segunda-feira, 30 de novembro de 2020

PROAES divulga Resultado Final da Bolsa de Apoio Emergencial referente a novembro/2020

PROAES divulga Resultado Final da Bolsa de Apoio Emergencial referente a novembro/2020

PROAES
30 NOV 2020

A Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis divulgou hoje a lista com o resultado final e resultado dos recursos do processo seletivo da Bolsa de Apoio Emergencial referente ao mês de Novembro de 2020.

Acesse o anexo deste informe para ver o resultado final e resultado dos recursos.
Anexo: 

Fonte: UFF

Pesquisadores acham plástico dentro de 98% dos peixes analisados em estudo na Amazônia

Pesquisadores acham plástico dentro de 98% dos peixes analisados em estudo na Amazônia

Matheus MagentaDa BBC News Brasil em Londres
19 agosto 2020

Direito de imagem LABECO/UFPA
Partículas de plástico encontradas em peixes que vivem em nascentes e riachos amazônicos

Um estudo realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) encontrou, em média, seis pedaços de plástico dentro do corpo de 98% dos peixes coletados por um grupo de pesquisadores em nascentes e riachos da Amazônia.

Ao todo, foram encontradas 383 partículas plásticas, sendo 201 no trato gastrointestinal e 182 em brânquias (órgão respiratório de animais aquáticos, também conhecido como guelras) de 67 dos 68 peixes analisados pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Ecologia e Conservação (Labeco), da UFPA.

Pesquisadores afirmam que a ingestão de plástico pode provocar mortandade desses peixes ou afetar a reprodução deles e levar ao desequilíbrio da cadeia alimentar; ou mesmo que esse material sintético pode, em última análise, parar no corpo humano.

Esse tipo de poluição dá sinais de estar espalhado por toda a bacia amazônica. Em janeiro de 2019, um grupo de pesquisadores liderados pelo ictiólogo Marcelo Andrade, também ligado à UFPA, identificou pela primeira vez a presença de plástico em peixes amazônicos. Na ocasião, eles encontraram partículas no trato gastrointestinal de quase 25% dos peixes coletados no rio Xingu, incluindo a piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri).

Um estudo publicado na revista Nature Communications em junho de 2017 estima que sejam despejadas no oceano 39 mil toneladas de plástico por ano via rio Amazonas — que passa por Peru, Equador, Colômbia e Brasil.

Desequilíbrio ecológico
Estudos anteriores já haviam investigado esse tipo de poluição em peixes que vivem em outros locais do curso da água, como rios e oceanos, e são consumidos pelo homem.

A diferença desse trabalho, feito por um grupo de pesquisadores de peixe de água doce e publicado em julho na revista científica Environmental Pollution, é apontar a extensão dos danos ao sistema respiratório dos animais e que esse problema ambiental atinge com mais intensidade nascentes de rios e riachos, onde os peixes têm, em média, 10 cm na fase adulta, não costumam ser consumidos pelo homem e enfrentam riscos maiores de desequilíbrio ecológico.

Foram analisadas 14 espécies de peixe coletadas em 12 locais na bacia do rio Guamá, no município paraense de Barcarena, e na bacia do Acará-Capim, nos municípios de Ipixuna do Pará, Concórdia do Pará e Tomé Açu.

Essas duas regiões ribeirinhas não têm tratamento de esgoto e utilizam essas nascentes e riachos tanto como espaço de lazer quanto para descartar dejetos.

Nesses lugares, esses peixes menores têm papel fundamental no equilíbrio ecológico da região. Eles podem ser predadores responsáveis, por exemplo, pelo controle de insetos ou servir de alimento para sapos.

“Sem a presença no futuro de uma dessas espécies que consomem larvas de insetos, por exemplo, poderia haver a explosão de uma população de mosquitos e o espalhamento desenfreado de doenças”, explica a pesquisadora Danielle Ribeiro-Brasil, uma das autoras do artigo e integrante do grupo de pesquisa da UFPA, em entrevista à BBC News Brasil.

Direito de imagem LABECO/UFPA
'Crenicichla regani', conhecido também como Jacundá ou Joaninha, continha mais plástico em seu corpo que outras espécies

Um dos animais estudados é o Crenicichla regani, conhecido também como jacundá ou joaninha. Os peixes dessa espécies são predadores que se alimentam de pequenos crustáceos e larvas de insetos e podem demonstrar um comportamento agressivo. Com boa visão noturna, muitas vezes se alimentam no escuro e às vezes nem são percebidos pelas pessoas no ambiente, já que não costumam passar de 8 cm de comprimento na fase adulta.

