Embraer busca engenheiros recém-formados para curso de especialização
Os aprovados vão se especializar em fundamentos
de aeronáutica e projeto do avião, e receberão bolsa-auxílio, convênios
médico e odontológico, e seguro de vida
Roseli Andrion 06/08/201918h53
A Embraer está com inscrições abertas para seu Programa de Especialização em Engenharia (PEE). A companhia vai selecionar 30 engenheiros recém-formados para atuarem na companhia, em São José dos Campos. Os
aprovados vão se especializar em fundamentos de aeronáutica e projeto
do avião, e as atividades do programa abrangem Indústria 4.0, Ciência
dos Dados e Prototipação em Impressora 3D. O curso tem duração de um ano
e meio e as aulas começam em fevereiro de 2020. Podem
participar formados entre 2017 e julho de 2020 nas modalidades
Aeronáutica, Aeroespacial, Ambiental, Automobilística, Civil,
Computação, Controle e Automação, Elétrica, Eletrônica, Energia, Física,
Materiais, Mecânica, Mecatrônica, Naval, Produção, Química e
Sistemas.Além disso, é preciso ter nível avançado de inglês.
Já
na inscrição, o candidato é submetido a um teste de inglês online.
Depois, participa de avaliações e entrevistas presenciais e dinâmicas em
grupo. A última etapa ocorre em dezembro, assim como a convocação dos
selecionados. Os aprovados receberão bolsa-auxílio, convênios médico e
odontológico, seguro de vida e outros.
É profissional de TI? Veja estas vagas para trabalhar em casa
A companhia está em busca de desenvolvedores mobile, back-end e front-end
Roseli Andrion 06/08/201915h57
É desenvolvedor mobile, back-end ou front-end e está em busca de
colocação? Então, esta pode ser uma boa oportunidade para você. A 4all
vai contratar profissionais de qualquer lugar do mundo. Isso mesmo! São
30 vagas e o modelo de trabalho é home office. Os salários variam de R$ 3
mil a R$ 7 mil. Para se inscrever, basta visitar o site da empresa.
A
ideia é aproveitar as facilidades da tecnologia e diminuir distâncias —
atualmente, a 4all já tem colaboradores em Portugal, na Espanha e em
diferentes cidades do Rio Grande do Sul (RS). A empresa acredita que,
assim, tem mais chances de encontrar os talentos de que precisa. O
processo de seleção é feito remotamente e, depois da contratação,
quando há possibilidade, o empregado é convidado a passar um período na
sede da empresa em Porto Alegre. Os benefícios oferecidos aos
trabalhadores remotos são os mesmos recebidos pelos que trabalham
presencialmente. Quem nunca trabalhou nesse modelo não precisa se
preocupar: o setor de Recursos Humanos (RH) da companhia desenvolveu um
guia que ajudam tornar o home office viável. Nele, são abordados, por
exemplo, a importância da disponibilidade de horários e dicas de
cuidados com a saúde e a ergonomia do ambiente de trabalho. Fonte: OlharDigital
Patinetes elétricos podem não ser tão benéficos ao meio ambiente, diz estudo
Foram considerados todos os processos que suportam esse meio de transporte
Joyce Macedo
Hoje às 9h30
Foto: Shutterstock
Atualmente, os patinetes elétricos parecem uma das
formas mais ecológicas de locomoção disponíveis nas grandes cidades ao
redor do mundo. Mas será que eles são mesmo?
De acordo com um estudo promovido
pela IOPscience, a opção de transporte sobre duas pequenas rodas pode
não fazer tão bem assim para o meio ambiente. Acontece que, se for
levada em consideração toda a logística envolvida no processo de
disponibilização desses veículos, talvez a conta não valha tanto a pena
assim para o planeta. Para tal conclusão, os pesquisadores analisaram não apenas as
emissões produzidas pelos e-scooters, mas também o impacto ambiental
causado pelos materiais usados na fabricação e o sistema de transporte e
coleta dos patinetes, ou seja, todos os recursos aplicados desde a sua
montagem.
Quanto à energia, a eletricidade utilizada para recarregar os
pequenos veículos é mínima, portanto, não é aí que mora o problema.
Entretanto, a energia empregada na fabricação e montagem das peças
integradoras é considerável. Já os carros e demais utilitários usados
para o transporte dos patinetes elétricos também criam emissões
significativas – iguais a poluição gerada quando um indivíduo se
locomove de carro, nada muda. No geral, não são os próprios e-scooters que causam danos
ambientais, mas sim a infraestrutura que permite seu funcionamento. “Há
muitos fatores a serem considerados, mas os patinetes elétricos são
ecológicos em comparação com alguns modos de transporte” explicou
Jeremiah Johnson, pesquisador e um dos autores do estudo. Para ele, os
governos e empresas locais devem encorajar as companhias coletoras de
e-scooters a recolherem os veículos apenas se os mesmos atingirem o
limite de esgotamento de energia, assim não estariam “colecionando
patinetes que não precisam de recarga”. Geralmente, as empresas passam
coletando todos os e-scooters que veem pela frente sem antes fazer uma
verificação que as pouparia de esforços – o meio ambiente que o diga. No fim das contas, apesar de parecerem muito rústicos para o
mundo contemporâneo, andar a pé ou de bicicleta continuam sendo os meios
mais ecológicos para se locomover pela cidade.
Protagonismo do Brasil na agenda ambiental sob ameaça
Thomas Milz (fc)
09.08.2019
Em vez de combater o aumento dramático do desmatamento
na Amazônia, governo Bolsonaro questiona dados e se volta contra o Inpe,
reconhecido internacionalmente. Para especialistas, ataques minam a
credibilidade do país.
Há 30 anos Inpe monitora desmatamento, sem que nenhum presidente jamais tivesse questionado os dados
O presidente Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, lançaram nas últimas semanas uma série de ataques frontais ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe). O órgão foi rotulado de impatriótico e acusado de ser
controlado por ONGs e pela imprensa sensacionalista para prejudicar a
imagem do Brasil. O motivo dos ataques foi o anúncio do Inpe de que o desmatamento
no país aumentou 88% em junho e 278% em julho de 2019, em comparação
com os mesmos meses do ano anterior. Bolsonaro, com base em sua
intuição, diz que esses dados estariam incorretos. O governo
agora quer adquirir um novo sistema de monitoramento. Além disso, o
presidente quer ser informado antecipadamente dos números, que não
deverão mais ser publicados automaticamente, como era feito antes. Em meio a tudo isso, o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi exonerado na última sexta-feira. Para
Marcio Astrini, da ONG Greenpeace Brasil, duas más noticias surgem
simultaneamente: "O desmatamento está aumentando, e o governo está
querendo esconder os números", observa ele à DW. Há 30 anos o
Inpe monitora o desmatamento, sem que nenhum presidente jamais tivesse
questionado os resultados. Ao contrário, eles alinhavam suas políticas
aos dados do instituto. "Esse governo resolveu fazer tudo ao
contrário. Ele é um provocador do desmatamento, e quando viu os números
desse aumento, quis esconder a verdade, quis calar o Inpe", diz Astrini. "A minha impressão é que o governo ficou com raiva e, como se diz em inglês, killed the messenger of bad news
('matou o mensageiro das más notícias', em tradução livre)", afirma,
por sua vez, o cientista do clima Carlos Nobre, que trabalhou no Inpe
durante 32 anos. "Nenhum governo gosta de ouvir más notícias." Nobre
teme ainda que a hostilidade em relação à ciência possa se disseminar
no Brasil, assim como acontece nos Estados Unidos sob a presidência de
Donald Trump. Lá também o governo difunde a crença nas chamadas mentiras
climáticas. Essa preocupação também é compartilhada pelo
professor Meinrat O. Andreae, ex-diretor do Instituto Max Planck de
Química em Mainz, na Alemanha. Nos EUA, ele pôde observar como parcelas
da população se tornaram céticas ou hostis em relação à teoria da
evolução e às mudanças climáticas, e também se preocupa com a situação
atual no Brasil.
