sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Como cientistas recriaram a voz de uma múmia do Egito de 3 mil anos

Como cientistas recriaram a voz de uma múmia do Egito de 3 mil anos

BBC
24/01/2020


Depois de 3 mil anos, cientistas conseguiram realizar o desejo manifestado por um sacerdote egípcio: ser ouvido após a morte.
A voz de Nesyamun foi reproduzida com um som parecido com uma vogal, que lembra o balido de uma ovelha.
O religioso viveu durante o reinado politicamente instável do faraó Ramsés 11, entre 1099 e 1069 a.C.
Como sacerdote em Tebas, Nesyamun precisava de uma voz forte para conduzir os rituais, que muitas vezes envolviam cantorias.
Quando ele morreu, sua voz se calou, mas agora uma equipe de pesquisadores a trouxe de volta à vida.
Direito de imagem Scientific Reports
Múmia de Nesyamun é submetida a tomografia computadorizada no Leeds General Infirmary 
Tomografia computadorizada forneceu as dimensões exatas do trato vocal de Nesyamun
Eles reproduziram a estrutura vocal de Nesyamun por meio de impressão 3D, após digitalizar a estrutura original para obter as dimensões exatas.
E, com o auxílio de uma laringe eletrônica que gera som, eles conseguiram sintetizar o som de vogal que se supõe ser semelhante à voz de Nesyamun.

Direito de imagem Scientific Reports
As duas metades da impressão 3D de Nesyamun 
O trato vocal artificial de Nesyamun, visto aqui em duas partes, foi criado usando a tecnologia de impressão 3D
Acredita-se que seja o primeiro projeto deste tipo a recriar com sucesso a voz de uma pessoa morta. No futuro, os pesquisadores esperam usar modelos de computador para recriar frases completas na voz de Nesyamun.
A pesquisa — realizada por acadêmicos do Royal Holloway, da Universidade de Londres, da Universidade de York e do Leeds City Museum — foi publicada na revista científica Scientific Reports na quinta-feira (23/01).
"(A técnica de recriação da voz) nos deu a oportunidade única de ouvir o som de alguém morto há muito tempo", afirma o coautor do estudo Joann Fletcher, professor de arqueologia da Universidade de York, no Reino Unido.
Ele disse à BBC que era uma "vontade expressa" de Nesyamun ser ouvido na vida após a morte, crença que fazia parte do sistema religioso do Egito antigo.
"Na verdade, está escrito em seu sarcófago — era o que ele queria", acrescenta Fletcher.
"De certa forma, conseguimos realizar esse desejo."

Os detalhes da técnica
Nos seres humanos, o trato vocal é a passagem por onde o som é filtrado. Esse som é produzido na laringe — mas só o ouvimos depois que ele passa pelo trato vocal.
Para copiar o som produzido pelo trato vocal de Nesyamun, as dimensões exatas desta estrutura foram refletidas no modelo impresso em 3D.

Direito de imagem Leeds Museums and Galleries
A múmia de Nesyamun está em exibição no Leeds City Museum 
A múmia de Nesyamun está em exibição no Leeds City Museum
Mas só é possível realizar este procedimento quando o tecido mole do trato vocal de um indivíduo está razoavelmente intacto. No caso de Nesyamun, como seu corpo mumificado estava bem preservado, a chance era grande — e, de fato, a equipe conseguiu confirmar a viabilidade por meio de tomografias computadorizadas realizadas no hospital Leeds General Infirmary, em Leeds, na Inglaterra.
Após ser digitalizado, o trato vocal de Nesyamun foi impresso em 3D — e a "voz" dele foi gerada por uma laringe eletrônica, método comumente usado nos sistemas modernos de sintetizador de fala.
Segundo Fletcher, o próximo passo dos pesquisadores será usar modelos de computador "para gerar palavras e uni-las para formar frases".
"Esperamos poder criar uma versão do que ele teria dito no templo de Karnak."

Quem foi Nesyamun?
Nesyamun era um sacerdote do templo de Amon, no complexo de Karnak, em Tebas (atual Luxor).
Ele era um sacerdote wab, o que significava que havia atingido um certo nível de purificação e, portanto, tinha permissão para se aproximar da estátua de Amon no santuário interno mais sagrado do templo.

Direito de imagem Leeds Museums and Galleries
Múmia de Nesyamun é submetida a tomografia computadorizada no Leeds General Infirmary 
Nesyamun era um sacerdote no templo de Karnak, na antiga Tebas
Estudos mostraram que Nesyamun tinha gengivite e deterioração severa dos dentes. Estima-se que ele tenha morrido aos 50 anos, possivelmente após uma reação alérgica grave.
Como a única múmia datada do reinado do faraó Ramsés 11, Nesyamun oferece informações importantes. A análise científica de seus restos mortais contribuiu para uma maior compreensão do Egito antigo.
A múmia de Nesyamun está em exibição no Leeds City Museum.