Essa espécie, analisada no estudo da UFPA, continha mais plástico em suas brânquias e em seu trato gastrointestinal que as outras.

Segundo ela, os próximos estudos vão analisar o impacto dessa poluição para a perda de espécies ou diminuição dessas comunidades. Deve-se analisar também a origem dessas partículas, mas a principal hipótese é que esses pedaços achados em riachos e nascentes amazônicas tenham saído de roupas sintéticas. Do total, 93% das partículas encontradas nos animais são fibras.

Em geral, essas partículas são originárias de fontes diversas, como roupas, pneus, tintas e escovas de dente. Calcula-se que entre 2% e 5% de todo o plástico produzido por ano acabe descartado nos mares, mas não se sabe direito qual é a dimensão real do problema.

Um estudo do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, divulgado nesta semana, estima que a quantidade de plástico boiando no oceano Atlântico seja capaz de encher mais de mil navios-cargueiros, somando 21 milhões de toneladas (uma quantidade dez vezes maior do que se pensava).

À medida que esses materiais vão se deteriorando, acabam sendo consumidos por animais marinhos, entrando na cadeia alimentar — um caminho que, em última instância, traz o plástico para o organismo humano.

Nesta semana, um outro estudo, de pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, apontou pela primeira vez micropartículas plásticas em tecidos de pulmão, fígado, rim e baço humanos.

Ainda não há informações conclusivas sobre o impacto desse tipo de poluição na saúde das pessoas, mas já se sabe o que a presença de plástico dentro do corpo pode causar aos peixes.

Essas partículas podem atacar dois pontos centrais dos peixes em riachos: as brânquias e o trato digestivo. No primeiro, o plástico interfere na aptidão física do animal, afetando sua energia para a captura de alimentos e para a reprodução. No segundo, essas partículas podem dar uma falsa sensação de saciedade ao peixe ou mesmo feri-lo até a morte.

Segundo o estudo, os peixes que vivem nesses riachos analisados consomem proporcionalmente mais plástico do que os encontrados em rios.

Direito de imagem LABECO/UFPA
Pesquisadores analisaram peixes em 12 locais nas bacias do rio Guamá e do Acará-Capim, no Pará

“Não é todo peixe que ingere o plástico. Isso está relacionado também ao comportamento dele no ambiente. Se é carnívoro, por exemplo, faz uma busca ativa por alimentos e pode confundir o pedaço de plástico com algo que possa comer”, afirma Ribeiro-Brasil.

Outros estudos apontam que esses plásticos são ingeridos por algumas espécies não apenas porque se parecem com comida mas também porque cheiram a comida.

Segundo cientistas do Instituto Real Holandês de Pesquisas Marítimas, essas partículas de plástico no oceano são rapidamente colonizadas por uma fina camada de micróbios, normalmente chamada de "plastisfério", que libera substâncias químicas que fazem o plástico ter cheiro e gosto de alimento para alguns animais marinhos.

Para o grupo de pesquisadores da UFPA, as ações para evitar o aumento da contaminação por plástico da bacia Amazônica demandam o envolvimento da população local, iniciativas de educação ambiental de manejo dos resíduos sólidos e o engajamento de instituições públicas e privadas, entre outros pontos.

Eles defendem, por exemplo, medidas de incentivo para a redução do consumo de plásticos de uso único, como cotonetes e canudos, e de regulação para garantir a preservação desses ecossistemas atingidos pela poluição.

Fonte: BBC

Estágio e trainee da TIM e BRF têm inscrição até hoje; veja mais programas

Estágio e trainee da TIM e BRF têm inscrição até hoje; veja mais programas

Programas de estágio e trainee de empresas como 3M, Motorola e Instituto Votorantim também vão fechar as inscrições nesta semana

Victor Sena
30/11/2020

Estágio e Trainee: quem deseja concorrer às vagas da Tim e BRF tem até esta segunda-feira (30) para fazer as inscrições (gpointstudio/Thinkstock)

Diversos programas de estágio e trainee de empresas como 3M, Tim e BRF vão fechar as inscrições nesta semana. Quem deseja concorrer às vagas da Tim e BRF tem até esta segunda-feira (30) para fazer as inscrições. Veja abaixo os programas que ainda estarão abertos nos próximos dias.

