sexta-feira, 29 de maio de 2020

Petrobras e IBP vão financiar projetos de ventiladores pulmonares


Petrobras e IBP vão financiar projetos de ventiladores pulmonares

Equipamento é necessário para pacientes com a covid-19

Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
28/05/2020 - 18:50

Dispositivo de respiração artificial especial em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

© Reuters / Kai Pfaffenbach / Direitos Reservados


Iniciativas para a produção de ventiladores pulmonares poderão contar com aporte de R$ 1,4 milhão para o desenvolvimento de projetos. A Petrobras e o Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) lançaram hoje (28) edital público voltado para universidades, institutos tecnológicos e empresas que dominem a tecnologia dos equipamentos, necessários para os pacientes com a covid-19.

O apoio não é só para a pesquisa clínica, mas também para os processos de registro e fabricação de ventiladores de baixo custo e baixa complexidade, destinados a hospitais públicos de todo país. 

Os interessados devem inscrever seus projetos de hoje (28) a 2 de junho, seguindo as instruções do edital, que pode ser acessado na página do IBP na internet.

O primeiro conjunto de projetos será apoiado na etapa crítica de passagem dos chamados testes in vitro (testes de desempenho com uso de pulmão artificial) para os testes in vivo (com animais e seres humanos). O edital prevê financiamento à produção do primeiro lote de 200 ventiladores, incluindo compra de componentes e montagem. Para essa etapa, só poderão se candidatar projetos já registrados na Anvisa ou autorizados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), para a realização de pesquisa clínica expandida.

“Estamos considerando o custo de R$ 5 mil por ventilador, no modelo de baixa complexidade, contra a média de R$ 50 mil do equipamento tradicional. Nossa prioridade é ajudar na aceleração dessa produção, tão crítica para o enfrentamento da doença no Brasil”, destacou Luiz Paschoal, líder da iniciativa na Petrobras.

Edição: Fernando Fraga 

Fonte: EBC

Universidade Federal do Rio de Janeiro estuda abertura pós-pandemia

Universidade Federal do Rio de Janeiro estuda abertura pós-pandemia


Aulas na UFRJ estão suspensas desde 16 de março

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro 
28/05/2020 - 13:34

Universidade Federal do Rio de Janeiro

© Universidade Federal do Rio de Janeiro



Ainda sem data para o retorno das aulas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estuda formas de retomar as atividades docentes de forma remota ou presencial reduzida, após a diminuição da crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19. É para evitar o cancelamento do semestre letivo. As atividades de pesquisa e hospitalares não pararam, principalmente as ligadas ao enfrentamento do novo coronavírus.

As aulas na universidade estão suspensas desde 16 de março, apenas uma semana após terem começado, e não há definição sobre o ingresso de alunos para o segundo semestre, já que nem a matrícula da terceira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do primeiro semestre foi concluída.

O grupo de trabalho (GT) pós-pandemia analisa as possibilidades de cenário, com base em informações colhidas pelo GT Coronavírus, em atividade desde janeiro. A reitora Denise Pires explicou, em entrevista publicada no site da universidade, que primeiro serão identificadas as disciplinas com possibilidade de serem dadas de forma remota, bem como os estudantes que não têm acesso à internet.

“A segunda fase é analisar a infraestrutura da universidade e identificar as salas de aula que poderão ser usadas na [fase] pós-pandemia. Nem todas funcionarão. E também queremos montar, se houver orçamento, estruturas como salas de estudo amplas, ventiladas e com acesso à internet de qualidade para os estudantes que têm dificuldade de estudar em casa. A Ilha do Fundão [na zona norte da cidade, onde fica a Cidade Universitária] tem espaço para isso”, disse.

A reitora nomeada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho fala durante evento em comemoração aos 201 anos do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.
Reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho traça planos para reduzir efeitos da pandemia na universidade   (Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil)

Segundo a reitora, isso pode acontecer no fim de 2020 ou início de 2021, considerando a possibilidade de o novo coronavírus ainda estar circulando na cidade no próximo ano. 

Inclusão digital
De acordo com o levantamento feito pela universidade, 50% dos alunos, servidores e professores têm banda larga em casa e de 10% a 20% dos alunos, incluindo a pós-graduação, precisam de ajuda para conseguir um equipamento e acesso à internet, o que totaliza entre 10 e 15 mil pessoas.

“Nossa ideia é conseguir acesso a todos eles. Segundo os dados informados pelos alunos no momento da matrícula, 4 mil não têm computador em casa. Estamos partindo desse número, mas a gente sabe que essas condições mudam ao longo do tempo porque é muito comum o aluno sair da sua cidade para vir estudar na UFRJ e ir morar numa república”, explicou a reitora.

Apesar de não haver orçamento na universidade para fazer a inclusão digital de todos os alunos, Denise disse que irá pedir auxílio emergencial para isso ao Ministério da Educação. 

Segundo ela, pode ser implantado um sistema de ensino “remoto emergencial híbrido”, com aulas ao vivo, mas que fiquem gravadas para acesso posterior por quem não conseguir acompanhar em tempo real. Sobre aulas presenciais, a reitora afirma que elas só retornarão quando houver um tratamento definitivo para a covid-19.

“É muito difícil imaginar como a curva vai evoluir na cidade do Rio. Mas ensino presencial com turmas completas, com certeza, não há chance. A menos que se descubra um medicamento ou uma associação medicamentosa que cure a doença. Esse medicamento não existe ainda”, explicou.

Auxílio estudantil
A UFRJ disponibilizou cinco auxílios emergenciais para os estudantes durante a pandemia. Segundo a Pró-Reitoria de Políticas Estudantis, a concessão será automática para 3.087 estudantes já incluídos em programas sociais da universidade.