Fonte: BBC

Fala de Guedes sobre desmatamento contraria ciência e até 'mundo econômico' de Davos, diz cientista

Fala de Guedes sobre desmatamento contraria ciência e até 'mundo econômico' de Davos, diz cientista

22 janeiro 2020

Direito de imagem MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO
Carlos Afonso Nobre 
'O discurso do Paulo Guedes é muito desalinhado ao discurso do mundo econômico em Davos', afirma Nobre

O discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Fórum Econômico Mundial está na contramão não só das preocupações científicas globais, mas também do que tem manifestado o "mundo econômico" global entre os investidores, CEOs e lideranças internacionais presentes ao evento em Davos, na Suíça. Na terça-feira (21/01), Guedes afirmou que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza.
A avaliação é do climatologista Carlos Afonso Nobre, que também está em Davos e participou nesta quarta-feira (22/01) do painel Um Futuro Sustentável Para a Amazônia, debatendo o tema ao lado do presidente da Colômbia, Iván Duque, do ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e da naturalista Jane Goodall.
"O discurso do Paulo Guedes é muito desalinhado ao discurso do mundo econômico em Davos", afirmou Nobre, que conversou com a BBC News Brasil por telefone depois de participar do painel.
Segundo ele, a gravidade dos incêndios na Austrália, que devastaram a costa leste australiana nos últimos meses, bem como episódios na Califórnia e na Amazônia, elevaram o tom da preocupação com o clima entre CEOs, presidentes de multinacionais e lideranças globais do agronegócio que participam do evento.
"Esse discurso vai muito na contramão da tendência mundial, esse discurso [de Guedes] que parece defensivo: 'eu sou contra o desmatamento, mas é mais importante eliminar a pobreza', mas não é verdade."
A declaração do ministro foi dada quando ele comentava a relação entre indústria e meio ambiente. "O pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Eles [pessoas pobres] têm todas as preocupações que não são as preocupações das pessoas que já destruíram suas florestas, que já lutaram suas minorias étnicas, essas coisas... É um problema muito complexo, não há uma solução simples", declarou Guedes.
A fala do ministro continuou a repercutir hoje e chegou a ser citada por Gore em referência indireta durante o painel. "Hoje é amplamente entendido que o solo da Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazônia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas. Há, sim, respostas para a Amazônia, mas não esta."

Direito de imagem Valter Campanato/Agência Brasi
Paulo Guedes 
Guedes afirmou em Davos que 'o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza'
A repercussão negativa fez até Guedes tentar se explicar nesta quarta-feira em reunião com presidentes de multinacionais.
Segundo reportagem do site do jornal Valor Econômico, o ministro da Economia disse em encontro fechado à imprensa que na fala de ontem referia-se ao fato de que as maiores cobranças ao Brasil vinham justamente de países que já destruíram suas florestas, por fome e desconhecimento de seus habitantes em outras épocas, ou por ataques a minorias étnicas. Mas que nenhum país, nem o Brasil, quer ver suas florestas destruídas.
"Agora falei certo?", perguntou Guedes a interlocutores na saída da reunião em que, segundo o jornal, havia executivos de empresas como Iberdrola, Enel, Mastercard e Corporación Améric.

Discurso defensivo
Nobre afirma que é possível perceber "claramente" que o mundo empresarial global se preocupa cada vez mais com a questão ambiental.
"O mundo econômico está muito preocupado que, nessa trajetória em que nós vamos, o meio ambiente está ameaçado e o mundo dos negócios está ameaçado."
Ele acrescenta que, cada vez mais, fala-se no mundo empresarial em deforestation-free supply chains, algo que poderia ser traduzido amplamente como a preocupação com o impacto sobre as florestas dos produtos utilizados nas cadeias de suprimentos das grandes empresas.
"Já é uma boa notícia. Muito melhor isso do que alguém dizer, como disse nosso ministro da Economia, que o desmatamento é necessário para acabar com a pobreza na Amazônia. Pelo menos esse não é o discurso dos CEOs, das grandes corporações mundiais."
O cientista cita como exemplo da mudança de foco o fato de que, em seu 15º Relatório Global de Riscos, publicado neste ano, o Fórum Econômico Mundial afirma que, pela primeira vez desde que se começou a publicar o documento, todos os "principais riscos de longo prazo em relação à probabilidade" são ambientais.
Carlos Nobre tem amplo conhecimento do tema: ele é um dos principais cientistas brasileiros e tem importante papel como pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
Embora tenha se formado em engenharia pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1974, interessou-se pela área do meio ambiente desde o quarto ano do curso. Ingressou em 1975 no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, e liderou a implementação do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), complexo conjunto de mais de 100 estudos multidisciplinares e integrados, voltados para entender o funcionamento dos ecossistemas amazônicos em função das alterações do clima e das provocadas pelo uso da terra.
Preocupação com incêndios da Austrália
Além de debater no painel de hoje, Nobre foi um dos integrantes de um painel ontem em Davos sobre os efeitos dos incêndios na Austrália sobre o clima global. Nobre diz que, embora incêndios sazonais sejam comuns na Austrália, a frequência e a ferocidade do fogo nos últimos anos alarmaram a comunidade internacional, inclusive as lideranças econômicas.