TIM – estágio
São 300 vagas de estágio em sete estados brasileiros. Para se inscrever, batas que a pessoa esteja com matrícula ativa e cursando a faculdade, com previsão de formatura a partir de junho de 2022. Não há restrições relacionadas às instituições de ensino e cursos de graduação. A empresa incentivará a inscrição e seleção de pessoas com deficiência, LGBTI+ e estudantes de diferentes faixas etárias, além de ter a meta de preencher 50% das vagas com pessoas negras.
Salário: entre R$ 1.350 e R$ 1.500; e benefícios (como curso de inglês)
Inscrições: até dia 30 de novembro pelo site

BRF – trainee
São 44 vagas para quem concluiu o ensino superior entre 2018 e 2020 em diversos cursos, como Agronomia, Veterinária, Zootecnia, Engenharias, Biologia, Administração, Economia e Farmácia.
Salário: R$6.500,00
Inscrições: até 30 de novembro pelo site

Simpress – estágio
A Simpress, provedora de outsourcing de equipamentos e soluções, anunciou a abertura das inscrições para o Programa Aprendiz 2021, para jovens profissionais que tenham entre 18 a 23 anos e ensino médio completo.
No total, serão 20 vagas, a maioria das vagas é para atuar nos escritórios localizados no bairro Barra Funda da zona oeste de São Paulo, Osasco e Santana de Parnaíba. As outras são para o escritório situado no centro do Rio de Janeiro (RJ).
Salário: competível com o mercado e benefícios
Inscrições: até 1 de dezembro no site

Instituto Votorantim – Estágio
O Instituto Votorantim, centro de inteligência que desenvolve soluções socioambientais, abriu inscrições para o Programa de Estágio 2021 com o mote ‘o futuro inicia agora’. São 7 vagas na áreas de Comunicação, Relacionamento Corporativo, Administrativo Financeiro, Inovação e Gestão de Programas.
Salário: 1750,00 + benefícios.
Inscrições: abertas até 2 de dezembro no site da Eureca.

3M – Trainee
A 3M, companhia que te um portfólio que contabiliza mais de 55.000 produtos, incluindo adesivos, abrasivos e fitas adesivas, está com seu programa de Trainee aberto, com vagas no estado de São Paulo e em Manaus. O Trainee é para quem graduados entre 12/2018 e 12/2020 e que tenham mudanças e viagens.
Inscrições: até 3 de dezembro no site
Salário: bolsa mensal compatível com o mercado e benefícios, como Gympass.

Corteva Agriscience – estágio
São mais de 80 vagas em sete estados do Brasil para estudantes de diferentes cursos, além de agronomia, como engenharia florestal, design, direito, jornalismo, química industrial, economia, entre outros.
Salário: R$ 2.000,00 e a empresa oferece curso de inglês online
Inscrições: até o dia 4 de dezembro pelo site da Cia de estágios

Motorola – Estágio
A Motorola abriu vagas para seu programa de estágio nos seus dois escritórios: Vila Olímpia, em São Paulo, e Jaguariúna (interior do estado).
Neste ano, as vagas são para as áreas de R&D (Software, GPE, GPD), Supply Chain, Service, Marketing, Financeira, Produtos e Jurídica.
Salário: bolsa compatível com o mercado e benefícios
Inscrições: currículos devem ser encaminhados para o e-mail estagiomoto@motorola.com até 4 de dezembro

Fonte: EXAME

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Eduff reúne sites de várias instituições com ebooks gratuitos

Eduff reúne sites de várias instituições com ebooks gratuitos

EDUFF
26 NOV 2020

Desde o início da Pandemia da Covid-19, várias editoras universitárias, assim como a Eduff, ampliaram suas ofertas de e-books para serem baixados gratuitamente. São centenas de obras das mais diversas áreas do conhecimento à disposição dos leitores. A Eduff reuniu em seu site (www.eduff.uff.br) algumas dessas instituições e as dividiu por localização geográfica.

Para ter acesso a esse acervo digital, ao entrar na seção “Biblioteca livre” do site da Eduff, os usuários devem escolher o “botão e-books editoras universitárias”, onde será exibido um mapa do Brasil. Nele, é possível escolher a instituição de acordo com a região onde estão localizadas (norte, sul, nordeste, centro-oeste e sudeste).


