sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O desafio da economia diante das mudanças climáticas

O desafio da economia diante das mudanças climáticas

Apesar de crescimento econômico ameaçar o clima, ele é necessário, sobretudo em países mais pobres. Perante este impasse, especialistas defendem que o capitalismo passe a priorizar investimentos sustentáveis.

William Noah Glucroft (md)
29.11.2019


Painel solar e área de floresta ao fundo
Painel solar: produção de energia renovável é um dos pontos-chave para uma guinada rumo à economia verde

Em seu romance de ficção científica de 2012 News From Gardenia (Notícias de Gardênia, em tradução livre), o autor Robert Llewellyn observa um mundo que acaba ficando bem. Os seres humanos vivem harmoniosamente com o ambiente natural ao seu redor. O capitalismo de mão pesada parece ter entrado em colapso, substituído por uma troca local de bens e serviços. As comunidades parecem mais saudáveis ​​e felizes, mas é uma catástrofe global inespecífica na história que forçou a mudança.

O arco narrativo é tal que Greta Thunberg também concordaria com ele. O crescimento econômico é um "conto de fadas" que mata o planeta, disse a jovem ativista em setembro. "Desacelerem por opção agora", pediu ela aos líderes da Cúpula da Ação Climática da ONU, "ou as mudanças climáticas nos forçarão a fazê-lo – talvez mais cedo do que mais tarde".

Sublinhando seu ponto de vista, o movimento Greve pelo Futuro (nome internacional: Fridays For Future) de Thunberg convoca um Dia sem Compras nesta sexta-feira (29/11), em plena Black Friday, uma tradição comercial dos EUA que se segue ao Dia de Ação de Graças e dá a largada para a temporada de compras de Natal.

Para a maioria dos economistas, no entanto, uma solução de baixo ou nenhum crescimento para as mudanças climáticas não é algo a ser levado a sério e certamente não pode ser aplicado em escala global. "O campo da Greta é mais um fenômeno econômico avançado", diz à DW Adam Tooze, professor de história da economia na Universidade de Columbia. "Está no domínio da política razoável para economias avançadas dizer que não precisamos de mais crescimento."








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A agricultura e as mudanças climáticas

Ele acrescenta, entretanto, que isso não se aplica às economias mais pobres e em desenvolvimento, que enfrentam uma "genuína escolha difícil" entre atender às "necessidades humanas existenciais" – como água potável, saneamento e assistência médica – e buscar a rápida descarbonização necessária para atender às metas do Acordo de Paris sobre o aquecimento global.

"Isso coloca a maior parte do ônus da descarbonização nos países ricos", frisa Tooze. "Neles, o desafio é menor, mas de modo algum é uma questão fácil em termos de tecnologia e política". Economistas como Tooze defendem, ao invés de uma escolha radical por um não crescimento, puxar as alavancas existentes do capitalismo global para alcançar o crescimento sem pegada de carbono.

Uma dessas alavancas são os bancos centrais, que, segundo Tooze, poderiam projetar políticas monetárias que favoreçam soluções climáticas como energias renováveis, tecnologia de baterias e captura de carbono em larga escala, além de tornar menos atraentes os investimentos sujos.

Com a flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês) de volta à caixa de ferramentas do banco central para estimular as economias estagnadas, Tooze quer que o Banco Central Europeu "se comprometa a comprar tantos títulos verdes quanto puder, sem excluir investidores privados".

"Não há realmente nenhum caso para bancos centrais ou gestores de reservas cambiais estrangeiras ainda continuarem subscrevendo um status quo de combustíveis fósseis, que sabemos que não é sustentável", afirma o especialista.

A ideia causa arrepio a alguns bancos centrais, especialmente ao Bundesbank, o Banco Central alemão, que se opõe à QE de maneira mais ampla e é "muito crítico" à chamada QE verde. "Nossa missão é a estabilidade de preços, e a neutralidade do mercado é fundamental para nossa política monetária", disse o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, no mês passado em Frankfurt.


Capital verde

Em outras palavras, é trabalho dos políticos, não dos bancos centrais, colocar o dedo na balança, despejando trilhões de dólares de capital em prol da desaceleração do aquecimento global.

Outras instituições financeiras são menos nervosas. No início deste mês, o Banco Europeu de Investimento (BEI) anunciou que deixaria de apoiar projetos de combustíveis fósseis até o final de 2021. Isso retiraria de hidrocarbonetos cerca de 2 bilhões de euros em financiamento anual proveniente da União Europeia (EU).