Direito de imagem Getty Images
Incêndios na Austrália 
Nobre diz que, embora incêndios sazonais sejam comuns na Austrália, a frequência e a ferocidade do fogo nos últimos anos alarmaram a comunidade internacional
Na apresentação de ontem, em que ele participou de debate ao lado do ministro das Finanças da Austrália, Mathias Cormann, ele disse que é perceptível a mudança do tom do governo australiano em relação ao que se via até pouco tempo por parte do primeiro-ministro, Scott Morrison, que defende o setor do carvão independentemente dos efeitos sobre a natureza.
"Alguém pode falar 'ah, mas não é a mudança climática que causa incêndios. Os incêndios na Austrália são fenômenos naturais, causados por descargas elétricas que começam o fogo na vegetação seca, e essa vegetação seca, especialmente os eucaliptos, são totalmente adaptadas aos incêndios do passado'", diz.
"A comunidade aborígene da Austrália há 16 mil anos aprendeu a controlar os incêndios, eles monitoram, não deixam explodir. Mas isso eles sabiam sobre os incêndios do passado. Não os incêndios que estão se repetindo com essa velocidade, e com a ferocidade do que vimos esse ano, que foi recorde", afirmou. "Até o ministro das Finanças reconheceu que as mudanças climáticas estão tornando o problema mais grave, e isso já é um progresso muito grande."

'Desmatamento não tira ninguém da pobreza'
Nobre enfatizou que, na ciência ou na história da ocupação da Amazônia, jamais se observou alguma correlação entre o aumento do desmatamento de florestas e a redução da pobreza.
"Não há nenhuma evidência científica de nenhum estudo que o desmatamento da Amazônia acabou com a pobreza. A Amazônia continua a região mais pobre do Brasil", afirmou.
Ele destaca que, por décadas, desde os anos 70, a estratégia do Brasil em relação à Amazônia foi a de levar pessoas para lá com o intuito de ocupar os espaços para proteger território, inclusive estimulando o desmatamento por meio de financiamentos e crédito.
"Para liberar o empréstimo no banco tinha que mostrar a área desmatada. Foram levadas as pessoas para desmatar. Você pergunta: a preocupação do governo militar era reduzir a pobreza? Não. A preocupação do governo militar era o medo que eles têm de uma invasão internacional", diz.
"O modelo não avançou, transferiu pobreza de um lugar para outro. Aí as críticas internacionais [sobre o desmatamento] começaram a aumentar demais, e já na redemocratização, a partir do governo Sarney, em 1989, já começa a mudar essa regra. Nos anos 1990 pararam o financiamento para desmatamento. Nos anos 1990, por conta da pressão em função do desmatamento, o [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso aumentou para 80% a exigência de preservação da floresta."
"As populações amazônicas que vivem no campo elas continuam pobres, tanto na Amazônia quanto na maioria dos países de floresta tropical. Na África, a expansão e o crescimento demográfico estão afetando as florestas, mas eles continuam muito pobres. Mais pobres até que em qualquer outro lugar dos trópicos. Então não existe correlação entre eliminação da pobreza da população como um todo e desmatamento. Não existe no sudeste asiático, não existe na África e não existe na Amazônia."
Para o climatologista, a estratégia de invocar a redução da pobreza em eventos do porte do fórum de Davos tampouco é nova.
"Eu tenho 68 anos, eu nunca vi na minha vida nenhum presidente do Brasil, inclusive no regime militar, que não dissesse que a principal preocupação dele era a redução da pobreza. É, lógico, um país pobre como o Brasil, que nunca se tornou desenvolvido, em que 50% da população são pobres, que o presidente tem que falar isso. Todos falam."