Fonte: UFF

Black Friday: como os robôs passam a perna em você na disputa por pechinchas

Black Friday: como os robôs passam a perna em você na disputa por pechinchas

David Molloy Repórter de tecnologia
27/11/2020

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Programas de computador varrem os sites de comércio em busca de ofertas e preços baixos

A Black Friday e a onda de compras de Natal chegaram. Mas qualquer pechincha envolvendo um novo console como o PlayStation 5 ou Xbox Series X ou aquela placa de vídeo disputada provavelmente será abocanhada por um exército de robôs trabalhando para aqueles que procuram ter lucro dos preços baixos nesse período.

Esses robôs (bots) são programas em funcionamento constante que afetam o comércio online há anos. Mas a pandemia de covid-19 representa neste ano uma maior demanda por diversos itens e muito mais pessoas comprando pela internet. Ou seja, a dificuldade deve aumentar.

E qual é o problema desses robôs?

Bem, os robôs de varejo vasculham todas páginas desses sites de comércio por todo o mundo de olho no momento exato em que um item é colocado à venda. E daí eles alertam seus administradores para que possam vencer a multidão de consumidores comuns em busca de preços baixos. Alguns desses robôs até compram automaticamente o produto, mais rapidamente do que qualquer ser humano é capaz.

É por isso que o PlayStation 5 e o Xbox Series X estão fora de estoque em lojas comuns, mas disponíveis por milhares de dólares a mais do que o preço inicial em sites como o Ebay.

Isso é apenas "a ponta do iceberg", diz Thomas Platt, da empresa de gerenciamento de robôs Netacea. Robôs abocanham o estoque de tudo, de brinquedos fofinhos a coleções de filmes.

Se houver um "nicho de mercado" ou um lançamento de alto padrão, "essas indústrias estarão sendo visadas", explica Platt.

Além disso, a pandemia causou diversos problemas na cadeia de suprimentos no início deste ano, as lojas físicas estão praticamente fechadas em diversos países e quase tudo está online.

Há um monte de fatores envolvidos nesse ano, e pior: "os robôs estão realmente se tornando disponíveis e fáceis de usar", diz Platt.

O lançamento da placa de vídeo de jogos para PC da Nvidia, a 3080, ilustra "provavelmente o caso mais extremo do que os robôs podem fazer", disse um dos moderadores do fórum do Reddit r/BuildaPCSalesUK, um grupo de caçadores de pechinchas que se ajudam a encontrar peças de computadores.

"Menos de um segundo após o lançamento, todas as peças acabaram."

"Os usuários em sites de varejo não viram um botão 'comprar agora', mas sim um botão 'esgotado', já que todo o estoque tinha sido imediatamente levado por robôs, com uma ou outra pessoa sortuda lá no meio (da lista de compradores)."

Rob Burke, ex-diretor de comércio eletrônico internacional da grande varejista internacional GameStop, diz que os robôs sempre foram um problema.

O modelo PlayStation 5 que custava inicialmente 499 libras era vendido por 999 libras, mais de R$ 7 mil

"Às vezes, mais de 60% do tráfego no nosso site, representando centenas de milhões de visitas por dia, era de robôs ou raspadores (os scrapers, que monitoram preços). Especialmente às vésperas de grandes lançamentos."

Essa situação cria um certo dilema ético para as lojas.

"Por um lado, você só quer vender o produto. Então, quem se importa se foi um robô ou um cliente 'real'? Por outro, se nenhum, ou muito poucos, de seus clientes reais puderem adquirir um produto com você, eles naturalmente vão buscar outro lugar para comprar."

Como esses robôs funcionam?
Os chamados robôs "sniping" (em referência aos snipers ou atiradores de elite) emitem alertas para os usuários quando um item volta ao estoque, permitindo que o responsável pelo robô o compre antes de qualquer outra pessoa.

Mas os robôs mais avançados são soluções completas que identificam a pechincha e fazem a compra automaticamente. Eles geralmente vêm de um lugar incomum: o mercado de tênis (sneakers) de edição limitada.

Esses calçados têm sido um foco de lançamentos limitados e de alta demanda nos últimos anos, com as pessoas fazendo fila do lado de fora das lojas para comprá-los, ou tentando obtê-los online. Isso levou ao desenvolvimento de robôs avançados, e são esses que agora estão sendo usados ​​para outros fins.