Os analistas de financiamento climático saudaram a decisão do BEI, observando que ainda há muito mais a ser feito. O financiamento climático global total atingiu 612 bilhões de dólares em 2017, um recorde, antes de cair para 546 bilhões de dólares em 2018, de acordo com um relatório anual divulgado neste mês pela Iniciativa de Política Climática (CPI), think tank ambientalista que presta consultoria sobre investimentos verdes.

A entidade calcula que sejam necessários 3,8 trilhões de dólares a cada ano para atingir as metas climáticas de Paris.

Usinas termoelétricas vistas no horizonte, diante do pôr do sol
"Intervenção governamental para deter mudanças climáticas tem que ser muito mais agressiva", alerta especialista

"A verba não basta", diz Barbara Buchner, diretora de finanças climáticas da CPI. "Mas reservar apenas alguns pontos percentuais do investimento total para a ação climática nos levaria muito mais longe."

Buchner quer ver uma "transformação econômica total", que, antes de mais nada, significa acabar com o carvão, eletrificar o transporte, além de produzir e distribuir energia renovável suficiente para assegurar que a eletricidade seja livre de carbono. "A tecnologia existe", diz. "Ou pode existir em breve, caso sejam dados incentivos suficientes para pesquisa e desenvolvimento em larga escala."


Revolução Industrial como exemplo

"Esse tipo de transformação já aconteceu anteriormente", afirma Ashoka Mody, economista da Universidade de Princeton. Ele deposita suas esperanças de crescimento econômico climaticamente neutro em parte, e talvez ironicamente, no ponto de virada histórico que iniciou a mudança climática: a Revolução Industrial. Naquela época, como agora, o sistema econômico global mudou fundamentalmente; e então, como agora, a transição produziu vencedores que lucraram e perdedores que precisaram de compensação.

A comparação de Mody, no entanto, vem com uma ressalva: sem uma ameaça iminente, a revolução industrial do século 19 foi se desenvolvendo à medida que a tecnologia e as práticas de negócios evoluíam. A adoção foi mais orgânica.

O rápido aumento da temperatura global, como previsto no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) de 2018, significa que "não podemos esperar", diz ele. "A intervenção governamental precisa ser muito mais agressiva", alerta.

Embora exista um amplo consenso de que tanto uma taxação séria sobre o carbono quanto uma regulamentação forte são necessárias, Mody defende principalmente a última. "Normas funcionam. Restrições levam à inovação", afirma, citando como exemplo o Clean Water Act (lei da água limpa) de 1972, que forçou a indústria dos EUA a encontrar modos de limitar a poluição da água e continuar lucrativa.

Para Mody, a questão não é se a economia pode crescer, mas como. "Tantas pessoas ainda são desesperadamente pobres", observa. "Em seu nível mais básico, o crescimento econômico é o que permite que as crianças se saiam melhor que seus pais", diz. "Sem crescimento, as pessoas vão perder o incentivo para participar da vida cívica."

Fonte: DW

Protestos pedem mais ações para conter mudanças climáticas

Protestos pedem mais ações para conter mudanças climáticas

Nova mobilização do movimento Greve pelo Futuro reuniu milhares de pessoas em Berlim, Varsóvia, Lisboa, Tóquio e Johanesburgo. Na França, manifestantes tentaram bloquear depósito do site Amazon.

DW
29.11.2019


Deutschland Klimaprotest Fridays for Future in Berlin (Reuters/H. Hanschke)
Milhares de manifestantes se reuniram em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim


Milhares de manifestantes pelo mundo saíram às ruas nesta sexta-feira (29/11) para exigir que líderes políticos adotem medidas concretas para combater o aquecimento global. O movimento ocorre três dias antes do início da Conferência sobre as Mudanças Climática (COP25) em Madri.  A mobilização mundial foi iniciada pelo movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future) e, segundo os organizadores, ocorreu em 2.400 cidades em 157 países.

Na Alemanha, o movimento levou às ruas habitantes de 500 cidades. Os organizadores calcularam que 100 mil pessoas aderiram aos protestos. Dezenas de milhares de estudantes concentraram-se em frente do Portão de Brandemburgo, em Berlim.