Moradores nos campi Cidade Universitária e Macaé receberão R$ 460 enquanto durar a suspensão das atividades acadêmicas presenciais. Os que já possuem gratuidade nos restaurantes universitários terão R$ 200 por três meses, com a possibilidade de renovação por mais três.

Os beneficiários do Auxílio Transporte Municipal Caxias e do Auxílio Transporte Municipal Macaé receberão R$ 250, enquanto durar a suspensão das atividades acadêmicas presenciais. Para os que possuem o Auxílio Transporte Intermunicipal, R$ 400.

Foi criado, ainda, o Auxílio Emergencial Entrega de Refeições. É para os estudantes moradores da residência estudantil e da vila residencial da Cidade Universitária. O objetivo é evitar deslocamentos, com a entrega gratuita de almoço e jantar nos locais de moradia.

Edição: Kleber Sampaio 

Fonte: EBC

Repositório ALICE

Repositório ALICE

Composto por informações científicas produzidas por pesquisadores da Embrapa e editadas em capítulos de livros, artigos em periódicos indexados, artigos em anais de congressos, teses e dissertações, notas técnicas, entre outros tipos de publicações, o repositório Alice contribui para o aumento do impacto dos resultados de pesquisa e para maior visibilidade da Embrapa e do trabalho de seus pesquisadores.

Acesse agora : https://www.alice.cnptia.embrapa.br/

Você sabia que o levantamento bibliográfico é um dos serviços oferecidos pelas bibliotecas da UFF?

Você sabia que o levantamento bibliográfico é um dos serviços oferecidos pelas bibliotecas da UFF?


Este é um serviço de extrema importância, especialmente para aqueles que estão na fase inicial de uma pesquisa e precisam consultar documentos (livros, periódicos, artigos, etc.) que forneçam informações sobre a temática em questão.
Apesar de estarmos distantes fisicamente, e de não termos como emprestar os livros que se encontram na biblioteca, podemos trabalhar com fontes disponíveis online, bem como fornecermos referências daquilo que está disponível na biblioteca. Desse modo, quando a situação se normalizar, você já terá listado tudo o que precisa.

As bibliotecas da UFF disponibilizam esse serviço, que é feito sob demanda por um(a) bibliotecário(a). Por isso, entre em contato conosco!


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Comunidade UFF: Acesso a Normas Técnicas Atualizadas

Comunidade UFF: Acesso a Normas Técnicas Atualizadas 

Precisa de normas técnicas atualizadas para realização de algum trabalho e não sabe onde localizar? O sistema Pergamum disponibiliza esse material para a comunidade acadêmica através da integração Pergamum-UFF e Target Gedweb. Quer saber como? Assista o vídeo!   
Se precisar de mais informação ou alguma ajuda entre em contato conosco!
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Campanha Engenharia Solidária UFF completa um mês

Campanha Engenharia Solidária UFF completa um mês

Escola de Engenharia da UFF
28/05/2020

Hoje a nossa campanha Engenharia Solidária UFF completa um mês!
Mais de 30 famílias já receberam as cestas básicas graças a todos os embaixadores, voluntários, doadores e parceiros que têm caminhado conosco em busca de ajudar os vulneráveis durante a pandemia.

Confira a prestação de contas do nosso primeiro mês em https://bit.ly/EngSolidáriaUFFcontas01
Para que mais famílias recebam apoio nesse momento delicado, confira em nosso formulário como apoiar: https://bit.ly/2zk9O3f
AJUDE DOANDO POR TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA:
Banco Itaú
Ag 9371
Cc 16931-0
Empresa Júnior de Consultoria Agrícola e Ambiental
CNPJ: 19.813.363/0001-74

Juntos faremos a diferença! Junte-se a nós!


Fonte: Facebook da Escola de Engenharia da UFF

Ventiladores mecânicos são produzidos na Escola de Engenharia da UFF

Ventiladores mecânicos são produzidos na Escola de Engenharia da UFF

Escola de Engenharia da UFF
29/05/2020

No combate diário à pandemia da covid-19, as equipes médico-hospitalares possuem grande demanda por um aparelho essencial para os pacientes em situação mais crítica: os ventiladores mecânicos. Estes equipamentos se destinam à manutenção do fluxo de ar ao paciente, após um quadro de insuficiência respiratória, dada a inflamação pulmonar ocasionada pela infecção nos casos de média e de alta gravidade provocados pelo coronavírus.

Vital para a sobrevivência do paciente, e de difícil aquisição em época de escassez de respiradores, o Prof. Daniel Henrique Nogueira Dias (Engenharia Elétrica) somou esforços à Frente UFF da Escola de Engenharia para a fabricação destes equipamentos. O aparelho foi projetado para conjugar a eficácia no suporte à respiração dos pacientes com gravidade média e a economicidade nos materiais nacionais disponíveis, de custos mais acessíveis, para produção em série dada a grande utilidade dos respiradores nos dias atuais. O equipamento deverá ser utilizado em casos de média complexidade, liberando os respiradores mais sofisticados para os casos mais extremos de insuficiência respiratória.

O protótipo deste equipamento automatizado utiliza-se das funções de oxigenação do ambu, o balão de ventilação artificial manipulado manualmente - também chamado de ressuscitador - conectado a um sistema de regulação e monitoramento da respiração do paciente, possibilitando uma fácil operação para os profissionais da saúde. O modelo criado foi adaptado ao contexto brasileiro a partir da disponibilização online do projeto de respirador pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts (Estados Unidos). Com o custo médio estimado de mil e quinhentos reais por aparelho, o ressuscitador recebeu adequações a partir dos testes realizados no laboratório do Departamento de Engenharia Elétrica (NITEE), assim como nas reuniões com as equipes médicas para a finalização do modelo do protótipo.