Imagens de satélite de 22/12/2018 e 11/02/2019 identificam supressão de 746,41 hectares de floresta no Mato Grosso
Inpe reconhecido internacionalmente O
renomado cientista dedica os maiores elogios ao Inpe. Ele diz que a
instituição desenvolve um trabalho único no continente sul-americano. "O
instituto se distingue pela excelência em sensoriamento remoto,
especialmente ao monitorar incêndios na vegetação e o desmatamento, e
também tem sucesso na modelação do clima e do tempo, por exemplo, ao
desenvolver um modelo regional para a América do Sul", afirmou Andreae. O
professor Carlos Nobre não reconhece as supostas falhas técnicas
apontadas por Bolsonaro e Salles. O Deter, que identificou os dados mais
recentes, é um sistema de alarmes que compara em tempo real 120 milhões
de pontos na Amazônia e informa as autoridades do Ibama sobre o
desmatamento. A precisão do sistema é de 88%. Alarmes falsos podem,
portanto, ocorrer. "Nunca foi dito que o Deter fosse uma medida
precisa da área. Mas ele mede uma tendência, que, na maioria das vezes, o
Prodes confirma", diz Nobre. O Prodes é um sistema que calcula o
desmatamento anual com precisão de 95%. Entretanto, esses valores
determinados durante meses de trabalho são normalmente de 20% a 30%
superiores aos dos valores calculados em tempo real pelo Deter, que
acusou um aumento de 40% nos últimos 12 meses. Os valores do Prodes, aguardados para novembro, deverão ser ainda maiores, prevê Nobre. Para
Claudio Angelo, coordenador de comunicação do Observatório do Clima, os
motivos dos ataques ao Inpe são óbvios. "Qual foi a promessa de
campanha de Bolsonaro? Vamos acabar com a fiscalização, vamos silenciar o
Ibama, vamos tirar o Estado do cangote de quem produz. Para fazer isso,
ele vai ter que reduzir os controles ambientais. E quando você reduz os
controles ambientais, a consequência evidente é um aumento da taxa de
desmatamento."
Maior resolução, menos precisão Nobre
avalia que a introdução de um sistema novo para detecção do desflorestamento, com resolução muito maior, como anunciado por Salles,
não seria uma solução. "Quando você aumenta muito a resolução, você vê
tanta coisa, como alguém que corta um pouco de vegetação no quintal da
casa. Então, você precisa treinar e calibrar o algoritmo, e processar
diariamente 15 bilhões de pontos. Não é uma coisa trivial." Angelo
acredita que, com o novo sistema de medição, o ministro do Meio
Ambiente quer criar confusão. "Ele quer contratar um sistema novo para
aumentar a incerteza em relação aos dados e para bagunçar a divulgação
dos dados pelo governo. É um elemento de caos que o governo quer
introduzir." Marcio Astrini, do Greenpeace, concorda. "É para confundir.
O governo quer manipular os números." Angelo, entretanto,
acredita que a estratégia do governo não deverá funcionar. "O mundo
inteiro sabe agora que eles querem, sim, censurar o Inpe, que eles não
querem transparência sobre esses números", afirma. Há, porém, diversos
outros sistemas de monitoramento que poderiam imediatamente pôr em
dúvida os números oficiais. Para Angelo, o governo brasileiro tem a
mesma credibilidade que o da Venezuela. A reputação do Brasil já sofre as consequências. A revista The Economist
estampou o desmatamento em sua matéria de capa. Mesmo assim, os
criminosos na Amazônia estão livres para agir, diz Marcio Astrini. "São
grileiros, são garimpeiros, são madeireiros, é gente que faz do crime
ambiental o seu negócio. Essas pessoas estão se sentindo confortáveis,
protegidas e incentivadas pelo governo. Por isso o desmatamento está
subindo tanto." Ao invés de apurar os crimes ambientais, o
governo ataca as autoridades de fiscalização. "O discurso do presidente é
de que o fiscal e as ONGs estão errados, que as multas são excessivas.
Em nenhum momento o presidente ou o ministro falaram mal dos
desmatadores. Não interessa ao governo deter o desmatamento. Interessa
calar os números", afirma Astrini. Astrini acredita que é chegada
a hora de o resto do mundo fazer com que a proteção ambiental seja uma
condição para o comércio internacional com o Brasil. Apenas dessa forma
seria possível pressionar o governo. Claudio Angelo, por sua vez,
chega a uma triste conclusão. "O Brasil, que era um protagonista na
agenda ambiental no mundo, um país que tinha a possibilidade de ser a
solução para o problema, virou uma parte importante do problema."