Fonte: BBC

A missão espacial que vai criar 'impressão digital' da Terra e ajudar a combater mudanças climáticas

A missão espacial que vai criar 'impressão digital' da Terra e ajudar a combater mudanças climáticas



22 janeiro 2020


Direito de imagem UKSA/NPL
Ilustração do satétilte Truths 
Ilustração: Truths trabalhará com outros satélites para calibrar e validar suas observações

O Reino Unido vai liderar uma missão espacial para fazer uma medida absoluta da luz refletida na superfície da Terra.
As informações serão usadas para calibrar as observações de outros satélites, permitindo que seus dados sejam comparados com mais facilidade.
Os planos para desenvolvimento da nova sonda, chamada de Truths, foram aprovados em novembro pelos países da Agência Espacial Europeia (Esa, na sigla em inglês).
O objetivo é que os dados ajudem a reduzir a incerteza nas projeções de futuras mudanças climáticas.
Cientistas e engenheiros se reuniram na terça-feira (22/01) para começar o processo. Representantes da indústria do Reino Unido, Suíça, Grécia, República Tcheca e Romênia se reuniram no centro técnico da Esa, na Inglaterra.
A fase inicial do projeto conta com financiamento de 32,4 milhões de euros (R$ 160 milhões). A liderança científica da missão ficará sob responsabilidade do Laboratório Nacional de Física do Reino Unido (NPL, na sigla em inglês).
O NPL é o guardião dos "padrões" no Reino Unido — tem as referências para o quilograma, o metro, o segundo e todas as outras unidades usadas no sistema internacional de medição.
É nesse laboratório que se mede com precisão, por exemplo, a intensidade de uma fonte de luz — algo que pode ser feito usando um dispositivo chamado radiômetro criogênico.
E o objetivo da missão Truths é colocar um instrumento desses em órbita.

Mapa da luz
Trabalhando em conjunto com uma câmera hiperespectral, o radiômetro fará um mapa detalhado da luz solar refletida na superfície da Terra — e de seus desertos, campos de neve, florestas e oceanos.
O mapa deve ter uma qualidade tão boa que é esperado que se torne a referência padrão para todas as outras missões espaciais de imagem, que poderão ajustar e corrigir suas próprias observações.
Isso pode simplificar a comparação das imagens de diferentes satélites, não apenas das missões que voam hoje, mas também daquelas que há muito foram aposentadas e cujos dados agora estão em arquivos.

Direito de imagem NASA/DSCOVR/EPIC
Terra 
Fase inicial do projeto tem financiamento de 32,4 milhões de euros (R$ 160 milhões)
Um dos grandes objetivos da missão Truths é, ao medir a luz refletida pela Terra com tanta precisão, estabelecer um tipo de "impressão digital climática" que uma versão futura do satélite, 10 a 15 anos depois, pode refazer.
"Ao fazer isso, seremos capazes de detectar mudanças muito antes do nosso sistema de observação atual", explicou Nigel Fox, professor da NPL.
"Isso nos permitirá limitar e testar os modelos de previsão climática. Portanto, saberemos mais cedo se as temperaturas previstas que os modelos estão nos dando são consistentes ou não com as observações".
Um grande plano de como implementar a missão Truths deve estar pronto até a próxima grande reunião de pesquisadores dos Estados-membros da Esa, em 2022.
O trabalho de viabilidade também precisará chegar a um custo total para o projeto, provavelmente por volta de 250 a 300 milhões de euros (R$ 1,2 a 1,4 bilhão).
Exceto por obstáculos técnicos, os ministros devem dar sinal verde à missão com um lançamento em 2026.
O Reino Unido deve arcar com a maior parte do custo da implementação da missão.
"O NPL é notável. Tem o 'tempo padrão' para o mundo, tem o padrão do metro. Gostamos de pensar em nós mesmos liderando na área de mudanças climáticas, por isso devemos fornecer a referência padrão para radiação da Terra", disse Beth Greenaway, chefe de observações da Terra e clima da Agência Espacial do Reino Unido.
Truths é um acrônimo, em inglês, para "Radiometria Rastreável de Apoio aos Estudos Terrestres". Será sensível à luz na parte visível e no infravermelho próximo do espectro eletromagnético.
A Esa concordou recentemente em implementar outra missão liderada pelo Reino Unido chamada Forum, que mapeará a radiação da Terra de forma mais precisa.

Fonte: BBC

Bitucas de cigarro são a maior parte do lixo em praias brasileiras

Bitucas de cigarro são a maior parte do lixo em praias brasileiras


Estudo mostra também tampas, plásticos, pirulitos e metais


Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil São Paulo
23/01/2020 - 15:27

Rio de Janeiro - Lixo vindo do mar coletado na areia da praia de Botafogo. (Fernando Frazão/Agência Brasil) 
Fernando Frazão/Agência Brasil



Um estudo inédito revelou que os banhistas que frequentam as praias no país dividem espaço, a cada trecho de 8 quilômetros (km), com mais de 200 mil bitucas de cigarro, 15 mil lacres, tampas e anéis de lata, 150 mil fragmentos de plásticos diversos, 7 mil palitos de sorvete e churrasco e 19 mil hastes plásticas de pirulitos e cotonetes.

Os dados são resultado da segunda fase do projeto Lixo Fora D’Água, que visa combater as fontes de poluição marinha por resíduos sólidos, coordenado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e um acordo de cooperação com Secretaria de Meio Ambiente de Santos, com apoio da Agência de Proteção Ambiental da Suécia.