O projeto do ventilador mecânico será submetido à certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e aguarda a autorização para os testes finais, desta vez no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF), e o início de sua produção em maior escala. Nos próximos dois meses, pretende-se alcançar a meta de duzentas unidades produzidas do aparelho. Os ressuscitadores da Escola de Engenharia são equipamentos considerados de extrema importância para o salvamento de vidas, e serão destinados aos hospitais públicos em todo o estado do Rio de Janeiro.
A Frente UFF continua trabalhando, propondo soluções e dando apoio aos projetos de combate ao COVID-19. Você também pode colaborar com a nossa iniciativa e ajudar a manter nossa rede solidária! Empresa Júnior Meta Consultoria
CNPJ: 00.498.057/0001-62
Santander
Ag. 3399
Cc. 130004505
Sua doação será convertida para a alimentação e transporte dos voluntários, a manutenção dos equipamentos de produção e a viabilização de novos projetos de combate ao novo Coronavírus.

A Escola de Engenharia agradece o engajamento a essa nobre causa!
Seguimos unindo forças para atender todos os pedidos dos hospitais de nossa região!
Quer saber mais sobre a Frente UFF? Acesse: https://www.frenteuff.org/




Fonte: Facebook da Escola de Engenharia da UFF

Reestruturação do Repositório Institucional da UFF

Reestruturação do Repositório Institucional da UFF



SDC

O Repositório Institucional da UFF é uma ferramenta para acesso, de forma livre e gratuita,  à produção intelectual de nossa comunidade institucional.
Neste momento, estamos realizando reformulações estruturais em nossa plataforma com vistas a uma melhor navegabilidade, correção de inconsistências , adequação aos padrões internacionais de metadados, segurança da informação, revisão de fluxos de trabalho, dentre outras mudanças que irão impactar nos resultados a médio e longo prazo.
Como Gestores do Repositório Institucional da UFF reafirmamos o compromisso com a transparência no decurso desta reestruturação.
Fazer parte da mudança social por meio do acesso à informação pública e de qualidade é o que nos move e nos faz acreditar na força desta ferramenta.

Fonte: UFF

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Antes do coronavírus: a esquecida gripe de Hong Kong, epidemia que matou mais de 1 milhão há 5 décadas

Antes do coronavírus: a esquecida gripe de Hong Kong, epidemia que matou mais de 1 milhão há 5 décadas
18/05/2020
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Mais de 100 mil pessoas morreram nos EUA em decorrência da gripe de Hong Kong
Mais de 100 mil pessoas morreram nos EUA em decorrência da gripe de Hong Kong
A Humanidade tem enfrentado pragas e pandemias de doenças ao longo de milhares de anos.
A peste negra, a gripe espanhola e a varíola deixaram milhões de mortos ao redor do mundo em épocas distintas.
As lembranças da epidemia de poliomielite, que atingia principalmente as crianças até que surgisse uma vacina, até hoje causam dor e espanto.
Todas elas provocaram uma redução na população e também impulsionaram progressos médicos e melhorias no sistema de saúde pública.
Todas causaram também enormes desafios socioeconômicos, como vemos na atual pandemia de coronavírus, que já matou ao menos 315 mil pessoas desde dezembro de 2019.
Mas enquanto livros preservaram algumas dessas epidemias, outras caíram no esquecimento.
É o caso de uma gripe catastrófica em 1968. Em setembro daquele ano, um patógeno agressivo se espalhou pelos Estados Unidos. Ele seria batizado depois de gripe de Hong Kong, local onde o primeiro caso foi identificado.
Essa foi uma das três grandes pandemias de gripe do século 20: a espanhola em 1918–20, a gripe asiática de 1957–58 e a de Hong Kong, que foi de 1968–1970.
A primeira foi a mais agressiva e grave de todas. Causada pelo H1N1, levou ao menos 40 milhões de pessoas à morte. A segunda, com o H2N2, matou 2 milhões. A terceira, do H3N2, tirou a vida de 1 milhão.
“Tanto a gripe asiática quanto a gripe de Hong Kong foram esquecidas logo em seguida”, relata Anton Erkoreka, diretor do Museu Basco de História da Medicina e especialista em história das doenças, em entrevista à BBC Mundo (serviço da BBC em espanhol).
“As medidas adotadas na época não foram excepcionais, e acabou considerada apenas mais uma gripe.” E assim, segundo ele, se esqueceu o que aconteceu e os ensinamentos que a epidemia trouxe.
“As gripes vêm sempre com uma conotação benigna de que matam apenas idosos com comorbidades, por isso foram sempre banalizadas socialmente”, diz Erkoreka.
A gripe de Hong Kong chegou ao Ocidente no momento em que monopolizavam os holofotes o pouso na Lua, a Guerra do Vietnã e dos protestos a favor dos direitos civis.
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Batizada de gripe de Hong Kong, ela matou 1 milhão de pessoas, mas hoje não se dá mais nomes de lugares a pandemias para evitar discriminação
Batizada de gripe de Hong Kong, ela matou 1 milhão de pessoas, mas hoje não se dá mais nomes de lugares a pandemias para evitar discriminação
Em 1968, a filha pequena de Phillip D. Snashall, professor emérito de medicina da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, contraiu a gripe de Hong Kong. E ninguém soube como isso aconteceu.
O pai dela contou ao British Medical Journal que apenas alguns médicos e uma publicação especializada souberam disso.
“A Bolsa de Valores não entrou em colapso, a imprensa não nos perseguiu e nenhum homem com equipamentos respiratórios parou as brincadeiras da minha filha.”
No entanto, no Natal de 1968, hospitais em todos os 50 Estados americanos começaram a receber diversos pacientes, assim como acontece com a covid-19.