Ainda na capital alemã, cerca de duas dúzias de ativistas ambientais saltaram para as águas geladas do rio Spree em frente à sede do Bundestag (Câmara baixa do Parlamento) para protestar contra o pacote climático do governo alemão. Eles afirmaram que o conjunto de medidas não é suficiente para reduzir os gases que provocam o efeito de estufa no país. Parte do pacote foi bloqueado hoje pelo Bundesrat (Câmara alta do parlamento), que representa os 16 estados do país, por divergências sobre quem vai financiar algumas das medidas.

Alguns manifestantes em Berlim pularam nas águas geladas do rio Spree
Alguns manifestantes em Berlim pularam nas águas geladas do rio Spree, em frente à sede do Bundestag


Os primeiros protestos do dia foram registrados na Austrália, onde pessoas afetadas recentemente pelos devastadores incêndios florestais que atingiram o país se juntaram a grupos de ambientalistas para protestar contra o governo, que é acusado de favorecer a energia fóssil.

A jovem ativista Greta Thunberg, que deu início ao movimento em 2018, não participou diretamente hoje. Ela ainda está atravessando o Atlântico num veleiro para participar da Conferência em Madri. A COP25 estava prevista para ocorrer originalmente no Chile, mas foi transferida para a Espanha depois da eclosão de protestos no país sul-americano. Ela esperava chegar a tempo de participar dos protestos em Lisboa, mas a viagem foi atrasada pelo mau tempo no oceano.

À distância, Greta publicou uma mensagem de apoio aos manifestantes. "Todos são necessários. Todos são bem-vindos. Junte-se a nós", escreveu no Twitter.


Outras manifestações foram registradas na Coreia do Sul, na Polônia, na Inglaterra, na Turquia, na Itália, na Espanha, na França e em Portugal. Na África do Sul, manifestantes empunharam cartazes a com frases como "parem a poluição agora" em frente à bolsa de valores Johanesburgo.

Manifestantes em Turim, na Itália, com uma faixa com o slogan: “Não há um planeta B”
Manifestantes em Turim, na Itália, com uma faixa com o slogan: “Não há um planeta B”


No Japão, centenas de pessoas protestaram no distrito de Shinjuku, em Tóquio, para demonstrar seu apoio ao movimento. Em Varsóvia, na Polônia, ativistas, alguns usando máscaras de gás, estenderam faixas com os dizeres: "Salve nosso planeta" e "Polônia sem carvão em 2030".

Já na França, ativistas protestaram em sedes da empresa Amazon para protestar contra o mega evento anual de compras da Black Friday, que foi acusado de agravar o consumismo desenfreado e aumentar a pressão sobre os recursos do planeta.

Algumas dezenas de manifestantes fizeram uma manifestação ao amanhecer em frente a um prédio administrativo da Amazon em Paris, segurando placas como "Não à Amazon e ao seu mundo". Outros ativistas em Lyon foram mais longe e tentaram bloquear o acesso a um centro de logística da empresa nos arredores da cidade. A polícia agarrou e arrastou vários manifestantes para liberar o acesso.

Na Nigéria, vários jovens marcharam em Lagos com mensagens como "Não há Planeta B" e "Parem de negar que a Terra está morrendo" enquanto veículos que passavam buzinavam, em apoio.

Fonte: DW

Dívida verde, da vontade política ao turbilhão dos mercados

Dívida verde, da vontade política ao turbilhão dos mercados


AFP



 
AFP/Arquivos / INA FASSBENDER (Arquivo) 

Os mercados podem ser capazes de financiar a revolução verde necessária para desacelerar a mudança climática, à medida que os investidores adotam princípios de investimento socialmente responsáveis
Fonte importante de financiamento dos projetos ambientais, a dívida "verde" nasce de uma vontade política ou estratégica forte e é objeto de cuidado especial antes da etapa crucial do encontro com o mercado.

Como funciona a dívida verde?
"Um bônus é um reconhecimento da dívida, negociável no mercado de dívida, ao contrário de um crédito, que envolve apenas o mutuário e seu banco", lembra Frédéric Gabizon, diretor do mercado de bônus do HSBC France.
Um bônus verde, seja emitido por um Estado, uma organização internacional ou uma empresa, tem duas características adicionais: só pode financiar investimentos verdes e é avaliado a posteriori.
Atualmente, a dívida verde representa 660 bilhões de dólares, ou seja, menos 1% do mercado global da dívida, afirma Stéphane Marciel, diretor de bônus sustentáveis do Société Générale CIB.