O céu é o limite: equipe da UFF produz foguete e se prepara para competição internacional
07 ago 2019
Escrito por jornalismo
Crédito da fotografia:
Divulgação
Você
já ouviu falar em foguetemodelismo? Desde junho de 2018, a UFF conta
com uma equipe de alunos de diversos cursos que projeta e fabrica
foguetes - desde a construção do esqueleto externo até a fabricação do
combustível. A LUFFT
faz parte do Ramo Estudantil da instituição, conhecido como Instituto de
Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), e é uma iniciativa que
tem como objetivo capacitar os graduandos envolvidos no projeto a
aplicarem a teoria aprendida em sala de aula na construção de um
foguete, além de participar de competições nacionais e internacionais da
área. O nome da equipe, LUFFT, é um trocadilho com a palavra alemã luft
- que significa aéreo em alemão - e seu atual projeto consiste em um
modelo com alcance máximo de mil metros de altura. Segundo o orientador do projeto, o professor do curso de relações
internacionais e do programa de pós-graduação em Estudos Estratégicos da
Defesa e da Segurança (PPGEST), Marcio Rocha, os graduandos são
encarregados por todo o processo produtivo. “Nosso protótipo conta com
um sistema de recuperação por paraquedas e uma estrutura eletrônica
capaz de fazer a ejeção deste dispositivo, além da leitura da velocidade
atingida e a medição da altitude alcançada em tempo real. Seu corpo é
fabricado com fibra de vidro, material que dá resistência e leveza para
alçar os voos exigidos”, explica. O grupo é composto por 16 estudantes de diversas áreas da engenharia
(mecânica, física, química, etc.) - além de contar com dois integrantes
da física e da química industrial. Marcio enxerga com bons olhos a
criação de times como este, e acredita ser uma ótima oportunidade para
que os alunos integrem os conhecimentos obtidos nas aulas com a vivência
prática da profissão. “A LUFFT, assim como outras equipes de
engenharia, permite essa opção de vivenciar a engenharia. Isso motiva
ainda mais os alunos a entenderem toda a teoria presente nesse projeto,
criando um ciclo benéfico de aprendizado e aprimorando ainda mais os
conhecimentos em função dos resultados práticos obtidos. Como
consequência, há um aumento na motivação para aprofundar a teoria em
sala de aula”, ressalta o professor. Para garantir uma melhor divisão de tarefas, os alunos são
fragmentados em cinco setores dentro da equipe: Aerodinâmica,
Recuperação, Aviônica, Propulsão e Logística. A chefe de Logística do
grupo, Thaís Silva, explica um pouco da rotina de trabalho dos
estudantes. “Acreditamos muito na potência das criações colaborativas e
diversificadas. Na Equipe LUFFT temos alunos de quase todas as
engenharias, ou seja, um ambiente único que proporciona trabalho em
grupo e interação com graduações diversificadas, com visões diferentes. A
divisão em células dentro da equipe incentiva principalmente a
liderança e o comprometimento, sendo um diferencial para o nosso
desenvolvimento acadêmico. Além disso, a participação em competições de
foguetemodelismo leva o nome da UFF pelo Brasil afora e nos incentiva a
ser modelos de excelência nessa área”. Entre os próximos dias 9 e 11 de agosto, a LUFFT participará de sua
primeira experiência em competições de Foguetemodelismo. O campeonato
escolhido para a estreia foi o “Latin American Space Challenge (LASC)”,
que será realizado em São Paulo, e reunirá estudantes e entusiastas
espaciais de toda a América Latina. Batizado de “Missão Selene”, em
homenagem à sonda japonesa “Selenological and Engineering Explorer”,
lançada à lua em 2007, o desafio será uma chance não só de colocar em
prática o conhecimento adquirido em quase um ano de trabalho como de
aprender com adversários mais experientes. “Essa será nossa primeira
competição, então queremos visibilidade. Nesse evento, entraremos em
contato com diversas equipes que estão lá há mais tempo e com certeza
teremos muito a aprender”, destaca a chefe de Aviônica da LUFFT, Thainá
Fernandes. A seguir, os alunos falam sobre o projeto e o impacto dessa experiência para suas vidas acadêmicas: Qual foi a motivação para montar a LUFFT dentro da IEEE UFF? Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Em meados
de 2018, descobri o foguetemodelismo. Na época, descobri também que
equipes do estado do Rio de Janeiro já participavam de campeonatos
nacionais e internacionais. Imediatamente questionei a mim mesmo o
motivo de não haver uma equipe de foguetemodelismo dentro da
universidade. Então, imbuído da minha paixão pela área aeroespacial,
entrei em contato com a GFRJ (Equipe de Foguetemodelismo da UERJ),
buscando informações sobre como montar uma equipe e onde encontrar toda a
base teórica necessária para projetar e construir foguetes. Depois
disso, comecei a montar e recrutar os primeiros membros. Em seguida,
firmei uma parceria com o ramo estudantil IEEE UFF, que garantiu a
participação da nossa equipe no instituto. O que é o IEEE UFF? Thaís Silva (Chefe de Logística da LUFFT): O
IEEE UFF é um ramo estudantil que faz parte do IEEE, maior organização
profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da
humanidade. Trata-se de uma rede que contém, em média, 400 mil membros
voluntários ao redor do mundo, e que propõe um networking único. Na UFF,
temos como objetivos incentivar a criação de projetos e atuamos em
diversos setores: impressora 3D, WIE (Women in Engineering),
representação de mulheres na ciência, visitas técnicas (Reator Nuclear
de Angra dos Reis, Hidrelétrica de Itaipu, Weg Transformadores, Furnas,
ONS e etc.), PES (Power and Energy Society), Speak up (grupo de
conversação em inglês), a equipe de foguetemodelismo LUFFT, além da
participação em eventos e workshops na área de ciência e tecnologia.
Somos um polo de disseminação de conhecimento relacionado às ciências
tradicionais, que trabalha com tecnologias emergentes e disruptivas para
o desenvolvimento da cocriação.
Quais os principais objetivos da LUFFT? Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Nosso
principal objetivo engloba três ações: a construção de foguetes, a
capacitação na gestão dos lançamentos e a participação em competições de
foguetemodelismo. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que
diversas etapas sejam ultrapassadas, destacando as seguintes: a) A equipe é necessariamente multidisciplinar. Os membros são de
diferentes cursos, e você aprende na prática que, em um projeto real de
engenharia, você precisa trabalhar com profissionais de áreas e com
capacitações distintas; b) A relação interpessoal é algo constantemente e presente na equipe.
Todos precisam compreender suas tarefas, a hierarquia existente, as
tarefas e as responsabilidades dos colegas, de modo que o resultado
final seja positivo; c) A motivação dos integrantes é algo que precisa ser constantemente
exercida. Fazer parte de um projeto com atividades práticas requer o
compromisso de participar das ações programadas e, ao mesmo tempo,
cumprir as tarefas acadêmicas do curso regular. Explique sobre o projeto de vocês, por favor. Bruno Castro (Capitão da LUFFT): O nosso
atual projeto, Missão Selene, consiste em construir um foguete que
alcance um apogeu de 1.000 metros. O projétil é lançado a partir de
ignição elétrica, tem um sistema de recuperação por paraquedas, um
sistema eletrônico de bordo capaz de fazer a ejeção do paraquedas, a
leitura de velocidade, mede a altitude em tempo real para que possamos
realizar as análises. Nossa fuselagem (corpo do foguete) é feita de
fibra de vidro, um material super leve e resistente, nosso motor é feito
de aço inox, e recebe em seu interior propelentes do tipo sólido, ou
seja, nosso combustível não é líquido como as pessoas tendem a inferir.
Nós projetamos e fabricamos cada parte do foguete: da parte externa ao
combustível. Para que tudo ocorra de forma organizada, nossa equipe é
dividida em sub-células da seguinte forma: Aerodinâmica (onde lidamos
com a estabilidade de voo); Recuperação (onde o foco está no projeto,
desenvolvimento e implementação do sistema de paraquedas); Aviônica
(referente a toda eletrônica de bordo e também à ignição elétrica);
Propulsão (relacionado ao sistema propulsivo, projeto e fabricação do
motor e do propelente); e Logística (responsável por toda parte
administrativa, e resolução de problemas de translado, equipamentos,
etc.).