Os chamados "grupos de cozinheiros" vivem em canais de bate-papo privados em aplicativos como o Discord trocando dicas sobre quem vai estocar o quê, boatos de horários de lançamento e páginas dos sites disponíveis antes do produto estar oficialmente à venda. Os proprietários de robôs usam essas informações para ajustar suas estratégias.

Platt diz que conhece um exemplo extremo em que um grupo alugou um servidor localizado fisicamente mais perto do servidor do site que estavam de olho, dando a eles uma vantagem de frações de segundo no tempo que leva para o tráfego da internet ocorrer.

Por quê? Porque os cambistas estão competindo uns com os outros tanto quanto os compradores regulares.

A adesão a esses grupos de elite pode custar de dezenas a centenas de dólares.

"Definitivamente, há um elemento de exclusividade no segmento mais sofisticado do mercado", diz Platt.

"Existem robôs à venda que podem custar milhares de dólares. Alguns dos robôs se tornaram tão caros e tão limitados que agora você os aluga."

Isso significa que algumas pessoas que estão genuinamente atrás de um item estão alugando um robô para ter certeza de que o conseguirão ou apenas "empregando" um "robozeiro" para comprá-lo para elas.

Está se tornando um grande negócio. O mercado de revenda de sneakers (os tênis, geralmente esportivos) sozinho está avaliado em cerca de US$ 2 bilhões e cresce 20% ao ano, segundo a consultoria americana Cowen.

O que isso significa para as compras de Natal e da Black Friday?
No fim, os itens de maior demanda estarão mais difíceis do que nunca, especialmente se houver um bom desconto envolvido.

E depois há o movimento habitual de mercado: comprar itens na baixa e vender na alta, explorando a diferença de preço. Os robôs ajudam isso a acontecer em escala comercial automatizada.

"Você pode levar todos esses itens, se souber que dali a duas semanas, quando as vendas acabarem, poderá vendê-los pelo dobro do preço", explica Platt.

Há uma fresta de esperança na proliferação de robôs em torno dos principais dias de vendas, como a Black Friday: eles podem levar a preços mais baixos em alguns casos.

Isso porque os robôs de raspagem, do tipo que monitora preços, mas não compra nada, são realmente usados ​​pelos próprios varejistas. Muitos dos maiores comerciantes examinam os sites uns dos outros, certificando-se de que não sejam derrotados na disputa pela melhor oferta de negócio ao consumidor.

E o que pode ser feito sobre isso?
Procurados pela reportagem, muitos grandes varejistas se recusaram a tratar das estratégias de defesas contra esses robôs, e vendedores de programas robôs tampouco quiseram falar.

Tecnicamente, não há nada de ilegal nessa prática. O Reino Unido proibiu o uso desses robôs para a venda de ingressos, mas em outros setores de varejo isso não é explicitamente proibido por lei.

No entanto, varejistas estão criando soluções alternativas inteligentes.

O site britânico Currys PC World confundiu muitos de seus clientes quando o PlayStation 5 e o Xbox Series X foram colocados à venda. Eles apareciam por 2 mil libras a mais do que se esperava, mas os clientes reais com pré-encomendas receberam um código de desconto de 2.005 libras, que teve de ser inserido manualmente, levando o preço de volta ao patamar esperado pelos clientes.

Alguns varejistas estão cobrando nos cartões das pessoas o preço total do item por um lugar na fila de espera (e estornam o lançamento se a compra não for concretizada). Outros estão vasculhando listas de pedidos e cancelando compras suspeitas: por exemplo, se um mesmo endereço está recebendo muitas unidades do mesmo item.

Essa disputa de gato e rato deve ir bem longe.

Fonte: BBC

Baixar todo Netflix em três minutos: brasileira explica como bateu recorde de velocidade na internet

Baixar todo Netflix em três minutos: brasileira explica como bateu recorde de velocidade na internet

Evanildo da Silveira - De Vera Cruz (RS) para BBC News Brasil
25 novembro 2020

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Com esta velocidade seria possível baixar todo o acervo da Netflix em apenas três minutos

A engenheira brasileira Lídia Galdino, da University College London (UCL), é autora de um feito tecnológico sem precedentes.

Liderando um grupo de pesquisadores da instituição britânica, ela bateu o recorde de velocidade da internet, atingindo 178 terabits por segundo (Tbps).

Isso é cerca de 20% mais rápido que o recorde anterior, de 150 Tbps, atingido por uma equipe do Japão, o dobro das melhores fibras ópticas existentes hoje e perto de 2,6 milhões de vezes a velocidade média das conexões domésticas no Brasil, que é de 67,8 megabits por segundo (Mbps).