O projeto existe desde 2018 e nesse período identificou que as três principais fontes de vazamento de lixo e resíduos para o mar são as comunidades nas áreas de palafitas, os canais de drenagem que atravessam a malha urbana e a própria orla da praia em sua faixa de areia.

De acordo com o estudo, entre os resíduos mais encontrados e em maior quantidade nas praias estão os materiais plásticos e de forma variada, como plástico filme, pequenos tubos plásticos, hastes plásticas e isopor (52,5%); a bituca de cigarro, responsável por 40,4% do lixo coletado; e borracha, metal, madeiras, embalagens e outros (7,11%).

“Os resultados desse projeto inédito são fundamentais para enfrentar o problema do lixo no mar. Mais do que limpar praias e retirar resíduos do oceano, o plano de ação permitirá às cidades o desenvolvimento de melhores práticas para evitar que os resíduos continuem a poluir o estuário e a orla da praia”, disse o diretor presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.





Rio de Janeiro - Microlixo vindo do mar coletado na areia da praia de Botafogo. (Fernando Frazão/Agência Brasil) 
Microlixo vindo do mar coletado na areia da praia de Botafogo - Fernando Frazão/Agência Brasil

Operação Areia Limpa

Com base nos números apurados a Abrelpe decidiu criar a Operação Areia Limpa, que começa no dia 25 de janeiro e dura um mês. Serão escolhidas duas barracas na praia de Santos, litoral de São Paulo, que receberão mobília e acessórios novos, como mesa de apoio com lixeira; taças e copos retornáveis; canudos compostáveis que serão segregados e, ao final do projeto, levados para compostagem; bituqueiras ‘individuais' de bambu; e carrinho coletor (de 100 litros) para limpeza frequente ao longo do dia. Haverá ainda placas sinalizadoras e um "cardápio" com informações sobre descarte e sobre a operação.

“É a primeira vez que uma ação de prevenção e combate ao lixo no mar é pensada e implementada a partir de estudos metodológicos multissetoriais, com a execução idealizada a partir da prototipagem de soluções que tenham viabilidade econômica, técnica e operacional com vistas à mudança de comportamentos para que se possa alcançar o objetivo maior de reduzir a quantidade de resíduos que vão parar no mar”, explicou Filho.

Indicadores internacionais mostram que cerca de 80% do lixo marinho tem origem no ambiente terrestre. No Brasil, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos, quantidade suficiente para cobrir 7 mil campos de futebol.

O Projeto Lixo Fora D’Água acontece simultaneamente em outras seis cidades litorâneas: Balneário Camboriú (SC), Bertioga (SP), Fortaleza (CE), Ipojuca (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA). Para essas cidades também serão elaborados diagnósticos individualizados. As ações de prevenção, limpeza e monitoramento do lixo no mar serão desenvolvidas e implementadas com base no aprendizado desenvolvido inicialmente em Santos.

Fonte: EBC

Alterações climáticas provocam instabilidade e incerteza, diz Guterres

Alterações climáticas provocam instabilidade e incerteza, diz Guterres


Problema ameaça existência humana, destaca secretário-geral da ONU


RTP, emissora pública de TV de Portugal Lisboa 
23/01/2020 - 19:28

Secretário-geral da ONU, António Guterres 
Mark Garten/ONU



O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, identificou, em uma intervenção no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o que chamou de "Quatro Cavaleiros do Apocalipse", que provocam atualmente incertezas e instabilidade no mundo: alterações climáticas, desconfiança dos cidadãos, tensões geopolíticas e ameaças tecnológicas.

Entre as quatro ameaças assinaladas, Guterres destacou as alterações climáticas que, pela primeira vez na história da humanidade, estão impondo, segundo ele, um limite físico e real às possibilidades de crescimento.

O secretário-geral da ONU acrescentou que é "absolutamente necessário" admitir que as alterações climáticas são uma ameaça à existência humana e que estão progredindo mais rápido do que o esperado.


Fonte: EBC

Calor de erupção do monte Vesúvio transformou cérebro de vítima em vidro

Calor de erupção do monte Vesúvio transformou cérebro de vítima em vidro


BBC
23 janeiro 2020



Direito de imagem The New England Journal of Medicine/Dr Pier Paolo
O estudo conclui que o material encontrado é um pedaço de um cérebro humano vitrificado
O estudo conclui que o material encontrado é um pedaço de um cérebro humano vitrificado

O calor da mais notória erupção do Monte Vesúvio, na Itália, foi tão extremo que transformou o cérebro da uma das vítimas em vidro, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (23), na revista científica New England Journal of Medicine.
O famoso vulcão teve uma erupção no ano 79 d.C., matando milhares de pessoas e destruíndo assentamentos romanos na região onde hoje fica Nápoles.
O vilarejo de Herculaneum e seus habitantes foram soterrados por material vulcânico. O local virou um enorme túmulo, preservando os restos mortais de quem estava por ali.
Recentemente, uma equipe de pesquisadores estudou um dos corpos mumificados, desenterrado no vilarejo em uma escavação nos anos 1960, e retirou fragmentos de um material negro e envidraçado do crânio da vítima.
Os pesquisadores acreditam que o material negro é formado pelos restos vitrificados do cérebro do homem.