Como foi a preparação da equipe para a Latin American Space Challenge (LASC)? Bruno Castro (Capitão da LUFFT): Começamos a
projetar o Selene ao mesmo tempo em que fomos adquirindo conhecimento
sobre como construí-lo. Desde março deste ano temos um foguete pronto
para ser utilizado e estamos realizando testes de propulsão para que
possamos validar o sistema propulsivo e, a partir disso, ter sinal verde
para realizar nossos testes de voo. Qual a expectativa de vocês para a competição? Letícia Camargo (Membro da LUFFT): Desde
quando iniciamos o projeto, estamos em ritmo acelerado e fazendo tudo
que precisamos para realizar um sonho. Nessa competição, nossa intenção é
apresentar quem é a LUFFT e mostrar tudo que realizamos nesse quase um
ano de trabalho. Além disso, queremos ter a certeza de que todo nosso
esforço valeu a pena! Qual é o sentimento de representar a UFF em um evento desse porte? Letícia Camargo (Membro da LUFFT): Competir
nesse tipo de disputa representando a universidade nos motiva a
continuar tentando. Em meio a tanta hostilidade em relação ao ensino
superior público, é muito importante mostrar o que fazemos dentro da
universidade e representá-la nos traz um sentimento de orgulho por
sermos membros da UFF.
“Em uma década haverá carne sintética de laboratório”
O
projeto e a manipulação da matéria em escala microscópica são dirigidos
para o setor agroalimentar, sanitário, a biônica e a internet das
coisas
Belén Juárez
Carne cultivada em laboratório a partir de células-tronco de vaca.David Parry/PA Wire
A nanotecnologia
(tecnologia dos materiais e das estruturas em que a ordem de grandeza é
medida em nanômetros) é a roda do século XXI. Uma empresa desenvolveu
nanoimpressões que poderão ser usadas com qualquer dispositivo
eletrônico (celular, ipad, etc.) para que não seja necessário usar
óculos ou lentes de contato. Um software gradua o problema de visão de
cada usuário. Além disso, “dentro de 10 ou 15 anos a nanotecnologia
oferecerá soluções como os nanorrobôs: robôs que circulam pela corrente
sanguínea até as células tumorais sem afetar o resto do corpo”, diz
Manuel Fuertes, diretor da Kiatt. Mas ainda é preciso dar muitos passos
antes que seja possível. “Hoje, o desenvolvimento de robôs
para ajudar na luta contra as doenças está em fase experimental”, diz
Julio Mayol, diretor médico do Hospital Clínico San Carlos, em Madri.
Nos
últimos 250 anos, nossa expectativa de vida dobrou. Passamos de 40 anos
para ao menos 80. Durante as últimas décadas, os pesquisadores
estudaram em profundidade muitas doenças, como Parkinson
ou Alzheimer, porque, além de vivermos mais anos, queremos ter maior
qualidade de vida. “Estão sendo desenvolvidas tecnologias que, com
frequências de voz ou nos olhos, poderemos detectar esse tipo de
doenças”, diz Fuertes. No entanto, essas tecnologias ainda não foram
levadas ao terreno prático. “A robótica é usada na saúde principalmente
para guiar cirurgias, na preparação de medicamentos e para analisar
dados e tomar decisões no tratamento de algumas doenças”, diz Mayol.
Os desafios para o futuro próximo
começam com mudanças no setor nanotecnológico, agroalimentar, na
detecção de doenças com inteligência artificial, no desenvolvimento
maciço da biônica até a ‘internet of things’ para ter fábricas 4.0 mais
seguras e preditivas e ‘smart cities’
Cerca de 25% da população mundial terá mais de 50 anos em
2050. Os desafios para o futuro próximo começam com mudanças no setor
nanotecnológico, agroalimentar, na detecção de doenças com inteligência artificial, no desenvolvimento maciço da biônica até a Internet das coisas para ter fábricas 4.0 mais seguras e preditivas e smart cities.
“A pessoa com deficiência de hoje será o supercapacitado do
futuro”, diz Fuertes. O desenvolvimento de sensores de visão permite
que os cegos distingam maneiras de se deslocar de forma mais
independente. Dispositivos estão sendo gerados para distinguir essas
formas em 3D. “No futuro, poderemos ver objetos em alta definição ou de
maneira supertelescópica e ferramentas que melhorem a visão de um olho
humano saudável ou ver uma cor que não é possível com um olho com uma
capacidade de visão normal”, diz Fuertes. “Também poderemos ouvir
frequências que o ouvido humano não pode ouvir atualmente”, acrescenta.
Além disso, está convencido de que uma grande mudança acontecerá quando
uma pessoa saudável decidir mudar uma parte de seu corpo por uma parte
biônica sem ter nenhum problema de saúde, apenas para ser superior.
Um cientista indiano fabricou um pequeno recipiente onde se
pode colocar água não potável e, ao passar por um filtro
nanotecnológico, torna-se potável. “Se conseguirmos canalizar esse tipo
de invenções, poderemos oferecer água potável a toda a humanidade”, diz
Fuertes.
O professor Marl Post, um dos pioneiros no desenvolvimento da carne artificial.David Parry/PA Wire
Acontecerão grandes mudanças na alimentação. “Em dez ou
quinze anos, serão geradas células para produzir ‘super carne’ ou carne
sintética, de laboratório. Na China,
apenas 10% da superfície é cultivável e não é fácil suprir toda a
demanda”, diz Fuertes. Em 2013, sua empresa apoiou um projeto com um
biorreator celular que produz células de maneira maciça que podem ser
usadas em muitos setores, entre eles o da carne sintética. Além disso, o
empresário acredita que consumir essa carne não oferece riscos. “Com o
passar dos anos, é muito raro que haja problemas porque os controles de
qualidade estão se tornando cada vez mais sérios e, na Espanha, são
ainda mais rigorosos do que em países como o Reino Unido”, diz Fuertes.
‘Internet of things’ ou otimização perfeita
Atualmente, existem cerca de 23 bilhões de dispositivos
conectados entre si e estima-se que até 2050 haverá 100 bilhões de
dispositivos conectados. A internet of things, ou internet das coisas,
tem a ver com as conexões. “São todos os dispositivos conectados a
outros dispositivos gerenciados pela Internet. São os dispositivos
lúdicos, os de uso pessoal ou os medidores de luz, de água, etc”,
explica Eusébio Nieva, diretor da Checkpoint na Espanha e em Portugal.
Um dos usos da internet das coisas serão as
cidades inteligentes. Nieva acredita que serão comuns em um futuro muito
próximo. “Hoje, muitos fabricantes estão voltados para automatizar
tudo. Essas cidades terão desde semáforos adaptativos que mudam em
função do tráfego ou linhas de ônibus autônomas”, diz Nieva. O problema
da poluição em cidades como Madri também poderá ser resolvido. Os novos
sistemas permitem medir os níveis de poluição com sensores precisos em
diferentes regiões da cidade e, assim, será possível adotar soluções
baseadas em dados. Em resumo, otimizar melhor os recursos.
Instalações da Finless Foods, em cujos grandes alambiques é cultivado o atum-rabilho.Finless Foods
A sensorização completa da zona rural para obter a maior produtividade sem influenciar negativamente no meio ambiente
já é uma realidade na Espanha. “Muitas empresas de Murcia ou de Almeria
se tornaram fábricas de alta tecnologia, já não têm nada a ver com a
agricultura tradicional”, explica Manuel Fuertes, diretor da Kiatt.