O pesquisador e doutor em Ciência da Computação, Daniel Fernandes Macedo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) faz alguns cálculos para dar uma ideia do que significa 178 Tbps de velocidade transmissão na internet.

"Se alguém tentasse baixar hoje todo o conteúdo da Netflix, estimado em 3.600 terabytes (TB), para seu computador — se ele tivesse espaço suficiente — com a velocidade da internet no Brasil, levaria aproximadamente 14 anos, 9 meses e 18 dias — se a conexão se mantivesse estável", diz.

"No caso de Cingapura, que a internet mais rápida do mundo, com 226 Mbps, o tempo seria de 4 anos, 4 meses e 24 dias. Com a velocidade de 178 Tbps seriam gastos apenas três minutos."

O tamanho dos arquivos é dado em bytes (B) e a velocidade da rede em bits por segundo (bps). Uma rede de 1Kbps transmite 125B por segundo, então um arquivo de 1KB demora um pouco mais de 8s para ser enviado em uma rede com velocidade de 1Kbps. No caso de uma velocidade de 180 Tbps, 3.600 TB seriam transmitidos em aproximadamente 3 minutos.

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Tráfego de dados ocorre por meio de circuito de cabos do fibra óptica

Mas antes de comemorar essa rapidez, é bom saber que essa velocidade conseguida por Lídia não vai chegar — pelo menos tão cedo — às conexões domésticas e aos celulares. De acordo com Lídia, sua tecnologia será usada na estrutura central da internet, por onde trafega o grosso dos dados.

"A infraestrutura global de fibra óptica transporta mais de 95% dos dados da internet", disse ela para a BBC News Brasil. "Nos últimos 15 anos, esse tráfego aumentou exponencialmente."

Ela lembra que a infraestrutura de comunicação de banda larga onipresente e de alta capacidade é essencial para o crescimento econômico. "Vivemos em uma sociedade digital", diz.

"Futuros tipos de tráfego de internet e novos serviços de dados e aplicativos ainda impensados transformarão a vida das pessoas e irão guiar qual será a necessidade da velocidade da internet para o usuário final. O desenvolvimento de novas tecnologias é crucial para atender as demandas de taxas de dados futuras, que continuarão a aumentar."

Lídia explica que as informações na internet são transmitidas por pulsos de luz transportados em cabos de fibras ópticas, sendo que as diferentes frequências de luz (cores) perdem potência durante a transmissão, exigindo amplificadores ópticos (repetidores), que devem ser instalados a intervalos de 40 a 100 quilômetros nas linhas de cabos.

"A infraestrutura atual de cabos de fibras utiliza uma faixa restrita de frequências de luzes, devido à largura de banda limitada das tecnologias atuais de amplificadores ópticos", diz.

De acordo com ela, em um sistema de comunicações ópticas, a fibra, o amplificador (repetidor) e o transponder (transmissor que gera o sinal digital e o receptor que decodifica a informação transmitida) introduzem ruído no sinal transmitido, o que consequentemente reduz a capacidade de transmissão. Portanto, a velocidade diminui com o aumento da distância transmitida, por isso um comprimento maior de fibra e um número maior de amplificadores são necessários."

A infraestrutura atual de cabos de fibras ópticas transmite a informação em uma faixa de frequência máxima de aproximadamente 9 THz, limitada pelos amplificadores ópticos desenvolvidos na década de 1990, que dão um ganho da potência do sinal em uma faixa específica de frequência.

"No nosso trabalho transmitimos a informação em uma faixa de frequência, com uma largura de banda de 16.8 THz", conta.

Segundo Lídia, seu grupo conseguiu quebrar o recorde de velocidade de internet, porque utilizou diferentes tecnologias de amplificadores, o que possibilitou dobrar a extensão de frequências de luz transmitidas pela fibra. Ou seja, dobrou a largura da banda.

"Outras propriedades da luz, como brilho, fase e polarização, são utilizadas para codificar as informações e transmitir os dados", explica. "Outro fator que contribuiu para o recorde foi o desenvolvimento de novos algoritmos, para melhor utilizar essas propriedades da luz e aumentar a velocidade de cada frequência."

Para tornar mais fácil o entendimento do que desenvolveram, Lídia faz uma analogia.