Direito de imagem Getty Images
Sítio arqueológico de Herculaneum, na Itália
O Vesúvio enterrou o vilarejo de Herculaneum em cinzas e lava
O estudo explica que vitrificação é um processo no qual um material, normalmente areia, é aquecido a altas temperaturas e resfriado rapidamente, formando vidro.
Fragmento raro
"A preservação de um cérebro antigo é algo extremamente raro, muito difícil de encontrar", diz o antropólogo forense Pier Paolo Petrone, da Universidade de Nápoles Frederico 2º, principal autor do estudo.
"Essa é a primeira vez que encontramos restos de cérebro humano vitrificados por calor."


Direito de imagem New England Journal of Medicine/Pier Paolo
Fragmentos de um cérebro vitrificado
Fragmento encontrado pelos pesquisadores nas ruínas de Herculaneum
Os pesquisadores acreditam que a vítima era um homem de pouco mais de 20 de idade. Ele foi encontrado deitado em uma cama da madeira, enterrado por material vulcânico, em Herculaneum. Ele provavelmente foi morto instantaneamente pela erupção, diz Petrone.
Uma análise da madeira queimada encontrada perto do corpo mostrou que a temperatura máxima atingida foi de 520° C.


Direito de imagem The New England Journal of Medicine/Dr Pier Paolo
Corpo de uma vítima do vulcão, que explodiu no ano 79
A vítima foi encontrada deitada em uma cama da madeira, enterrada por material vulcânico
Essa altíssima temperatura significa que "o calor extremo irradiado foi capaz de incendiar a gordura corporal e vaporizar tecidos macios", antes de uma "rápida queda de temperatura".
O estudo conclui que houve vitrificação de tecido cerebral humano com base em vários indícios: a detecção de material envidraçado na cabeça da vítima, além de proteínas que existem no cérebro humano e de ácidos graxos que existem no cabelo humano.
O material envidraçado não foi encontrado em outros locais do sítio arqueológico.
Durante a erupção do Vesúvio, Herculaneum foi enterrada por rios de lava, rápidas correntes de rocha fragmentada, cinzas e gases quentes.
O material vulcânico carbonizou e preservou parte da cidade, incluindo os esqueletos de moradores que não conseguiram escapar.
Arqueólogos investigam há séculos as ruínas de Herculaneum e de Pompeia — outro vilarejo romano famoso por ter sido destruído pelo Vesúvio.

Fonte: BBC

Krakatoa, o inferno de Java: a erupção há 137 anos que foi sentida no planeta inteiro

Krakatoa, o inferno de Java: a erupção há 137 anos que foi sentida no planeta inteiro


BBC
24/01/2020

Em 1883, o mundo presenciou um evento natural tão bombástico e violento que pôde ser notado de alguma forma por praticamente todos os habitantes do planeta.
A erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, lançou detritos a até 100 km de altura, causou megatsunamis que mataram milhares de pessoas e foram percebidos até no Canal da Mancha. O fenômeno alterou o clima do planeta, mexeu com a luz, com o ar e até com as cores do crepúsculo em vários cantos da Terra. Além disso, teve grande — e talvez pouco conhecido — impacto no mundo das artes, das comunicações e da ciência.
A história desse extraordinário evento é contada em um podcast da série Que História!, da BBC Brasil, que traz, também, o depoimento de uma testemunha da erupção, encontrado nos arquivos da BBC. 

Tiro de canhão
A pequena ilha de Krakatoa, no meio do estreito de Sunda, entre as grandes ilhas de Sumatra e Java na Indonésia, foi praticamente destruída no dia 27 de agosto de 1883, uma segunda-feira, pela explosão de um vulcão. As erupções tinham começado no domingo, mas a mais violenta delas foi a terceira erupção da segunda-feira, uma explosão gigantesca, um barulho tão alto que foi ouvido a 5 mil quilômetros de distância, nas ilhas Mauricio — onde se achou que era um tiro de canhão dado por um navio.
Imagine um som gerado no Rio de Janeiro, que cruza o Atlântico e é ouvido em Dakar, no Senegal. Não à toa, a explosão do Krakatoa é tida até hoje como o som mais alto já ouvido na História. Foi tão poderoso que há relatos de ter rompido os tímpanos de marinheiros que estavam a dezenas de quilômetros de distância.