Vontade política ou estratégica
Emitir um empréstimo verde é uma opção política ou estratégica importante, o que torna a comunicação sobre o projeto muito relevante.
"É uma vontade que vem de cima e que depois é aplicada pelas equipes técnicas", resume Julien Brune, codiretor do serviço de assessoria e estruturação de dívida na SG CIB.

Os pioneiros
Os primeiros empréstimos verdes foram concedidos em 2008 pelo Banco Mundial e o Banco Europeu de Investimentos.
No caso dos Estados, a emissão pela França de 7 bilhões de euros em janeiro de 2017 serve de padrão por seu valor, suas características técnicas e o compromisso de elaborar um relatório sobre o impacto.
"Nosso objetivo era demonstrar que os mercados de capitais poderiam ajudar os Estados a financiar a transição energética. A operação foi bem recebida pelos mercados e outros países nos seguiram", disse Anthony Requin, diretor-geral da Agência France Trésor (AFT).

Um trabalho de poda
Uma vez tomada a decisão "entramos em cena para reconciliar a utopia no sentido primário do termo e o real", explica Requin.
"Reunimos os ministérios e as administrações competentes para rastrear os gastos do orçamento do Estado e identificar os que poderiam ser classificados indiscutivelmente como verdes", completa.
Um crédito fiscal para o isolamento de residências ou financiamentos para preservar a biodiversidade estavam entre os gastos previstos.
"Hoje, quase 75% dos bônus verdes financiam projetos de energia, a construção e o transporte com reduzido nível de carbone", indica Noémie de la Gorce, analista de Finanças Sustentáveis da S&P Global Ratings.

"Roadshows"
Os Estados e as empresas constroem tecnicamente a operação com a ajuda de um banco.
Não existe uma regulamentação internacional para a dívida ecológica, mas foram elaborados princípios fundamentais com a mediação da Associação Internacional de Mercados de Capital (ICMA).
Uma prática cada vez mais utilizada é recorrer a um órgão independente para uma revisão externa.
Quando a operação está pronta é necessário convencer os investidores em "roadshows".

O grande teste dos mercados

No dia D da emissão no mercado, o mutuário, auxiliado por vários bancos, abre uma "carteira de pedidos" na qual os investidores registram o que desejam comprar, antes que as condições finais sejam estabelecidas e os valores dos títulos sejam distribuídos.
O apetite pelo verde é tamanho que "as condições para o prestatário são no mínimo tão competitivas como em uma operação clássica", destaca Brune.

Teste de realidade
O mutuário publicará um relatório sobre o uso dos fundos, geralmente no ano seguinte à operação.
Preocupada em dar um passo além, segundo Requin, a França decidiu acrescentar um relatório de impacto elaborado com um conselho de nove especialistas internacionais.
De acordo com um estudo publicado em novembro de 2018, a dívida ecológica emitida pela França, que representa atualmente mais de 20 bilhões de euros, permitiu a renovação energética de 75.000 casas por ano em 2015 e 2016.

Fonte: AFP

O que a descoberta de açúcar em meteoritos revela sobre a origem da vida

O que a descoberta de açúcar em meteoritos revela sobre a origem da vida




BBC
29/11/2019


Direito de imagem NASA's Goddard Conceptual Image Lab
Ilustração de meteoritos bombardeando a Terra 
Um artista da Nasa ilustra como teria sido o bombardeio de meteoritos na Terra
"É extraordinário que uma molécula tão frágil quanto a ribose possa ter sido encontrada em uma matéria tão antiga".
A declaração é de Jason Dworkin, pesquisador do Centro Goddard da Nasa, agência espacial americana, um dos autores do novo estudo que confirma algo sem precedentes: a descoberta de açúcares essenciais para a vida em meteoritos.
A descoberta reforça a tese de que reações químicas em asteroides, dos quais muitos meteoritos se originam, são capazes de produzir um dos principais "ingredientes" para nossa existência.
Se a hipótese estiver correta, o bombardeio de meteoritos nos primórdios da Terra pode ter contribuído para a origem da vida a partir do fornecimento de elementos básicos.