"Imagine uma rodovia, com um certo número de faixas para carros", diz. "Cada uma representa um canal de frequência (cor), que transmite as informações. Os carros são as informações (bits) sendo transmitidos em cada faixa. No nosso trabalho nos desenvolvem algoritmos que possibilitaram atingir a velocidade teórica máxima dos carros em cada uma delas e implementamos diferentes tecnologias de repetidores, que tornaram possível dobrar o número de faixas da rodovia (dobrar a extensão de frequências de qualquer infraestrutura de cabos fibras ópticas implementada no mundo)."

Tecnologia 5G
A tecnologia que a pesquisadora brasileira também terá impacto na internet 5G, que começa a ser adotada em todo o mundo.

"As redes móveis 5G afetarão significativamente a infraestrutura global de cabos de fibras ópticas, pois suas metas de desempenho são fortemente baseadas na disponibilidade delas, e em grande quantidade, para as premissas da antena", explica Lídia.

"Portanto, a alta velocidade de transmissão em redes de fibras ópticas será fundamental para apoiar as redes 5G usadas por aplicativos que consomem muitos dados, com a infraestrutura de cidades inteligente, Internet da Coisas e futuras aplicações, que transformarão a vida das pessoas."

No caso do Brasil, ainda existe incerteza sobre como o 5G será implementado. Os Estados Unidos vem pressionando governos de todo o mundo, inclusive do Brasil, a impedir a compra de equipamentos da Huawei, empresa chinesa que é líder nesse mercado, alegando riscos de segurança e soberania. O governo brasileiro pretende fazer uma licitação sobre 5G no próximo ano, mas ainda não anunciou sua posição sobre a Huawei.

"Se nosso país optar por não usar equipamentos chineses, provavelmente levará mais tempo a implementar a tecnologia 5G e haverá mais custos para as operadoras instalarem suas redes e equipamentos", prevê o doutor em Computação e especialista na área de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos, Jéferson Campos Nobre, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

"Isso terá impactos para os consumidores, que terão que pagar mais caro pelos serviços."

Fonte: BBC

As diferenças abismais entre as vacinas de Oxford, Pfizer e Moderna, a Coronavac e a Sputnik V

As diferenças abismais entre as vacinas de Oxford, Pfizer e Moderna, a Coronavac e a Sputnik V

As candidatas mais avançadas a imunizações contra a covid-19 se distinguem em fatores como preço, que varia de 19 a 135 reais por dose, temperatura de conservação e eficácia

MANUEL ANSEDE | ARTUR GALOCHA | REGIANE OLIVEIRA
24 NOV 2020


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A humanidade conseguiu em pouco mais de 10 meses desenvolver três vacinas experimentais com uma aparente altíssima eficácia contra o novo coronavírus. As mais promissoras são: Oxford-AstraZeneca, Pfizer-BioNtech e Moderna-Institutos Nacionais da Saúde dos EUA, mas cada uma delas tem suas vantagens e inconvenientes. Ainda se aguarda com muita expectativa os resultados de duas outras vacinas: da Sinovac (Coronavac), previsto para o início de dezembro, e a do Instituto Gamaleya (Sputnik V). Estas são as principais diferenças conhecidas até o momento entre estes laboratórios.

Preço
A grande maioria da humanidade precisará se vacinar contra a covid-19, de modo que o preço da injeção é um dos fatores essenciais para que o medicamento seja acessível a todos. As diferenças entre as três vacinas mais avançadas são abismais: a desenvolvida pelas britânicas Universidade de Oxford e AstraZeneca custará três euros (cerca de 19 reais) por dose; a da multinacional norte-americana Pfizer e a empresa biotecnológica alemã BioNTech superaria os 15 euros (96 reais) por dose, cinco vezes mais; e a concebida pela empresa norte-americana Moderna e os Institutos Nacionais da Saúde dos EUA chegaria a 21 euros (135 reais) por dose, sete vezes mais do que a de Oxford.