Direito de imagem Getty Images
Ilustração do Krakatau antes da erupção de 1883 
Ilustração do Krakatoa antes da erupção de 1883
"As reverberações das explosões foram inacreditáveis, é difícil descrever o barulho e o caos que eu presenciei", disse à BBC, em 1946, Sidney Baker, que na época do Karakatoa era um adolescente no navio de seu pai, o W.H. Besse, de bandeira americana, que viajava de Batávia (nome da então capital das Índias Orientais Holandesas, atualmente Jacarta, capital da Indonésia) aos Estados Unidos. O navio estava no Oceano Índico a noroeste de Krakatoa.
"O ar tinha tanta poeira, que a gente achou que fosse sufocar. E estava tão escuro, que você não conseguia ver a mão colocada na frente do rosto. E as cinzas choviam no mar... Sobre o navio havia quase 20 centímetros de camadas de cinzas", contou Baker.
Simon Winchester, o autor de Krakatoa, The Day the World Exploded (Krakatoa: o Dia em que o Mundo Explodiu, em tradução livre) dá uma ideia da destruição deixada pelo vulcão em entrevista ao programa Witness History, da BBC.
"Precisamente às 10h e 5 minutos locais, a ilha, basicamente de 10 quilômetros cúbicos, foi desintegrada por uma explosão, que lançou rochas e cinzas a até 100 quilômetros de altura. A ilha desapareceu, e deixou, por alguns segundos, um enorme buraco no mar. Esse buraco foi enchido por trilhões de toneladas de água. Estava tão quente no interior desse buraco que a água imediatamente se converteu em vapor. Esse vapor causou tsunamis gigantes, quatro ao todo, que causaram um enorme estrago nas costas de Sumatra e Java."


Direito de imagem Tropenmuseum/Netherlands
Foto do Tropenmuseum 
À direita, homem posa ao lado de coral arremessado pela erupção do Krakatoa sobre região de Anjer, na ilha de Java, em foto de cerca de 1885
E não foi apenas a cratera e o vapor que causaram os tsunamis, mas também a enorme quantidade de água deslocada pela lava, rochas e outros detritos expelidos pelas erupções. Vários vilarejos e cidades costeiras na Indonésia foram invadidas pelas ondas e completamente inundados. Entre elas, a cidade de Anjer, na ilha de Java.
"O barco de meu pai estava a caminho de Anjer" contou Sidney Baker, "e a cidade desapareceu completamente sob a água. A gente estava navegando por cima dela. Me lembro de ouvir meu pai dizendo que se jogasse uma âncora, ela ficaria presa na chaminé de uma casa."
"O mar estava cheio de toda espécie de destroços. Vilarejos levados pela água, corpos por tudo o que é lado."
Os tsunamis mataram cerca de 40 mil pessoas nas cidades costeiras do estreito de Sunda, e avançaram pelos oceanos Índico e Pacífico.
Segundo Winchester, as ondas "chegaram à costa leste da África e subiram o Atlântico". "Marégrafos (aparelhos medidores das variações do nível do mar) detectaram as ondas empurradas pelos tsunamis em lugares distantes como Biarritz, na França, o Canal da Mancha e Portland, na costa oeste americana."

O céu, o ar e as cores
E não foi apenas nos oceanos que o Krakatoa deixou sua marca. A incrível força da explosão liberou uma energia estimada em 200 megatons — mais de 10 mil vezes a força da bomba atômica de Hiroxima. Isso criou uma onda de pressão que deu a volta no planeta três vezes.


Direito de imagem William Ascroft/Science Museum
desenho de William Ascroft 
Crepúsculo sobre o rio Tâmisa em Chelsea, Londres, em 26 de novembro de 1883, em desenhos em pastel de William Ascroft
Os efeitos da luz do sol refratada pelas partículas na estratosfera expelidas pelo vulcão mexeram com a aparência dos crepúsculos e das auroras. "Quando chegamos em casa, nos Estados Unidos, notamos que isso estava acontecendo no mundo inteiro."
Descrições da época dão conta de crepúsculos extraordinariamente vívidos e brilhantes, que teriam inspirado poetas e pintores em lugares distantes como a Europa.
"Um pintor em Chelsea, Londres, William Ascroft, ficou encantado com os deslumbrantes tons de roxo, vermelho e laranja do pôr do sol — pelo que hoje sabemos ter sido o efeito da poeira suspensa na estratosfera —, e produziu, no inverno de 1883, à beira do Tâmisa, centenas de aquarelas que parecem fotos e dão uma ideia do fenômeno", disse Winchester.