Açúcares
Os cientistas descobriram a ribose e outros açúcares essenciais, incluindo a arabinose e xilose, em dois meteoritos ricos em carbono chamados NWA 801 (encontrado em 2001 no Marrocos) e Murchison (que caiu em 1969 na Austrália).
A ribose é um componente essencial do ácido ribonucleico (ARN).
O ARN tem a função de uma molécula mensageira, que leva as informações genéticas do DNA (ácido desoxirribonucleico) até os ribossomos, as "fábricas" das células, que vão ler as instruções do ARN para produzir proteínas.
"Outros componentes importantes da vida já foram encontrados em meteoritos, incluindo aminoácidos (componentes das proteínas) e nucleobases (componentes do DNA e do ARN)", afirmou Yoshihiro Furukawa, pesquisador da Universidade de Tohoku, no Japão, e principal autor do estudo.
"Mas o açúcar era a peça que faltava entre os principais componentes básicos da vida."
Direito de imagem NASA/Goddard/University of Arizona
Asteroide Bennu 
Os cientistas esperam analisar amostras do asteroide Bennu no futuro
"A pesquisa oferece a primeira evidência direta de ribose no espaço e da chegada desse açúcar na Terra. O açúcar extraterrestre poderia ter contribuído para a formação do ARN na Terra prebiótica que possivelmente levou à origem da vida", acrescentou a Nasa em comunicado.
Os pesquisadores descobriram os açúcares ao analisar amostras de pó dos meteoritos usando a técnica de espectrometria de massa por cromatografia gasosa, que identifica moléculas pela sua massa e carga elétrica.
A abundância de ribose e outros açúcares variou de 2,3 a 11 partes por bilhão no NWA 801, e entre 6,7 e 180 partes por bilhão no Murchison.
Os cientistas também consideraram a possibilidade de que os açúcares nos meteoritos sejam simplesmente produto da contaminação da vida na Terra.
Mas argumentam que a variedade de carbono no açúcar extraterrestre é diferente da encontrada na biologia terrestre.

Antes do DNA?
O estudo, publicado na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences, respalda a teoria de que o ARN coordenava a engrenagem da vida antes do DNA.
De acordo com a Nasa, um dos grandes mistérios sobre a origem da vida é como a biologia emergiu de processos químicos não biológicos.
Direito de imagem Yoshihiro Furukawa
Estrutura molecular da ribose ao lado de um pedaço do meteorito Murchison 
Um pedaço do meteorito Murchison ao lado do que seria a estrutura molecular da ribose, um dos açúcares encontrados em sua poeira
O DNA é o "modelo" da vida, que carrega instruções sobre como construir e operar um organismo vivo.
Mas o ARN também contém informações, e muitos cientistas acreditam que ele se desenvolveu antes e foi substituído posteriormente pelo DNA.
Isso se deve, de acordo com a Nasa, ao fato de que as moléculas de ARN têm capacidades que o DNA não possui.
O ARN pode fazer cópias de si mesmo sem a ajuda de outras moléculas e também é capaz de iniciar ou acelerar reações químicas como catalisador.
"O açúcar do DNA (2-desoxirribose) não foi encontrado em nenhum dos meteoritos analisados ​​neste estudo", declarou Danny Glavin, do Centro Goddard da Nasa.
Direito de imagem JAXA / AKIHIRO IKESHITA
Ilustração da sonda Hayabusa 2 
A sonda Hayabusa 2 está coletando amostras do asteroide Ryugu
Os cientistas planejam agora analisar mais meteoritos para obter informações sobre a abundância de açúcar extraterrestre.
"Os resultados deste estudo vão guiar nossa análise de amostras primitivas dos asteroides Ryugu e Bennu, que serão trazidas para a Terra pela missão Hayabusa2 da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa) e pela espaçonave OSIRIS-REx da Nasa", disse Dworkin.
A expectativa é de que a sonda Hayabusa 2 retorne à Terra no fim de 2020, e a OSIRIS-REx em 2023.

Fonte: BBC

1 em cada 4 jovens está viciado em celular, aponta estudo britânico

1 em cada 4 jovens está viciado em celular, aponta estudo britânico




29/11/2019


Direito de imagem Getty Images
Pessoas segurando smartphones 
Dependência dos celulares pode ser descrita como vício, indica pesquisa britânica
Quase um quarto dos jovens é tão dependente dos próprios celulares que eles passaram a ser considerados viciados nos dispositivos.
Um estudo, realizado por pesquisadores do King's College de Londres, afirma que esse comportamento viciante significa que as pessoas ficam "em pânico" ou "chateadas" se lhes for negado acesso constante aos aparelhos.
Os jovens também não conseguem, segundo a pesquisa, controlar a quantidade de tempo que passam diante dos smartphones.
Para os pesquisadores, esse vício está associado a problemas de saúde mental.
O levantamento publicado na BMC Psychiatry analisou 41 estudos anteriores envolvendo 42 mil jovens em investigações sobre o "uso problemático de smartphones".
O estudo constatou que 23% tinham comportamento classificável como vício, como ansiedade por não poder usar o telefone, por não conseguir moderar o tempo gasto e passar tanto tempo usando o smartphone que isso prejudicava a realização de outras atividades.

