01.02.2019
Fabian Schmidt (av)
Cientistas suíços conseguiram ensinar vocábulos
desconhecidos durante o sono, provando que o cérebro assimila
informações em estado inconsciente. Mas o método não substitui o
aprendizado convencional.
Os seres humanos são capazes de aprender inconscientemente novos conceitos e fazer determinadas associações com eles. Isso demonstrou um experimento realizado pela professora de psicologia Katharina Henke, de Berna, Suíça, e seus colegas Marc Züst e Simon Ruch.
Os 41 participantes ficaram escutando durante o sono pares de vocábulos, através de fones de ouvido. Uma delas era inventada, a outra, um conceito conhecido, com uma característica típica. Após acordar, eles conseguiam recordar as palavras e seu significado, como relataram os pesquisadores na revista especializada Current Biology.
Assim, enquanto um dos voluntários escutou "guga – pássaro", para o outro o par era "guga – elefante". No dia seguinte, foram interrogados se "guga" era algo grande ou pequeno, se cabia numa caixa de sapatos. Se os vocábulos eram reproduzidos na breve fase do sono profundo designada up state, 60% dos participantes classificavam corretamente as palavras inventadas.
Falando à agência de notícias DPA, o coautor do estudo Marc Züst advertiu contra falsas interpretações dos resultados. O experimento de fato demonstra ser possível aprender com o inconsciente, porém não faz sentido colocar vocábulos como pano de fundo durante a noite, esperando que algo permaneça na memória: o barulho constante é antes uma fonte de perturbação para o sono saudável, podendo ter efeitos indesejados.
Ainda assim, a possibilidade de aprender inconscientemente pode ser aproveitada na terapia de diferentes doenças. Segundo Peter Young, presidente da Associação Alemã de Pesquisa e Medicina do Sono, trata-se de "uma nova dimensão da concepção de sono". Ele acha possível que os conhecimentos possam ajudar na reabilitação após acidentes ou doenças.
Há um bom tempo é sabido que aquilo que se aprende em estado consciente é consolidado no sono, lembra Young: "Quem toca flauta à noite em geral consegue tocar a peça melhor pela manhã, pois o efeito de aprendizagem se consolida com o bom sono."
O coautor Henke igualmente vê possíveis campos de aplicação para indivíduos com dificuldade de aprendizado. Seria pensável desenvolver um processo em duas fases, em que o aprendido em estado acordado seja complementado pelo aprendizado inconsciente durante o sono.
Fonte: DW
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