Direito de imagem William Ascroft/Science Museum
Esboços de William Ascroft 
Dez esboços do pôr do sol em Chelsea, pintados em 8 de setembro de 1883 por William Ascroft
"E nos Estados Unidos também. Teve um pôr do sol tão intenso em Poughkeepsie, uma cidade à beira do rio Hudson, no Estado de Nova York, que os bombeiros enviaram carruagens com água achando que havia um incêndio na beira do rio. Chegando ali, viram que não havia fogo algum, apenas esse pôr do sol extraordinário. E hoje, muitos especialistas estão convencidos de que o famoso quadro O Grito, de Edvard Munch retrata um céu de intenso laranja e roxo, que teria sido inspirado nesse céu."
Para Winchester, a explosão do Krakatoa também marcou uma grande mudança no mundo das comunicações, pois teria sido o primeiro grande evento noticiado em rede global.
"Quando (Abraham) Lincoln, o presidente americano, foi assassinado, cerca de 20 anos antes, demorou 12 dias pra que a notícia chegasse a Londres. Mas, nesse meio tempo, houve avanços na tecnologia de instalar cabos de telégrafo atravessando os oceanos. E isso permitiu que uma mensagem enviada pelo correspondente da agência Reuters em Java — "explosão gigante, Krakatoa, vários mortos" — chegasse a Batávia e de lá fosse telegrafada a Londres, onde chegou quatro minutos depois. E pouco depois chegava a várias cidades do mundo. Eu acho que a erupção do Krakatoa e a cobertura desse evento marca o nascimento do que a hoje a gente conhece como aldeia global."
O establishment da ciência, liderado na época pela Royal Society, a tradicional academia de ciências do Império Britânico, queria entender as possíveis razões para que os efeitos do Krakatoa fossem sentidos em lugares tão distantes. Essas pesquisas levaram à descoberta das correntes de ar na atmosfera. E os cientistas começaram a entender que o mundo era governado por forças globais.


Direito de imagem Getty Images
Vulcão Anak Krakatau. Foto: Agosto 2018 
O Anak Krakatoa em foto aérea de agosto de 2018, o "filho do Krakatoa" emergiu da caldeira do vulcão original em 1929
"Foi o primeiro evento que fez o mundo entender que era uma entidade interconectada", disse Winchester. "Coisas que hoje a gente aceita naturalmente, como aquecimento global, aumento dos níveis do mar, tudo isso vem da percepção de um mundo interconectado que nasceu com a erupção do Krakatoa."
Os efeitos da explosão de 27 de agosto de 1883 foram sentidos por muito tempo. A queda na temperatura média global no ano seguinte, chuvas recordes nos Estados Unidos e um aumento na concentração de ácido sulfúrico nas nuvens, tudo isso foi atribuído ao vulcão.
Há estimativas de que o clima só voltou ao normal cinco anos depois, em 1888.
O pôr do sol roxo, vermelho, laranja, infelizmente nunca mais deu as caras, mas a mesma ilha do Krakatoa voltou a causar destruição e mortes em 2018, com a erupção do Anak Krakatoa — nome indonésio que quer dizer "filho de Krakatoa". O Anak Krakatoa emergiu da caldeira deixada pela explosão do Krakatoa em 1929, tem crescido em tamanho desde então e hoje tem cerca de 2 km de diâmetro.


Direito de imagem Reuters
Vulcão Anak Krakatau. Foto: 23 de dezembro de 2018 
O Anak Krakatoa em 23 de dezembro de 2018
Em dezembro passado, uma violenta erupção do Anak provocou um tsunami que matou quase 300 pessoas e deixou mais 1 mil feridos. 

Fonte: BBC

Nova espécie de macaco foi descoberta na Amazônia

Nova espécie de macaco foi descoberta na Amazônia


Apelidado carinhosamente de “zogue-zogue dos Parecis”, o primata foi encontrado na região da Chapada dos Parecis, entre o Mato Grosso e Rondônia


Repórter Nacional - Amazônia

No AR em 24/01/2020 - 09:16



A descoberta foi publicada recentemente em forma de artigo na revista Primate Conservation, um dos principais periódicos de pesquisas sobre conservação de primatas do mundo.

O texto é de autoria de Almério Câmara Gusmão, pesquisador da Universidade do Estado de Mato Grosso. Além dele, o estudo contou com a contribuição de 15 pesquisadores de 9 instituições nacionais e estrangeiras.

O cientista explica que o macaco é da espécie Plecturocebus. As primeiras populações da espécie foram encontradas em 2011 nos municípios rondonienses de Pimenta Bueno e Vilhena.

Ele conta que o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foram as cores do animal, que são muito diferentes da pelagem branca típica do Plecturocebus ja conhecidos. Durante o processo de investigação, foram mais de 50 variáveis investigadas.

Gusmão ainda explica que o macaco zogue-zogue corre risco de extinção porque a espécie vive em áreas com altos índices de desmatamento.

Agora, os pesquisadores esperam que a espécie Plecturocebus Parecis seja incluída na lista de animais quase ameaçados de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza.

A organização reúne dados com graus de ameaça das espécies no mundo e elabora planos para manter a conservação dos bichos.

Ouça a entrevista completa clicando aqui.

Fonte: EBC