'Chegou para ficar'
Esse comportamento viciante pode estar ligado a outros problemas, diz o estudo do King's College, como estresse, tristeza, falta de sono e problemas de desempenho na escola.
Direito de imagem Getty Images
Mulher com celular  
Ficar longe do celular causa ansiedade em muita gente
"Não sabemos se é o próprio smartphone que pode ser viciante ou os aplicativos que as pessoas usam", diz Nicola Kalk, um dos autores do relatório e integrante do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência da instituição.
"Há, no entanto, uma necessidade de conscientização pública sobre o uso de smartphones por crianças e jovens, e os pais devem estar cientes de quanto tempo seus filhos passam em seus telefones."
Segundo Samantha Sohn, coautora do estudo, os vícios "podem ter sérias consequências sobre a saúde mental e o cotidiano".
Amy Orben, pesquisadora do setor de Cognição e Ciências do Cérebro da Universidade de Cambridge, afirmou que não é possível determinar uma relação de causa e consequência entre depressão e o uso excessivo de smartphones, por exemplo.
"Já foi demonstrado anteriormente que os efeitos dos celulares não são uma via de mão única, mas esse humor (causado pela depressão) pode ter um impacto na quantidade de uso de smartphones também", disse Orben.

Fonte: BBC

Vacas russas ganham visor de realidade virtual para reduzir ansiedade e dar mais leite

Vacas russas ganham visor de realidade virtual para reduzir ansiedade e dar mais leite






28 novembro 2019
BBC


Direito de imagem Moscow Ministry of Agriculture and Food
Vaca recebendo visor de realidade virtual 
Os óculos foram adaptados especialmente para as dimensões das cabeças das vacas
Uma fazenda russa deu a suas vacas leiteiras óculos de realidade virtual, numa tentativa de reduzir a ansiedade delas.
Os óculos com sistema de realidade virtual foram adaptados para as "características estruturais das cabeças das vacas" e colocados em todo o rebanho. Cada aparelho recebeu um "programa exclusivo com imagens que simulam um campo durante o verão".
Assim que os óculos são colocados, as vacas passam a ver um pasto tranquilo e bem verde, mesmo que, na realidade, o dia esteja nublado e que o animal esteja rodeado por várias outras vacas. O Ministério da Agricultura e Alimentos russo citou uma pesquisa que, segundo eles, revela uma ligação entre a experiência emocional de uma vaca e sua produção de leite.
Testes iniciais apontaram que o aparelhou estimulou um bom "clima emocional do rebanho como um todo".
Direito de imagem Ministério da Agricultura e Alimentos da Rússia
Vaca com visor de realidade virtual 
O visor foi adaptado especialmente para a cabeça dos animais
Segundo um comunicado da pasta, os experimentos ocorreram na fazenda RusMoloko, no distrito de Ramensky, em Moscou.
"Exemplos de fazendas leiteiras de diferentes países mostram que, em um ambiente calmo, a quantidade e, às vezes, a qualidade do leite, aumentam acentuadamente", dizia.
Os pesquisadores examinarão os efeitos do programa em um estudo a longo prazo. Os desenvolvedores esperam expandir o projeto, se os resultados positivos continuarem.

Fonte: BBC

Incêndios na Amazônia 'intensificam derretimento de gelo nos Andes'

Incêndios na Amazônia 'intensificam derretimento de gelo nos Andes'






29 novembro 2019


Direito de imagem Getty Images
Casas com tijolo aparente e sem pintura e, em segundo plano, as cordilheiras dos Andes com gelo 
Povoado andino na Bolívia; pesquisadores alertam para impacto da fumaça no derretimento de gelo e, em consequência, no abastecimento de água para milhões de pessoas
A fumaça originada na queima de florestas da Amazônia pode intensificar o derretimento dos glaciares na América do Sul, o que alimenta preocupações de eventual crise de falta d'água na região.
Isto porque o derretimento das geleiras tropicais fornece água para milhões de pessoas.
O alerta vem de uma equipe de pesquisadores que recriou, em modelos, o movimento e o efeito das partículas de fumaça nas geleiras andinas e compararam suas conclusões com imagens de satélite.
Eles dizem que o impacto da fumaça e do derretimento será sentido em todo o continente.
"O desmatamento e os incêndios na Amazônia, que ocorrem principalmente na Bolívia, Peru e Brasil, não podem ser considerados uma questão local", alerta Newton de Magalhães Neto, doutor em geociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador no Laboratório de Geoprocessamento do Instituto de Geografia Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
"Eles têm implicações sociais em escala continental, porque acelerar a perda de geleiras aumenta o risco de uma crise hídrica e a vulnerabilidade de várias comunidades andinas diante das mudanças climáticas."