Uma catástrofe global
Nova York decretou estado de emergência e Berlim foi obrigada a guardar cadáveres nos túneis de metrô.
Pacientes inundaram hospitais de Londres, onde pelo menos 20% das enfermeiras foram infectadas, segundo o jornal The Telegraph.
Em algumas regiões da França, o vírus deixou metade da força de trabalho de cama, e ao menos 30 mil mortos ao longo de dois anos.
Algo semelhante ocorreu no Reino Unido e na Alemanha, que registrou mais de 60 mil mortes.
Ao todo, em 1968 e 1969 morreram por causas relacionadas à gripe de Hong Kong cerca de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo.
Só nos Estados Unidos, a cifra superou mais de 100 mil mortes, uma proporção três ou quatro vezes maior que a média anual de mortes por gripe desde 2010, segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
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Como ocorreu em muitas partes do mundo, habitantes de Hong Kong fizeram filas para comprar máscaras e álcool em gel
Como ocorreu em muitas partes do mundo, habitantes de Hong Kong fizeram filas para comprar máscaras e álcool em gel
Os mortos por covid-19 ainda não são tão numerosos. Mas ambas as pandemias têm em comum que muitas das mortes acontecem entre os maiores de 65 anos, principalmente aqueles com doenças pré-existentes.
Mas por que a gripe de Hong Kong foi tão agressiva?
Primeiro, porque o vírus causador daquela pandemia (o H3N2, que ainda circula pelo mundo, algo que especialistas dizem que pode acontecer ao Sars-CoV-2) é considerado uma das cepas de gripe mais problemáticas.
Tal qual o vírus da covid-19, é especialmente contagioso e tem uma alta capacidade de matar.

Um vírus que muta
“Trinta e sete anos depois, o subtipo H3N2 segue reinando como o vírus de influenza O mais importante e mais problemático para nós humanos”, afirma o pesquisador Edwin. D. Kilbourne em seu trabalho “Pandemias de influenza no século 20”, publicado em 2006.
As evidências indicam que as verdadeiras pandemias surgem do rearranjo genético dos vírus de influenza A animal.
Foi exatamente essa capacidade de sofrer mutações significativas que tornou o H3N2 imune às vacinas existentes na época.
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Coronavírus no microscópio
Teme-se que o novo coronavírus passe a circular também como uma enfermidade sazonal
A chave de sua agressividade reside na mudança de padrão.
“Os vírus de influenza mudam constantemente”, explica o Centro Nacional de Vacinas e Doenças Respiratórias dos Estados Unidos (NCIRD). “São pequenas mutações que podem dar lugar a mudanças nas proteínas da superfície do vírus” que, segundo o órgão, fazem com que o sistema imunológico não o reconheça.

O que podemos aprender com aquela pandemia?
As reações à gripe de Hong Kong e ao novo coronavírus tem sido parecidas em diversos aspectos.
Mas ainda que distanciamento social, campanhas de higiene das mãos e recomendações para evitar o transporte público tenham sido adotados, cidades não adotaram quarentenas e todo mundo ainda trabalhava.
Escolas permaneceram abertas, competições esportivas foram mantidas e a economia continuou crescendo, embora a um ritmo mais lento.
Naquela época, a imunidade de grupo não foi atingida. Ou seja, não se chegou a um patamar de pessoas infectadas (e depois imunizadas) tão alto a ponto de haver um efeito parecido ao da vacinação em massa.
Veio então uma segunda onda, ainda mais forte.
“A gripe de Hong Kong teve uma primeira onda suave no inverno de 1968-69, mas possivelmente mutou significativamente e produziu uma segunda onda que, na Europa, se deu em dezembro de 1969”, relata Erkoreka.
Esta foi muito agressiva e teve ampla repercussão nos meios de comunicação da época, mas foi rapidamente esquecida.
O historiador acredita que, como acontece agora, aquela pandemia se amplificou por ter sido subestimada por governantes.
"Autoridades e epidemiologistas fracassaram na Espanha e na Europa porque não aprenderam com as grandes epidemias do passado", diz ele.
"Eles devem ter claro em suas mentes que quanto mais cedo agirem e adotarem medidas, menores os danos."

Fonte: BBC

UnB desenvolve software que usa câmera térmica no combate à Covid-19

UnB desenvolve software que usa câmera térmica no combate à Covid-19


Deogracia Pinto
27/05/2020 - 18h15 Brasília 


Uma pesquisa da Universidade de Brasília, que pode baratear em até dez vezes o custo de tecnologia importada, estuda algoritmos de software existente em câmeras de medição de temperatura, muito usadas em sistemas de vigilância. Essa tecnologia é mais rápida do que os termômetros de curto alcance.

A finalidade é adaptar esse equipamento para aferir a temperatura corporal em massa, uma estratégia para auxiliar na identificação de pessoas que possam estar com o novo coronavírus.

O projeto intitulado Desenvolvimento de um sistema de triagem térmica usando câmeras infravermelhas para identificar sintomas de febre, está em etapa de adaptação, como explica o professor Gerardo Pizo, que coordena a equipe de pesquisa formada por mais dois professores e três estudantes.

Os recursos para a compra de câmeras térmicas, de procedência da China ou dos Estados Unidos, ainda não foram repassados à equipe. Quando o instrumento chegar a Brasília, será adaptado ao software usado pelos pesquisadores para a realização dos primeiros testes no Distrito Federal.

Neste momento, a equipe trabalha em cima de imagens de repositórios, com estudos e testes dos algoritmos. Essas imagens precisam ser segmentadas e filtradas de forma a distinguir objetos desejados e indesejados, assinalando as posições desses corpos e suas respectivas temperaturas.

A pesquisa é um dos 115 projetos com foco no combate à Covid-19, da Universidade de Brasília.