Os especialistas dizem que estamos vivendo a aceleração da
aceleração. A inovação que acontece em um ano equivale a 200 anos em
avanços. O tecnológico, eletrônico e digital estão se unindo para
melhorar a vida das pessoas, mas há alguns desafios, como a adaptação.
“Precisamos que essas mudanças sejam progressivas, embora tudo o que
está mudando ou prestes a mudar nos obrigará a questionar abordagens que
ainda nem imaginamos”, diz Fuertes. Outros especialistas não querem
adiantar nada, sem saber o que nos espera. “É difícil saber o que
pensaremos no futuro, porque nós, humanos, pensamos de maneira linear e
as mudanças não acontecem de maneira linear”, conclui o doutor Mayol.
Estudo revela que aumento da temperatura do mar
contribui não somente para branqueamento como leva à degradação interna
de esqueletos de corais, matando a espécie em poucas semanas.
DW
09.08.2019
Em 2016, branqueamento atingiu parte da Grande Barreira de Corais
As ondas de calor dos oceanos estão levando corais à morte em um
ritmo muito mais rápido do que o imaginado, revelou um estudo divulgado
nesta sexta-feira (09/08) na revista especializada Current Biology.
Pesquisadores da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido analisaram os
impactos do aquecimento global da Grande Barreira de Corais australiana. Os
cientistas já sabiam que o aumento da temperatura da água do mar,
atribuído ao aquecimento global, pode danificar os corais por meio de um
fenômeno chamado de branqueamento, processo no qual a espécie perde
microalgas fotossintetizantes localizadas na sua superfície, sua
principal fonte de energia, causando a sua morte. Com a perda das
microalgas coloridas em vários eventos seguidos de branqueamento, como
ocorreu com a Grande Barreira de Corais em 2016 e 2017, os corais podem
ser destruídos em poucos meses ou anos. Se a temperatura da água
diminuir, no entanto, os recifes conseguem se recuperar. O estudo
revelou, porém, que ondas de calor marinho severas podem degradar
internamente o esqueleto de corais, potencialmente matando os organismos
em poucos dias ou semanas. A degradação de recifes coloca ainda em
riscos outras espécies que vivem nestes locais. "A gravidade das
ondas de calor vai além do processo de branqueamento, é, na verdade, um
ponto no qual a própria espécie está morrendo", afirmou a coautora do
estudo Tracy Ainsworth, da Universidade de Nova Gales do Sul, na
Austrália. Segundo o pesquisador Scott Heron, da Universidade
australiana James Cook, a rápida dissolução dos esqueletos de corais
após ondas de calor severas foi uma surpresa. "Cientistas do clima falam
de incógnitas desconhecidas, ou seja, impactos que não podemos prever a
partir de conhecimento e experiência existentes. Essa descoberta se
encaixa nesta categoria", destacou. Em 2016 e 2017, o
branqueamento de corais afetou quase a metade dos 2,3 mil quilômetros do
recife australiano, que é o maior sistema de corais do mundo e faz
parte da lista de Patrimônio Mundial da Unesco. A Grande Barreira de Corais cobre uma área maior do que a Itália e é um dos ecossistemas mais diversos do planeta. Fonte: DW
Será que em breve os alemães estarão brigando pela água?
Os alemães estão acostumados a terem em suas torneiras
água pronta para beber, em quantidade ilimitada. Mas o recurso se torna
escasso, devido aos verões quentes e invernos secos. Uma situação de
competição se anuncia.
Lisa Hänel (fc) 09.08.2019
Número de pedidos de agricultores para captar água subterrânea aumentou significativamente na Baixa Saxônia
A advertência veio pelo celular: o nível das reservas de água potável
eram "preocupantes", alertou no final de junho o aplicativo NINA, do
Departamento Federal para Proteção da População e Auxílio em Catástrofes
(BBK), responsável em nível federal pela defesa civil. Herford,
uma região do estado da Renânia do Norte-Vestfália estava
particularmente afetada. Alguns quilômetros mais ao norte, a situação
era semelhante: parte da população da cidadezinha de Lohne, na Baixa
Saxônia, sofria falta d'água, especialmente à noite saia quase nada das
torneiras. Ambos os exemplos mostram algo a que ninguém está habituado
na Alemanha: água é um recurso natural, e ele é finito. Na
Alemanha, país rico em recursos hídricos, essas situações eram, a rigor,
impensáveis. De acordo com a Agência Federal de Meio Ambiente (UBA), em
2013 foram captados 25 bilhões de metros cúbicos de água, portanto a
Alemanha utilizara apenas 13% da água doce disponível. Desde
então, porém, um verão com recorde de calor em 2018, um inverno de pouca
precipitação, e dias quentes e secos no verão de 2019 transformaram o
lençol freático na principal fonte de água para o país. Lutz
Neubauer, da sucursal da Federação de Proteção Ambiental da Alemanha
(Nabu) na Baixa Saxônia, considera que somente em seu estado "o nível
das águas subterrâneas diminui entre 1,5 cm e 2 cm por ano". Isso
significa menos água disponível, enquanto, devido às fases de calor
seco, quase nenhuma água nova é adicionada. Ao mesmo tempo, o
calor provoca uma maior demanda de água. O gramado de casa fica seco,
todos anseiam por se refrescar na piscina, e isso já basta para criar
problemas para os fornecedores de água. No nordeste da Renânia do
Norte-Vestfália, chegou-se a impor multas aos moradores que encheram
suas piscinas ou lavaram seus carros com água fresca. Nos últimos
anos, porém, um outro grupo passou também a necessitar água subterrânea
com urgência cada vez maior: os agricultores. "Uma situação de
competição pela água se anuncia. Deveríamos pensar a tempo sobre uma
distribuição eficiente", alerta Jörg Rechenberg, especialista em água na
Agência Alemã de Meio Ambiente (UBA). Até agora, os agricultores
não dependiam dos lençóis freáticos, pois a chuva bastava para irrigar
seus campos. Mas isso mudou, as ondas de calor deixaram os campos
totalmente secos. "O número de requerimentos de agricultores para captar
água subterrânea aumentou significativamente", sublinha Neubauer, da
Nabu-Baixa Saxônia, sobre a sua região. O prefeito de Lohne,
Tobias Gerdesmeyer, está entre que primeiro perceberam os efeitos dessa
tendência. Quando a cidade na Baixa Saxônia ficou seca em junho, a culpa
não era da falta de água subterrânea, e sim das tubulações velhas que
não comportam mais o volume hídrico. A partir de setembro uma nova
tubulação deverá remediar a situação, e todos os moradores voltarão a
ter água na torneira a qualquer hora do dia. No entanto
Gerdesmeyer não esconde que a água é um grande problema em sua cidade:
"Podemos observar uma competição pela água aqui, e estamos muito atentos
a esse tema." Ele também observa a demanda crescente de água
subterrânea por parte dos agricultores. Ao mesmo tempo, um grande
matadouro na região consome enormes volumes: "Precisamos de concepções
inovadoras sobre como usar a água de forma eficiente." É também
importante não desperdiçar água doce, ressalva o prefeito. Até agora, a
maior parte da água pluvial se infiltra no solo, não sendo armazenada, e
isso a cidade de Lohne quer mudar. "Atualmente estamos considerando
armazenar a água das chuvas fortes em câmaras sob os ginásios
esportivos, para que possa ser usada mais tarde." No fim são
operadoras como a Associação de Águas de Oldenburg-Frísia Oriental
(OOWV) que distribuem o recurso. Ela abastece cerca de 1 milhão de
clientes, metade dos quais agricultores ou empresas industriais que usam
água subterrânea de forma privada. Axel Frerichs, diretor-geral
adjunto, está ciente da situação: suas 15 estações de tratamento d'água
estão na fase "crescimento positivo", o que significa que a demanda por
água subterrânea está muito alta. Em meados de julho, o consumo foi
maior do que nunca, nos 71 anos de história da associação. Ela
apelou aos consumidores para serem mais econômicos, e reduziu a pressão
da água. Mas Frerichs espera medidas adicionais: "Dentro de 50 anos, os
clientes aqui poderão estar vivendo num clima como o de Toulouse [Sul da
França], hoje. Precisamos melhorar nossas estações de tratamento para
produzir mais água." Como Rechenberg, da UBA, quase todos os
especialistas, concordam que ainda não há escassez d'água na Alemanha.