Como os incêndios na floresta afetam o gelo a centenas de quilômetros de distância?
Direito de imagem ESA/NASA
Imagem de satélite mostra fumaça e rio na Amazônia 
Partículas originadas na queima de floresta podem ser transportadas por centenas de quilômetros
A primeira coisa que Magalhães Neto e coautores — Heitor Evangelista, também da UERJ; e pesquisadores da Universidade Grenoble Alpes, na França — o estudo, publicado no periódico Scientific Reports, se propôs a fazer foi verificar se a fumaça dos incêndios na Amazônia poderia alcançar os glaciares nos Andes.
O estudo focou em dados de dois anos, 2007 e 2010, quando ocorreram mais incêndios do que o habitual na floresta Amazônica, e em um glaciar específico, o Zongo, na Bolívia.
Dados atmosféricos mostraram que a fumaça dessas queimadas, particularmente partículas de carbono preto, foi transportada pelo vento e depositada nas geleiras das montanhas.
"Uma vez depositado na geleira, o [carbono preto escurece] a superfície da neve/gelo, o que reduz sua capacidade de refletir a radiação solar — ou a luz solar", explica Magalhães Neto.
Em resumo, uma superfície escura absorve mais energia do sol, o que intensifica o derretimento.
A descoberta não foi tão surpreendente assim porque o mesmo processo já fora observado em outras partes do mundo.
"A Groenlândia recebe grandes quantidades de carbono preto com origem em combustíveis fósseis devido a processos industriais na América do Norte e na Europa", explica Neto. "E o carbono preto originado na queima de combustíveis fósseis e biomassa no hemisfério norte acelerou o derretimento das geleiras no Ártico".
Direito de imagem Getty Images
Foto aérea mostra floresta amazônica sendo queimada, repleta de fumaça 
Dados atmosféricos mostraram que a fumaça das queimadas foi transportada pelo vento e depositada nas geleiras das montanhas
Qual poderia ser o impacto disso?
Comunidades em todo o continente dependem do derretimento das geleiras nos Andes para o seu abastecimento de água, o que significa que o impacto deste processo será sentido em uma área grande.
Ryan Wilson, da Universidade de Huddersfield, na Inglaterra, estuda o impacto das mudanças climáticas nas geleiras dos Andes há cinco anos. Ele disse que o estudo demonstrou o impacto a longa distância dos incêndios na Amazônia.
Mas ele alertou que o estudo analisa apenas uma geleira, acrescentando que são necessárias "mais investigações para entender o panorama em escala regional".

Fonte: BBC

Parceria entre universidades e sistema financeiro incentiva inovação

Parceria entre universidades e sistema financeiro incentiva inovação


Programa foi lançado hoje pelo Banco Central e Fenasbac



Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil Brasília 
28/11/2019 - 12:05



O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados.  
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agênci





Universidades e instituições financeiras poderão desenvolver soluções de inovação por meio do programa Lift Learning, o laboratório de inovação lançado hoje (28) pelo Banco Central e pela Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac), em Brasília.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao participar da cerimônia, ressaltou que o programa vai preparar os estudantes para desafios do mercado financeiro, além de acelerar o processo de transformação digital do setor.

"Nos próximos 3 ou 4 anos, vamos ter um sistema financeiro muito mais tecnológico, muito diferente do que temos hoje. Esse processo de incorporação tecnológica no sistema financeiro nacional tem reflexos muitos importantes na economia, na transmissão e alocação de recursos”, afirmou.

Segundo o presidente do BC, o objetivo é incentivar e acelerar o desenvolvimento dos projetos selecionados, aproximar a academia e entidades com necessidades específicas de desenvolvimento de soluções relacionadas ao Sistema Financeiro Nacional, além de fomentar, no meio  acadêmico, o empreendedorismo e a criação de startups relacionadas ao sistema financeiro, por estudantes e pós-graduados.