Fonte: EBC

Estudo retrospectivo: a eficácia e risco da cloroquina

Estudo retrospectivo: a eficácia e risco da cloroquina



proex


#ProexEmAção em parceria com o projeto de extensão DescartUff informam que no texto postado no site, do projeto comenta sobre o estudo publicado pela The Lancet para analisar a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina como forma de tratamento para a COVID-19. A pesquisa envolveu 96.032 pacientes de 671 hospitais de diversos continentes. Além da comparação da taxa de mortalidade entre os grupos que utilizaram estas substâncias e o que não utilizou, foi analisado também os efeitos colaterais provocados pela cloroquina e hidroxicloroquina.
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Estudo retrospectivo: a eficácia e risco da cloroquina
Na semana passada, a revista The Lancet publicou um estudo envolvendo a técnica de meta-análise, uma técnica estatística desenvolvida especialmente para comparar os resultados de diferentes estudos, visando integrar e combinar os mesmos. Este estudo, através da meta-análise, buscou dados do uso de hidroxicloroquina e cloroquina, associados ou não a um macrolídeo, em pacientes confirmados com COVID-19. Macrolídeos são antimicrobianos muito utilizados em infecções respiratórias como pneumonias, sinusites e faringites. O estudo incluiu dados de 671 hospitais de 6 continentes, no período de dezembro de 2019 a abril de 2020.
Foram analisados 96.032 pacientes com COVID-19 hospitalizados neste período. Eles possuíam idade média de 53,8 anos dos quais 46,3% eram mulheres; 66,9%, brancos; 9,4%, negros; e 14,1% eram de origem asiática. O continente mais analisado foi a América do Norte, e as comorbidades mais observadas foram colesterol alto, hipertensão e diabetes.
O critério de inclusão utilizado foi: em até 48 horas de diagnóstico positivo para COVID-19, pacientes hospitalizados foram incluídos em um dos quatro grupos de tratamento - cloroquina isolada, cloroquina mais antibiótico, hidroxicloroquina isolada ou hidroxicloroquina mais antibiótico. Os pacientes que não receberam nenhum desses tratamentos formaram o grupo controle. Foram excluídos da análise os pacientes que receberam esses tratamentos após as 48 horas do diagnóstico, pacientes que receberam o tratamento durante ventilação mecânica ou pacientes que utilizaram Remdesivir antiviral como forma de tratamento.
Como resultado do estudo, comparando as mortalidades dos quatro grupos de tratamento com o grupo controle, percebeu-se que enquanto a taxa de mortalidade dos pacientes controle foi de 9,3%, a mortalidade do grupo que recebeu hidroxicloroquina isolada foi de 18%; hidroxicloroquina mais antibiótico foi de 23,8%; cloroquina isolada foi de 16,4% e cloroquina mais antibiótico foi de 22,2%. Logo, os quatro grupos de tratamento tiveram um maior risco de mortalidade quando comparados aos pacientes que não foram submetidos à cloroquina ou hidroxicloroquina.
Além das taxas de mortalidades observadas, também foram feitas comparações entre os grupos de tratamento e o grupo controle, analisando a frequência de arritmias ventriculares. O aumento dessa frequência foi observado nos grupos de tratamento que utilizaram cloroquina ou hidroxicloroquina, independente da associação com o antibiótico. Assim, a conclusão dos autores foi que o uso destas substâncias no tratamento da doença em questão não só pode levar a efeitos colaterais, mas também aumenta o risco de morte dos pacientes.
Após a publicação deste estudo, a OMS suspendeu os testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina de pesquisas coordenadas pela organização com cientistas de 100 países. A suspensão será mantida até a reavaliação dos medicamentos para o tratamento da COVID-19. A OMS, que já havia declarado ser contra o uso amplo da cloroquina como forma de tratar a doença, ressalta que a mesma só deve ser usada dentro de ensaios clínicos e em pacientes com doenças autoimunes ou malária.
Autores: Luiza Sardinha, Vladimir Pedro, André Almo e Júlia Albuquerque
Figura: Nathalia Zauli
Referências:
https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2820%2931180-6&f...
https://www.bbc.com/news/health-52799120?fbclid=IwAR212aLRfIEXJq1PEqCO24...
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000300035&script=sci_...

Fonte: UFF

Coletânea da Eduff reúne trabalhos sobre educação ambiental e sustentabilidade

Coletânea da Eduff reúne trabalhos sobre educação ambiental e sustentabilidade



eduff



Organizado por José Rodrigues de Faria Filho, Patricia Almeida Ashley e Mônica Marella Corrêa, o e-book “Educação ambiental, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: contribuições para o ensino de graduação” (Eduff, 2019) está disponível gratuitamente para download no site da Eduff. A obra é fruto do projeto Redes de Educação, desenvolvido na Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal Fluminense (Prograd/UFF), entre 2015 a 2018, cujo objetivo principal objetivo era (re)construir na instituição a noção de coletividade e pertencimento.
Por meio de diálogos entre a comunidade acadêmica e a partir de encontros virtuais e presenciais, o projeto contou com participação de estudantes, professores e técnicos que apostaram em uma universidade mais inclusiva, sustentável e engajada socialmente. Durante os encontros, foram criadas redes e estabelecidas parcerias com profissionais dentro e fora da universidade.
Faça o download gratuito deste e de outros e-books no site www.eduff.uff.br.