De fato, o país não sofre o chamado estresse hídrico, que, segundo a
UBA, significaria "um risco crescente de problemas ambientais e
dificuldades econômicas". "Não há razão para pânico ou medidas
radicais", frisa Rachenberg. "Contudo está mais do que na hora de
começarmos a implementar programas para que no futuro continuemos a ter
água de qualidade em nossas torneiras." O Diálogo Nacional da
Água, com representantes de vários grupos, como agricultores e
associações industriais, tem sido realizado em intervalos regulares há
dez meses, organizado pelo Ministério alemão do Meio Ambiente. A meta é,
até o terceiro trimestre de 2020, desenvolver a estratégia de longo
prazo com o promissor nome "Futuro: Água".
ONU faz apelo por melhor uso das terras em prol do clima
Un champ de soja près de Santa Fe, en Argentine.
Getty Images/Silvina Parma
O Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) pediu, em um
relatório publicado em Genebra nesta quinta-feira (8), ações a curto
prazo contra a degradação das terras, o desperdício de alimentos ou as
emissões de gases que provocam o efeito estufa pelo setor agrícola.
As delegações dos 195 países
membros do IPCC examinaram durante cinco dias o relatório, que tem como
título "As mudanças climáticas, a desertificação, a degradação dos
solos, a gestão sustentável das terras, a segurança alimentar e os fluxos de gases do efeito estufa". O texto examina como as mudanças climáticas
afetam as terras utilizadas para o cultivo, para o gado ou para as
florestas, assim como questões de segurança alimentar, as práticas
agrícolas e a maneira como o desmatamento modifica o clima. As 1.200
páginas foram detalhadas em uma entrevista coletiva em Genebra. A
conclusão principal é que "nosso uso das terras [...] não é sustentável e
contribui para as mudanças climáticas", afirmou a copresidente do IPCC,
Valérie Masson-Delmotte, antes de apontar que o relatório "ressalta a
importância de atuar de modo imediato". "As terras estão sob pressão
crescente das atividades humanas e das mudanças climáticas", afirmou a
climatologista francesa em uma entrevista por telefone. O
documento afirma que não resta mais tempo, pois o aquecimento das terras
emersas alcançou 1,53°C, o dobro do aumento global da temperatura,
incluindo os oceanos. “A partir de 2°C de aquecimento global poderíamos
enfrentar crises alimentares de origem climática mais severas e mais
numerosas", advertiu um dos autores, Jean-François Soussana. A
margem de manobra é muito pequena se os países desejam limitar as
mudanças climáticas e seus efeitos sobre as terras e, ao mesmo tempo,
alimentar corretamente uma população mundial que, no fim do século, pode
superar 11 bilhões de pessoas. "Temos que mudar substancialmente a
maneira como utilizamos nossas terras", declarou Piers Forster,
professor de mudanças climáticas na Universidade de Leeds, no Reino
Unido. Mudar os hábitos de alimentação O
IPCC elaborou diversas hipóteses para alcançar a meta de limitar o
aumento da temperatura a 1,5°C ou a menos de 2°C em comparação ao
período pré-industrial. As hipóteses incluem a mudança do uso das
terras, o reflorestamento e as bionenergias, entre outras medidas. O
documento adverte, no entanto, que a reconversão do uso das terras
(reflorestamento para capturar CO2, campos dedicados às bioenergias)
poderia ter "efeitos colaterais indesejáveis", como a desertificação ou a
degradação do solo. Escolher bem o que fazemos com a terra "é
fundamental para enfrentar a crise climática", destacou Stephen
Cornelius, da organização WWF, que atuou como observador durante as
negociações. Para o IPCC, além de reduzir as emissões de gases do
efeito estufa, também é necessário mudar os hábitos de consumo.
"Atualmente entre 25% e 30% da produção total de comida é desperdiçada",
afirma o relatório, ao mesmo tempo que 820 milhões de pessoas no mundo
passam fome. Se nas regiões pobres as proteínas animais são
insuficientes em alguns momentos, nos países ricos são consumidas em
excesso e existem dois bilhões de adultos com sobrepeso ou obesos. "Por
este motivo temos que eliminar o desperdício de alimentos e reduzir o
consumo de carne", afirma a ONG Climate Action Network. O
relatório do IPCC publicado nesta quinta-feira é o segundo de uma série
de três "informes especiais". O primeiro, divulgado no ano passado,
abordou a questão da possibilidade de conter o aquecimento global a
1,5°C. O terceiro e último, previsto para setembro, examinará os oceanos
e as geleiras. Fonte: RFI
Crise hídrica faz países correrem por soluções e já gera conflitos
RFI
Moradores de Chennai, na Índia, enfrentam luta quotidiana para ter acesso à água.
REUTERS/P. Ravikumar/File Photo
Relatórios divulgados
essa semana pelo painel de mudanças Climáticas e Instituto Mundial de
Recursos são alertas para que a falta de água não se torne em breve um
problema de escala global. Seca também atinge o Brasil, e não é só no
Nordeste.