Soluções inovadoras

Segundo o BC, as empresas poderão contar com o apoio de universidades, criando oportunidade de aprendizado experimencial e fomentando o empreendedorismo na formação dos estudantes.

A parceria ocorrerá, tanto com o oferecimento de incentivos pelas empresas participantes, na forma de prêmios e bolsas de pesquisa ao meio acadêmico, como por meio de agências de fomento. O primeiro ciclo da iniciativa ocorrerá em 2020.

A iniciativa deriva do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift), um laboratório virtual lançado em maio do ano passado, com objetivo viabilizar e promover protótipos de inovação financeira e tecnológica para o Sistema Financeiro Nacional.

A diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, explicou como funcionará o Lift Learning. O primeiro passo foi o lançamento da agenda BC#, que reúne as ações estratégicas do BC para os próximos anos.

“Diante dessa agenda estratégica, as instituições financeiras apresentam desafios ou problemas específicos a serem solucionados. Então, o Instituto Fenasbac constrói um arranjo de cooperação entre as instituições financeiras, as universidades, as agências de fomento e o Banco Central para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas. As pesquisas buscarão soluções para os desafios e problemas levantados pelas instituições financeiras. Ao final do projeto, os resultados serão apresentados para as instituições demandantes e um artigo científico será elaborado pelos alunos participantes”, disse.

Fonte: EBC

Fraudes vão cair para zero com ID estudantil, diz ministro

Fraudes vão cair para zero com ID estudantil, diz ministro


Governo lançou carteira estudantil digital esta semana



Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  Rio de Janeiro
28/11/2019 - 17:31



 lançamento do aplicativo da ID Estudantil  
José Cruz/Agência Brasil





O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse hoje (28) que acredita que as fraudes envolvendo carteirinhas de estudantes vão "cair para zero" com a nova com carteira estudantil digital, a ID Estudantil. "A redução da fraude vai ser vertiginosa, não vai dar para fraudar mais com carteirinha digital", afirmou em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. 

Para obter o documento é necessário, antes de tudo, que a instituição de ensino à qual o estudante está vinculado insira os dados do aluno no Sistema Educacional Brasileiro, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Até ontem (27), mais de 2 mil instituições de educação básica e 408 de educação superior já haviam cadastrado seus estudantes. Ao todo, mais de 1 milhão de estudantes estão cadastrados para obter a ID. 


O diretor de Tecnologia e Informação do MEC, Daniel  Rogério e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante o lançamento do aplicativo da ID Estudantil
O diretor de Tecnologia e Informação do MEC, Daniel Rogério e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante o lançamento da ID Estudantil - José Cruz/Arquivo Agência Brasil


Após ser cadastrado, o estudante precisa, então, baixar o aplicativo ID Estudantil no celular e fazer o cadastro pessoal. 

O Ministério da Educação (MEC) informou, na segunda-feira (25), que fará cruzamento dos dados fornecidos por meio de aplicativos com as informações da Carteira Nacional de Habilitação e, no caso de estudantes que não têm CNH, com os dados fornecidos para o documento de identidade (RG). 

No caso de estudantes menores de idade, será necessária a autorização de um responsável legal, que deverá instalar o ID Estudantil no celular para, então, fazer o cadastro no qual informa os dados do menor.


Acesso à internet

O ministro destacou ainda, na entrevista à Rádio Nacional, que a partir do ano que vem, irá ampliar o acesso à internet em escolas urbanas e rurais. Segundo ele, as escolas conectadas facilitarão também a emissão da carteirinha digital: "Basta estar na escola, pedir para acessar o wi-fi da escola e baixar a carteirinha estudantil digital sem gastar um tostão", aconselha. 

O estudante que solicitar a carteira digital terá que consentir com o compartilhamento dos dados cadastrais e pessoais com o MEC para subsidiar o Sistema Educacional Brasileiro — o novo banco de dados nacional dos alunos, a ser criado e mantido pela pasta.

O ministério poderá usar essas informações apenas para formulação, implementação, execução, avaliação e monitoramento de políticas públicas. O sigilo dos dados pessoais deve ser garantido sempre que possível.

A ID Estudantil é voltada para todos os estudantes, desde a educação básica até a pós-graduação. O documento permite o pagamento de meia-entrada em shows, apresentações de teatro e outros eventos culturais.

Fonte: EBC