Fonte: UFF

UFF inicia debate sobre novas formas de aprendizagem mediadas por ferramentas digitais

UFF inicia debate sobre novas formas de aprendizagem mediadas por ferramentas digitais



scs



Cepex criou GT constituído por docentes, discentes e técnicos administrativos para planejar e monitorar as atividades acadêmicas emergenciais na UFF e propor novos modelos de ensino-aprendizagem para o período atual
Durante o período de distanciamento social decorrente da pandemia da Covid-19, a primeira preocupação da Universidade Federal Fluminense é a de preservar a saúde da comunidade universitária, assim como contribuir, de forma solidária e altruísta, para garantir a vida das pessoas da coletividade a que pertencemos. A UFF foi uma das primeiras universidades federais a estabelecer o trabalho remoto para todos os serviços considerados não essenciais e suspendeu o calendário acadêmico por meio da Decisão Cepex no 109, de 8 de abril de 2020. Além disso, assinou nota conjunta pelo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Ao mesmo tempo, diversas atividades vem sendo realizadas e a comunidade universitária tem sido provocada a encarar o desafio social, sanitário e econômico que a Covid-19 trouxe ao mundo e passou a se dedicar às ações de combate ao novo coronavírus. A UFF contribui com pesquisas científicas, compartilhamento de tecnologias e de conhecimento para o atendimento às emergências hospitalares e laboratoriais. Projetos em diversas áreas do conhecimento estão em andamento para compreender o impacto da doença e traçar perspectivas de futuro.
Após três meses de pandemia, é chegado o momento de encarar um novo desafio: o futuro do ensino em tempos de Covid-19. Diante disto, estamos atentos à experiência nacional e internacional e às previsões de autoridades nacionais da área da saúde, que apontam para uma nova realidade. Apresenta-se um cenário duradouro de exigências de distanciamento social e outras regras de comportamento que impedirão aglomerações e o uso das instalações da Universidade na forma como acontecia antes da pandemia.
Fica claro, então, que qualquer proposta de retorno às atividades de ensino nos próximos meses deverá utilizar as tecnologias digitais na mediação do processo de ensino-aprendizagem. Mas como pensar no uso de ferramentas digitais de forma inclusiva nas atividades acadêmicas? A UFF estabeleceu os seguintes princípios gerais para nortear essa discussão: garantia do acesso digital com a necessária inclusão de estudantes com necessidades especiais e com vulnerabilidade social, capacitação quanto ao uso de ferramentas digitais com preservação da qualidade do ensino, além de considerar a diversidade dos cursos de graduação da nossa Universidade. Este é o desafio atual e precisamos refletir sobre o que estamos vivendo e sobre o que vivenciaremos pelos próximos meses.
Considerando que a discussão sobre o futuro da Universidade é urgente e necessária, o Gabinete do Reitor realizou reunião com os diretores das unidades acadêmicas visando debater a influência desta “nova realidade” sobre o futuro da UFF e seu papel na sociedade durante e após a pandemia. Além disso, de forma articulada, sob a liderança do Gabinete do Reitor, a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Proppi) também realizaram reuniões com os coordenadores dos cursos de graduação e pós-graduação stricto e lato sensu e com os chefes de departamento.
No dia 20 de maio de 2020, o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepex) realizou reunião extraordinária para deliberar sobre a criação de um Grupo de Trabalho (Portaria Cepex no 2/2020) constituído por docentes, discentes e técnicos administrativos, para planejar e monitorar as atividades acadêmicas emergenciais na UFF e propor novos modelos de ensino-aprendizagem para o período atual e para a pós-pandemia.
Nesta reunião do Cepex, foi discutida também a minuta encaminhada pela Prograd, que propunha a realização de atividades acadêmicas emergenciais para os estudantes concluintes. A proposta aprovada e publicada pela Decisão CEPEX no 110 de 21 de maio de 2020 normatiza, de forma emergencial, a realização de disciplinas de trabalho de conclusão de curso, monografia, projeto final ou trabalho final e atividades complementares. 
A UFF pretende, por meio do GT constituído e de escuta à comunidade, produzir um conjunto de informações e orientações que sirvam como base para a tomada de decisões que serão de responsabilidade das instâncias superiores da Universidade. Essas medidas, durante a pandemia e além, deverão ser pautadas pelos princípios de qualidade, acessibilidade e inclusão da comunidade universitária, observando limites e desafios para o início e continuidade das atividades acadêmicas de graduação e pós-graduação.
Entendemos que este é o caminho democrático e inclusivo que permitirá à UFF manter a excelência e relevância de suas atividades, em consonância com a expectativa da sociedade que nos financia.

Fonte: UFF

quarta-feira, 27 de maio de 2020

“A China será primeira a ter a vacina contra o coronavírus”

“A China será primeira a ter a vacina contra o coronavírus”

Virologista Florian Krammer, do Hospital Monte Sinai, de Nova York, mostra que a resposta imunológica ao novo vírus é adequada e provavelmente duradoura

Nuño Domínguez 
23 may 2020 - 11:38 BRT

O virologista Florian Krammer, do Hospital Mount Sinai, de Nova York.
O virologista Florian Krammer, do Hospital Mount Sinai, de Nova York.Claudia Paul / Mount Sinai