Lucas Senra A
crise climática desencadeou uma série de eventos que provocaram o
desequilíbrio natural, que tem impacto direto nos meios mais básicos
para a sobrevivência humana. O painel internacional de especialistas em
mudanças climáticas que assessoram a ONU, o IPCC, apresentou nesta
quinta feira (08), em Genebra (Suíça), um estudo realizado por 107
pesquisadores de 57 países, que aponta para a necessidade de mudanças do
manejo da terra e alimentação para combater o desmatamento, a
desertificação e o desperdício, afim de que o ecossistema não entre em
colapso e comprometa ainda mais o meio ambiente. O relatório do
IPCC mostra como os hábitos pessoais têm relação direta com as mudanças
climáticas, e estudiosos afirmam que o consumo de carne é um destes
agravantes. A pecuária é responsável por uma considerável parcela deste
colapso, pois o desmatamento para a abertura de pastos e a emissão de
gás metano, um dos responsáveis pelo efeito estufa, é mais danoso que o
gás carbônico expelido por toda a frota de carros, caminhões e aviões do
mundo, nota o jornal The Guardian. Os estudos apontam
para esta relação de causa e efeito, e orientam para que haja mudanças
de hábitos, a fim de conter os avanços da falta de recursos mínimos para
a sobrevivência, como a água, o que já vem acontecendo em várias partes
do mundo, inclusive no Brasil. No início desta semana, o
instituto americano especializado em questões ambientais, o World
Resources Institute (WRI), alertou sobre os riscos de uma crise hídrica
em escala global, que atingirá um quarto da população, distribuída em
17 países. O número é alarmante devido à grave situação da Índia,
habitada por 1,36 bilhão de habitantes, o equivalente a 16% da população
mundial, e possui apenas 4% das reservas de água do planeta; os
indianos são 77% da população que sofre deste mal. Os outros 16 países
também se encontram em áreas críticas que enfrentam graves índices de
escassez, por déficits de distribuição, ou pela questão geográfica de
estarem em regiões áridas. São eles: Qatar, Israel, Líbano, Iran,
Jordânia, Líbia, Kuait, Arábia Saudita, Eritreia, Emirados Árabes, San
Marino, Barein, Índia, Paquistão, Turcomenistão, Omã e Botswana. A
dificuldade de acesso a este recurso vital poderá atingir várias outras
regiões do planeta: 27 pontos são considerados de riscos potenciais
para sofrer com a escassez de água. A OMS alerta que países da América
Latina, como o México e o Chile, e europeus Chipre, Itália, Espanha,
Grécia, Albânia, estão vulneráveis. O Brasil, mesmo possuindo a maior
reserva de água potável do mundo, também tem regiões críticas apontadas
pelo estudo, como as cidades de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro,
Vitoria, Recife, Fortaleza e Campinas.
O drama do déficit de água O
risco de estresse hídrico se estende por todo o mundo. Cidades
localizadas em países de baixo risco, devido às grandes reservas, como
no Brasil, que concentra em seu território 12% da água doce superficial
disponível no planeta, também correm o risco de viver o chamado “Zero
Day”, situação calamitosa em que o abastecimento fica totalmente
comprometido, e o local afetado passa por um sério racionamento. Foi
o que aconteceu na Cidade do Cabo, segunda maior cidade da África do
Sul, no último verão, e em Chennai, no último mês de julho, cidade
indiana de mais de 10 milhões de habitantes que sofreu de uma total
“penúria de água potável”, segundo a reportagem da RFIÁsia
Pacífico. A região do país asiático apresenta um problema cíclico que é
deflagrado tanto nos períodos chuvosos quanto de estiagem. Fatores
naturais, mas também humanos, são os responsáveis pela escassez.
Ponto de distribuição de água em Chennai (28/06/2019).
Reuters
A principal razão são os baixos índices pluviométricos, somados às
altas temperaturas do verão. O quadro de Chennai é particularmente
comprometedor porque os quatro reservatórios da cidade estão
praticamente secos, e as águas subterrâneas estão evaporando. Porém,
quando chove, o lugar não tem meios eficientes para armazenar as
precipitações, e o outro fator agravante foi o soterramento de áreas
alagadas para serem utilizadas na construção civil. Não restando
outra alternativa, os moradores começaram a cavar poços artesanais em
suas residências para acumular água da chuva, o que se configurou em um
verdadeiro quadro dramático sob o ponto de vista higiênico. As
autoridades locais são cobradas para que o armazenamento seja feito de
uma maneira mais satisfatória, a fim de garantir a qualidade de vida dos
moradores. No entanto, neste verão extremamente seco, a
megalópole sofre com a falta de recursos hídricos, sobretudo nos bairros
mais pobres. O correspondente da RFIna Índia, Antoine Guinard, reporta a situação precária,
em que os moradores têm passado horas do dia em filas com recipientes
plásticos para coletar água. Caminhões pipa também abastecem poços
artesianos comunitários. Por vezes, há um sistema de sorteio para
garantir água limpa para os premiados, e a água barrenta que sobra é
coletada pelos demais.
O norte da Índia chega a ter temperaturas superiores a 50°C, como em Ajmer, onde um estuário evaporou com o calor. (02/06/2019)
AFP Photos/Himanshu Sharma
As pessoas evitam lavar roupas ou mesmo tomar banho para ter o que
beber. A escassez prejudicou o comércio e o abastecimento de comida da
cidade, já que a falta de água comprometeu as safras. A situação no sul
da Índia só melhorará a partir de outubro, quando as monções, ventos
sazonais associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação
seca que ocorrem no Oceano Indico, trouxerem chuva à região. Até lá, o
primeiro ministro, Narendra Modi, pede que a própria população encontre
uma solução para a crise. Já o sul da África sofreu com uma das
maiores escassezes de sua história no verão de 2018, segundo as
autoridades do país, de amplitudes inéditas por causa da ausência de
chuvas. O governo declarou estado de catástrofe natural em todo o
território nacional, principalmente pela situação da Cidade do Cabo, e
um plano de ação de caráter de urgência foi instaurado para conter a
crise de abastecimento. As reservas secaram e provisão de água ficou
comprometida durante semanas. A situação durou quase dois meses. Os
habitantes da cidade foram aconselhados a não utilizarem mais do que 50
litros de água por pessoa durante o dia. Para resguardar o próprio
consumo, marinheiros profissionais chegaram à situação inusitada de
propor navegar até a ilha de Gonçalo Alvares, a cerca de 2.600
quilômetro do Cabo, e rebocar um iceberg puxado por rebocadores e navios
de cisterna, uma viagem que custaria milhões de dólares, mas que
garantiria o abastecimento diário de 130 milhões de litros diários
durante um ano. Uma operação viável, segundo cientistas, e que aplacaria
a seca, caso fosse necessário - o que não ocorreu. A ONU é
alarmista em relação ao continente africano. Segundo a organização, em
2030, devido ao exponencial crescimento populacional e a expansão das
zonas áridas, o déficit de abastecimento per capita chegará a 40%, e
medidas eficazes para assegurar o acesso a água potável já estão sendo
discutidas, como adotar o modelo israelense de dessalinização das águas
oceânicas. Porém, a medida é analisada com cautela já que o método é
incrivelmente dispendioso por utilizar muita energia elétrica, e só
seria viável com o avanço das centrais solares do continente.
Tecnologias que podem amenizar a crise Em
Israel, um dos países que encabeçam a lista dos que sofrem estresse
hídrico, metade da água consumida vem da dessalinização, e tem
progredido nas instalações de mecanismos que permitem este processo. Até
2023, 85% de toda a água potável do país virá do mar. Pelo processo de
osmose inversa, uma força mecânica gerada por bombas de alta pressão faz
com que a água flua através de uma membrana, da solução mais
concentrada (água salgada/salobra, ou com impurezas) para a solução
menos concentrada, e uma membrana retém os sais e impurezas. Israel
é o país que mais utiliza a tecnologia no mundo. O território possui 5
usinas de dessalinização e está em vias de construir o sexto complexo,
que produzirá 200 milhões de metros-cúbicos de água potável. A
estratégia visa preparar Israel para enfrentar as baixas precipitações e
as secas repetidas na região, que se acentuam pelas mudanças
climáticas, conforme estudos.
