O espaço também atrai interesse de um setor bastante poderoso de várias potências: o militar.
O desenvolvimento de armas e tecnologias militares para serem colocadas em órbita geram temores, em particular os testes de armas antissatélite.
Essas armas foram projetadas para desativar ou eliminar satélites para fins militares estratégicos. No entanto, há um efeito colateral para o qual a agência espacial russa, a Roscosmos, alertou na semana passada: aumentarão consideravelmente o lixo que circula na órbita baixa da Terra.


Colisões de lixo espacial
Segundo o diretor do Instituto de Astronomia da Academia Russa de Ciências, Boris Shustov, a quantidade de detritos espaciais pode atingir o limiar da síndrome de Kessler.

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Imagem da órbita baixa da Terra 
Os resíduos gerados pelas colisões podem ser suficientes para tornar a órbita baixa da Terra, onde a Estação Espacial Internacional e milhares de satélites operam atualmente, inutilizáveis
Mas o que é a síndrome de Kessler?
É uma teoria desenvolvida na década de 1970 pelo consultor da Nasa - agência espacial americana - Donald J. Kessler, que supõe que o volume de detritos espaciais na órbita baixa da Terra seria tão alto que objetos como satélites começariam a se chocar com o lixo, produzindo "efeito dominó" - gerando ainda mais lixo.
À medida que o número de satélites em órbita cresce - e os satélites desativados se acumulam - aumenta consideravelmente o risco de colisões previsto na síndrome de Kessler.
A Estação Espacial Internacional e milhares de satélites operam atualmente na órbita baixa da Terra - a uma distância menor de 2 mil km do planeta.

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Dmitri Rogozin e Putin 
O diretor da agência espacial russa Roscosmos, Dmitri Rogozin, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin
Isso poderia ter consequências significativas, como a impossibilidade de voos espaciais, a interrupção das comunicações globais ou o enfraquecimento da inteligência militar.
"Se as coisas continuarem nesse ritmo, todos começarão a disparar e destruir seus satélites, e logo esses fragmentos poderão destruir a Estação Espacial Internacional. Dessa maneira, as coisas não podem continuar", disse o diretor da Roscosmos, Dmitri Rogozin, à agência de notícias Tass na última sexta-feira.
O aviso de Rogozin não é novo. Dois meses atrás, a Rússia alertou que após o teste conduzido pela Índia em março - conhecido como Missão Shakti - a probabilidade de um impacto espacial de lixo contra a Estação Espacial Internacional (ISS) aumentou em 5%.
O teste da Índia - em que foi destruído um satélite a 300 km da Terra - também foi criticado pela Nasa e causou uma discussão global sobre a política espacial.
A Roscosmos disse que quer propor a abertura de discussões envolvendo as potências espaciais para considerar a proibição de testes de armas antissatélite, para não agravar o problema do acúmulo de lixo.

Fonte: BBC

Cidadania e Educação são ministérios mais afetados por novos cortes

Cidadania e Educação são ministérios mais afetados por novos cortes


Decreto definiu distribuição de contingenciamento de R$ 1,44 bi  

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Brasília 
30/07/2019 - 23:50






Os Ministérios da Cidadania, da Educação e da Economia serão as pastas mais afetadas pelo novo contingenciamento (bloqueio de verbas) de R$ 1,443 bilhão anunciado na semana passada. A distribuição dos cortes consta de decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União nesta noite.  

Pela legislação, o governo teria até hoje (30) para editar um decreto definindo os novos limites de gastos por ministérios e órgãos. A pasta mais afetada foi a da Cidadania, que perdeu R$ 619,2 milhões. Em segundo lugar, vem o Ministério da Educação, com R$ 348,5 milhões bloqueados. Em terceiro, está o Ministério da Economia, com R$ 282,6 milhões retidos.

Em quarto lugar na lista, o Ministério do Turismo teve R$ 100 milhões bloqueados. Foram afetados ainda os Ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (-R$ 59,8 milhões); da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (-R$ 54,7 milhões); das Relações Exteriores (-R$ 32,9 milhões) e do Meio Ambiente (-R$ 10,2 milhões).

Em contrapartida, duas pastas tiveram recursos liberados. O Ministério da Infraestrutura teve R$ 60 milhões desbloqueados. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos ganhou R$ 5 milhões. O valor total do contingenciamento não foi alterado. Nesses casos, as demais pastas tiveram recursos adicionais bloqueados para que esses ministérios pudessem ter verbas liberadas.

O decreto distribuiu o contingenciamento adicional de R$ 1,443 bilhão anunciado na semana passada pelo secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. Originalmente, o governo teria de bloquear R$ 2,252 bilhões, mas a equipe econômica usou R$ 809 milhões que restavam de uma reserva de emergência constituída em março para diminuir o valor contingenciado.

O contingenciamento é necessário para que o governo cumpra a meta de déficit primário (resultado negativo desconsiderando os juros da dívida pública) de R$ 139 bilhões estabelecida para este ano. A desaceleração da economia, que reduz o crescimento econômico, faz o governo arrecadar menos que o originalmente planejado, levando a contingenciamentos adicionais. Há 20 dias, a equipe econômica diminuiu de 1,6% para 0,8% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) para este ano.

Fonte: EBC