Florian Krammer recorda que antes da pandemia do coronavírus chegar, ele enfrentava um inimigo muito mais perigoso e complicado. Trata-se de um vírus capaz de infectar um terço da população mundial e que a cada ano muda tanto a sua composição que é preciso fazer uma vacina nova. Mesmo com essa imunização, o agente patogênico mata 650.000 pessoas por ano. É a gripe em suas duas variantes: a sazonal e a pandêmica.
Mesmo com um vírus como este, o financiamento é limitado, em parte porque os humanos têm a memória fraca e reagimos apenas a estímulos urgentes, opina Krammer, virologista da Escola de Medicina do Hospital Monte Sinai, em Nova York. A última pandemia de gripe H1N1 surgiu em 2009 e acabou sendo muito menos patogênica do que se esperava. Assim como Krammer (Áustria, 1982), boa parte dos jovens cientistas que investigaram aquele vírus não tinha nem nascido quando aconteceu a pandemia anterior, em 1968. E só houve duas outras grandes pandemias de gripe no século XX: a de 1957, que matou um milhão de pessoas, e a de 1918, que aniquilou 50 milhões.
Há meses o laboratório de Krammer se centra em estudar o novo coronavírus SARS-CoV-2. Sua equipe fez vários estudos que esclareceram as dúvidas sobre a existência da imunidade em indivíduos que se curam da doença. Uma de suas contribuições mais recentes e importantes, publicada na Cell com a equipe do Shane Crotty, especialista em vacinas do Instituto de Imunologia, da Califórnia, analisa detalhadamente a resposta imunológica de 20 pessoas que superaram a infecção. O resumo de Krammer é claro: “Não parece que haja nada de defeituoso em nossa resposta imunológica ao vírus; há muitas razões para ser otimista”.
Na sexta-feira, a equipe do Instituto de Biotecnologia de Pequim e a empresa Cansino Biologics, na China, anunciaram também os resultados da fase 1 da primeira vacina desenvolvida nesse país. Neste caso, divulgados em um artigo publicado na revista The Lancet, com todos os dados disponíveis para análise pela comunidade científica. Depois de 28 dias de testes com 108 voluntários saudáveis, os resultados parecem promissores. Além de ficar demonstrada sua segurança, os cientistas observaram que a vacina gerou anticorpos e linfócitos T nos voluntários.

Pergunta. Quem passou pela doença é imune ao vírus?
Resposta. Sobre isto temos duas classes de provas. Até agora sabíamos que há quatro tipos de coronavírus humanos que produzem catarro. Se você se infectar, desenvolve anticorpos neutralizantes. A imunidade não dura a vida toda, mas, se você se infectar de novo, os sintomas serão muito mais leves ou inclusive não os terá. Em 2003 apareceu um novo coronavírus muito mais letal que os anteriores, o da SARS [síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês]. Dele sabemos que os infectados desenvolveram anticorpos e que estes duraram bastante tempo [até 13 anos].

P. E o que viram sobre o novo vírus?
R. Vemos que todos os infectados geram anticorpos. Aqui analisamos 25.000 doadores de sangue para obter plasma e usá-lo para tratar pacientes. Os dados dos primeiros 1.400 mostram que 99,5% dos infectados com PCR positivo têm anticorpos. Não acredito que essa proporção mude muito quando tivermos os 25.000 analisados. Se você sofre uma covid grave, desenvolve títulos [níveis] de anticorpos muito altos em seguida. Pessoas com infecções leves ou assintomáticas demoram um tempo a mais. Quantos mais anticorpos você gera, mais capacidade tem de neutralizar o vírus; e estamos vendo níveis de anticorpos muito altos entre os doadores, todos com doença leve. Ainda não testamos se estes anticorpos e os linfócitos T protegem do vírus, mas o razoável é pensar que sim, baseados no que sabemos de outros coronavírus. Estamos fazendo muitas análises para ver se houve reinfecções. Não vimos nenhuma por enquanto. Além disso, queremos entender que título de anticorpos uma pessoa precisa gerar para estar imunizada.

P. Há proteção além dos anticorpos?
R. Sim. Vimos em um grupo mais reduzido de pacientes que desenvolvem linfócitos T capazes de matar as células infectadas. Também desenvolvem uma boa quantidade de células T CD4 que são cruciais para produzir anticorpos. É uma resposta imunológica forte. São boas notícias tanto para as pessoas que passaram pela doença como para a vacina. É muito provável que esta mesma resposta imunológica passe quando nos vacinarmos.

P. Há gente que tem mais imunidade graças aos coronavírus do catarro?
R. O SARS-CoV-2 tem um genoma enorme em comparação a outros vírus de RNA. Graças a isso fabrica muitas proteínas. Algumas delas são epítopos conservados [fragmentos da proteína que são reconhecidos por nosso sistema imunológico]. Pode ser que os coronavírus do catarro tenham provocado a produção de linfócitos que podem ajudar a montar uma resposta imunológica mais rápida e efetiva se você se infectar com este novo coronavírus. No estudo na Cell, em torno de 60% dos casos analisados tinham células imunológicas deste tipo. Todos nós já estivemos expostos aos coronavírus do catarro, especialmente os idosos. Se você tem mais de 70 anos, provavelmente já se infectou muito mais vezes com coronavírus do que se tiver 20. É possível que estas células imunológicas ofereçam um pouco de proteção, mas não sabemos quão forte é essa resposta. Pelo que vemos nos pacientes, não parece que esse efeito seja muito grande.

P. O coronavírus bloqueia a reação inicial do sistema imunológico?
R. As células podem detectar uma invasão de um agente externo através de sinais moleculares, como, por exemplo, a presença de cadeias duplas de DNA, e iniciar uma resposta imunológica inespecífica [que destrói qualquer elemento estranho, seja qual for]. Normalmente os vírus combatem esta primeira resposta imunológica, tentam apagá-la. Sabemos que esta primeira resposta costuma ser mais forte em crianças que em adultos. Talvez em crianças e jovens funcione muito bem e eliminem o vírus, enquanto que pessoas mais idosas não consigam fazer isso porque seu sistema imunológico está mais envelhecido. É possível que o vírus se replique mais facilmente em pessoas mais velhas, que estas tenham uma carga viral muito mais alta e que isto gere uma resposta imunológica primária muito forte que seja contraproducente, que lhes faça mal.