Brasil quer ampliar dessalinização O
presidente Jair Bolsonaro manifestou o interesse de trazer a tecnologia
para o Brasil, a fim de contornar o problema da seca do semiárido
nordestino durante os períodos de estiagem. Porém, a tecnologia existe
no Brasil desde 2004, quando o governo federal lançou o programa ‘Água
Doce’. Coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, a ação atende 230
mil pessoas atualmente. O sistema, implantado em parceria com
instituições federais, estaduais e municipais, opera em 575 unidades nos
estados do Ceará, Paraíba, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas
e Bahia. 147 estações estão em obras, e os estados de Pernambuco, Minas
Gerais e Maranhão firmaram convênios, já em fase final de diagnóstico,
segundo reportagem d’O Globo. Os investimentos médios, de acordo com a
matéria, são de R$250 mil, considerando os custos do diagnóstico,
implantação, gestão, monitoramento e manutenção. Um sistema atende, em
média, 400 pessoas, informou o Ministério do Meio Ambiente.
Seca no nordeste brasileiro.
Creative Commons CC0 / Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, anunciou
nesta terça-feira (6) em reunião com do deputado federal Heitor Freire
que o bombeamento da terceira estação elevatória do eixo norte do rio
São Francisco será iniciado em 30 de agosto. A transposição é um plano
de ação para amenizar a situação do semiárido e garantir a distribuição
do recurso hídrico, projeto iniciado no governo Lula, e que agora o
governo Bolsonaro prossegue. A operação do eixo norte visa beneficiar a
região do Ceará. Esta é a última etapa do projeto de
transposição do São Francisco, e já se arrasta desde 2016. Apesar dos
sucessivos adiamentos por falta de recursos, 97% das obras já estão
executadas. Esta fase final foi prometida ser entregue pelo governo em
ainda em dezembro deste ano. A obra, em execução há 12 anos, foi orçada
em R$8,6 bilhões; serão construídos ao todo 700 quilômetros de canais, e
atualmente a estrutura já retira 1 milhão de pessoas do colapso
hídrico. Um problema que atingiu a maior megalópole brasileira A região do semiárido nordeste, outrora a que mais preocupava em relação à falta de água,
já não é a única em solo brasileiro. A maior metrópole do país sofreu
com a escassez nos últimos anos. De 2014 a 2017, o estado de São Paulo
atingiu níveis críticos de seca, e a distribuição de água ficou
seriamente comprometida, situação raras vezes registrada. A diminuição
drástica do Sistema Cantareira, um dos maiores reservatórios do mundo,
responsável por abastecer 8,8 milhões de habitantes, reduziu o volume
aquático até os 26,6%. O especialista em recursos hídricos da
Universidade Estadual Paulista Jefferson Nascimento de Oliveira afirma
que a seca na região Sudeste, em associação a fatores ligados à
infraestrutura e planejamento, foi a responsável pela pior crise
enfrentada na região. As causas vão desde a diminuição das chuvas do
Estado até o desmatamento, a ocupação desenfreada dos mananciais e a
falta de planejamento do governo de São Paulo.
Captura vídeo da barragem do sistema Cantareira.
globo.com
Neste período, toda a região sudeste passou por um período de
estiagens, e vários municípios entraram em sistema de racionamento. Em
2017, 266 municípios de Minas Gerais estiveram em situação de
emergência. Na capital paulista, no período mais crítico, o governo do
Estado de São Paulo implementou uma série de programas de descontos na
conta de energia para forçar a economia das famílias e conter o uso
excessivo do recurso, e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo, a Sabesp, operando quase no volume morto - aquele no qual não
é possível escoar - iniciou obras para que esse contingente de águas
pudesse ser utilizado. Segundo dados do Ibope, a população
paulistana acusou o governo de ser o grande responsável pela crise,
depois a Sabesp, a falta de chuva e a utilização inconsequente da
própria população. Em fevereiro de 2015, reportagem do jornal espanhol El País
revelou uma lista de 500 empresas que foram privilegiadas e continuaram
a receber abastecimento. Na relação de instituições, com data de
dezembro de 2014, há condomínios de luxo, bancos, hospitais, shoppings,
igrejas, indústrias, supermercados, colégios, clubes de futebol, hotéis e
entidades, como a Bolsa de Valores de São Paulo, a concessionária da
linha 4 do Metrô de São Paulo, a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos e a SPTrans. Num exemplo citado, o shopping Eldorado
consome por mês cerca de 20.000 m³, o mesmo que mais de 1.200 famílias
de quatro membros juntas, considerando que cada indivíduo gasta 130
litros por dia. Em julho de 2019, o Sistema Cantareira chegou a
operar com 55% da capacidade. Segundo o professor da USP e especialista
em Gestão Hídrica Pedro Côrtes, embora o nível atual seja considerado
adequado, ele tem que ser avaliado tendo em perspectiva o prognóstico
climático para o segundo semestre, devido ao fenômeno climático El Nino,
que provoca chuvas intensas. Ao final do inverno, a região da América
do Sul estará sob o efeito de uma fase neutra, o que pode provocar uma
estiagem. No ano passado, a cidade de São Paulo foi atemorizada
por um novo período de seca que durou aproximadamente 120 dias. O
Sistema Cantareira entrou em estado de alerta ao baixar para até 39,9%
da capacidade. O racionamento atingiu a região metropolitana, como as
cidades de Osasco, Diadema e São Bernardo. O governo de São Paulo vem
tentando tomar medidas em relação ao sistema de distribuição, mas o
plano do governador João Doria, de privatização da Sabesp, não se
confirma para este ano. O déficit da companhia chegou aos R$10 bilhões
em 2019. A escassez iminente dos recursos pela má utilização
deverá ser motivo de uma revisão de práticas que envolva inclusive os
governos. No Brasil, por exemplo, 80% de todo o recurso hídrico é
destinado ao agronegócio, e dados do Instituto Brasil de Estudos,
Pesquisas e de Gestão revelam que 38% da água distribuída pelas
companhias em 2017 foram desperdiçadas no repasse, o equivalente a sete
sistemas Cantareira, um prejuízo de R$11,4 bilhões ao ano. Outros dados
também assustam: somente para construir um carro, são gastos 400.000
litros de água. Em 2050, aproximadamente 40% da população já não terá
acesso a fontes potáveis, segundo o Instituto Brasil. Este
problema, que aumenta ano após ano, pode ser no futuro um motivo para
intensas crises migratórias, como destaca o pesquisador do Instituto
Humanitas Unisinos Mauricio Waldman. Ele cita alguns conflitos na África
do Sul, Israel, China e a Índia, que “estão com os olhos voltados para a
questão da água, essencial para que assegurem uma logística que atenda
suas demandas”, afirmou em entrevista na instituição. Ele alerta:
“Estamos diante de um cenário de disputas que descortinam um profundo
acirramento das tensões interestatais, tendo, como resultado direto,
conflitos abertos entre povos, etnias e nações pela posse da água”.