P. O plasma de pacientes recuperados está funcionando no tratamento de doentes graves?
R. É difícil dizer. Nosso hospital decidiu que o soro seria dado a todos os doentes como tratamento compassivo [que ainda não demonstrou efetividade, mas que, em determinadas circunstâncias, é administrado segundo as provas limitadas existentes sobre sua segurança e possível eficácia]. Esta decisão foi tomada pensando em que, se funcionar, se você quiser dar a todo mundo, não se trata de um experimento científico, mas sim de algo para ajudar os pacientes. Isto significa que não temos um grupo de controle para demonstrar se os pacientes que recebem o soro têm vantagens sobre os que não recebem. É preciso esperar os ensaios clínicos em andamento que poderão determinar isso.

P. Quanto dura a imunidade contra o SARS-CoV-2?
R. Os anticorpos, de um a três anos. Mas embora eles desapareçam com o tempo, esta não é nossa única defesa. Também temos células de memória B que podem voltar a fabricar anticorpos muito rapidamente se você voltar a se infectar. Embora a imunidade gerada com a vacina não seja para toda a vida, isto não é um problema. Normalmente é preciso dar duas ou três doses de vacina até alcançar títulos altos de anticorpos. E há outras que são inoculadas mais frequentemente, como a de tétano. É possível que esta seja igual, mas não será um problema.

P. Até a chegada do coronavírus você trabalhava em uma vacina universal da gripe. Seria possível uma para os coronavírus?
R. É uma possibilidade. Os coronavírus são um grupo de vírus muito diverso, e só há dois que sejam um problema para os humanos: os alfa e os beta. Vamos aprender muito sobre a resposta imunológica ao SARS-CoV-2 e isto poderia nos mostrar o caminho para uma vacina universal. Seria em todo caso um processo longo, que exigiria muito trabalho e investimento. Agora o que precisamos é de uma vacina específica para este vírus. A gripe muda a cada ano, e a cada ano é preciso fazer uma vacina nova. Não vemos que o coronavírus mude tanto. Se você fizer uma vacina contra este coronavírus, a expectativa é que funcionará por muito tempo, como a do sarampo ou da hepatite A.

P. A vacina é a única saída desta pandemia?
R. Sim. Obter a imunidade de grupo exige tantas mortes que aspirar a ela é imoral. No princípio o Reino Unido e a Suécia agiram neste sentido. Se você olha a curva da Espanha, vê que baixou muito rapidamente porque o país agiu. O Reino Unido conseguiu achatar a curva, mas esta continua lá em cima, é um planalto. É a consequência de ter esperado uns poucos dias a mais. Haverá vacinas e estas acabarão com a pandemia. A pergunta é quando as teremos e quanto dura a imunidade que venham a gerar. Estou muito otimista.

P. É realista esperar uma vacina até o final de ano, como diz Donald Trump?
R. É realista. Mas é preciso levar em conta que não se trata só de conseguir a vacina, mas sim de poder produzir milhões de doses. Só um país como a Espanha necessitaria de 100 milhões de vacinas, pois talvez sejam necessárias duas doses por pessoa, como acontece com a maioria de vacinas que conhecemos. Quem se vacinará antes? Talvez algumas pessoas não possam ter acesso a ela antes do final de 2021.

P. Qual vacina acha que chegará antes?
R. Há diferentes candidatos. Temos dois baseados em ácidos nucléicos nos EUA, uma de DNA [Inovio] e outra de RNA [Moderna]. Na Europa há uma de RNA e outra de vetor viral. Na China há uma de vetor viral e outra inativada, pelo menos. Eu acredito que a China será a primeira a ter a vacina, e provavelmente a consiga neste outono [boreal]. É minha sensação, porque o país iniciou o processo muito rapidamente e suas agências reguladoras não são menos estritas, mas têm formas de acelerar o processo de aprovação. As agências dos EUA e Europa talvez demorem mais, mas provavelmente estarão prontas no final de ano ou começo de 2021.

P. Todas as vacinas que estão sendo testadas em humanos fora da China têm o mesmo alvo: a proteína S do coronavírus que este usa para entrar nas células humanas É um risco apostar numa só tática?
R. A proteína S é um ótimo alvo, não há nada de mal no fato de quase todas as vacinas a usarem. Há outros formatos, como uma vacina viva atenuada, que está sendo desenvolvida, mas talvez demore mais. Isto seria um problema se entre todos os candidatos atuais se obtiver uma só vacina, porque nenhuma empresa tem a capacidade de produzir 16 bilhões de doses, que é a demanda global. Por isso é muito positivo que haja oito candidatos que já estejam sendo testados em humanos e outros 120 em desenvolvimento. Muitos destes últimos alcançarão também as fases de provas em humanos em alguns meses, com o que temos muitas opções para poder fazer vacinas locais ou pelo menos regionais. Poderíamos ter 10 vacinas diferentes que funcionam razoavelmente bem. Estamos em uma boa situação.

P. Poderíamos ter estado mais bem preparados para esta pandemia?
R. Sempre haverá vírus ignorados. Antes da recente epidemia de zika, ninguém se importava com este vírus. Há vírus relacionados com esse, como o spondweni e o usutu, que têm potencial de causar uma pandemia e que deveriam receber mais atenção e dinheiro. É possível que a partir de agora sejamos mais conscientes de que há um perigo real de que um vírus animal salte para humanos e gere um problema tão grave como o atual. Quem sabe despertemos para a realidade de uma vez.

P. Como poderíamos estar mais bem preparados para a próxima pandemia?
R. O razoável seria ter uma estratégia baseada em vigiar os vírus presentes em animais e, se você encontrar algo potencialmente perigoso, caracterizá-lo e fazer um candidato a vacina que pudesse desenvolver de forma muito rápida em caso de pandemia. Sempre há um problema de financiamento, mas este vírus ocasionou perdas tão brutais que investir uns poucos bilhões de euros não é tão grave.

Fonte: El País