Esses preços estimados têm como base valores divulgados pelas empresas para países desenvolvidos e podem variar em caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, e também para países mais pobres. O laboratório chinês Sinovac ainda não divulgou o valor de venda de sua vacina Coronavac. Em seu perfil no Twitter, a russa Sputnik V divulgou que seu preço será de menos de 20 dólares (cerca de 107 reais) por pessoa nos mercados internacionais. Para os cidadãos russos, a vacina será gratuita.
Temperatura de conservação

Levar as vacinas contra a covid-19 a todos os cantos do mundo será um desafio logístico com poucos precedentes. Um dos pontos decisivos será a temperatura de conservação de cada produto. A Universidade de Oxford se vangloriou em um comunicado de que sua vacina experimental se mantém na geladeira, entre temperaturas de 2 a 8 graus e, portanto, pode ser distribuída utilizando os canais já existentes para outras vacinas. A imunização da Pfizer, entretanto, precisa de temperaturas ultrafrias, de 70 graus abaixo de zero, um problema que a empresa tentará solucionar com contêineres com gelo seco que podem conservar a vacina durante 15 dias. O produto da Moderna está em um termo médio. Sua vacina experimental permanece estável por pelo menos seis meses a 20 graus abaixo de zero e aguenta 30 dias na geladeira, com temperaturas de 2 a 8 graus.

Um pesquisador da Sinovac envolvido no estudo Coronavac, disse à agência Reuters que a vacina pode ser uma opção atraente porque também pode ser armazenada em temperaturas normais de geladeira de 2 a 8 graus Celsius e pode permanecer estável por até três anos. Dados preliminares do Instituto Gamaleya mostram que a Sputnik V deve ser armazenada a menos 18 graus. No entanto, a empresa testa um processo de liofilização, um tipo de desidratação da vacina, que, assim, poderá ser armazenada em temperaturas normais de geladeira.

Eficácia
As equipes das vacinas experimentais proclamaram eficácias de 90% a 97%, mas há matizes entre elas. A Universidade de Oxford e a AstraZeneca anunciaram nesta segunda-feira uma eficácia de até 90% a partir de uma análise de 2.700 pessoas que receberam primeiro meia dose e após um mês uma dose completa. Com duas doses inteiras a eficácia, paradoxalmente, se reduz a 62%, de acordo com os resultados de um estudo maior, com 8.900 participantes. Os pais da vacina estão estudando esse fenômeno e será preciso ver se a eficácia preliminar de 90% se mantém nos resultados finais do teste clínico, que já recrutou 24.000 pessoas no Reino Unido, Brasil e África do Sul.

A vacina experimental da Pfizer e da BioNTech foi a primeira a oferecer um número de eficácia ― 95% ― com plena validade estatística, graças a um ensaio com 44.000 participantes e 170 contágios entre eles. Somente oito das pessoas infectadas receberam duas doses da vacina real. O restante, 162 voluntários, recebeu duas injeções de água com sais (placebo). A eficácia de 95% se mantém constante nos diferentes grupos de idade e em todos os sexos e raças dos participantes no ensaio, como destacou a Pfizer.

A empresa norte-americana Moderna e os Institutos Nacionais da Saúde, por sua vez, anunciaram uma eficácia de 94,5%, de acordo com uma primeira análise de um ensaio com 30.000 pessoas nos EUA. Seus resultados ainda são preliminares. Está previsto que nos próximos dias novos dados se somem a esses e se alcance a potência estatística suficiente para confirmar o número ou matizá-lo.

Os primeiros dados da Coronavac mostram que ela é segura e capaz de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos. Os resultados finais das pesquisas da chinesa Sinovac são aguardados para o início de dezembro. A vacina russa Sputnik V demonstrou, 42 dias após a primeira dose, uma eficácia de mais de 95%, divulgaram nesta terça o Instituto Gamaleya e o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF). De acordo com dados preliminares da segunda análise, a eficácia da vacina russa após 28 dias é de 91,4%.

Doses compradas pelo Brasil
O Governo brasileiro anunciou em agosto a abertura de um crédito extraordinário de 1,9 bilhão de reais para a produção e aquisição de 100 milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca. A medida também prevê a transferência de tecnologia ao país caso a vacina se mostre eficaz e segura. A absorção da tecnologia será feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o processamento da vacina pela Bio-Manguinhos. Dados recentes sobre os resultados da eficácia da vacina mostram que o país pode ganhar 30% a mais de doses. Isto porque diferenças nos testes mostram que com uma dose reduzida e uma completa, em um intervalo de 30 dias, a eficácia da vacina é de 90%. “Em vez de termos vacina para 100 milhões de brasileiros, poderíamos vacinar 130 milhões. O que é um ganho adicional. Foi uma boa notícia”, disse Marco Krieger, vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fiocruz, à Agência Brasil. A previsão é que a produção da vacina no Brasil tenha início a partir de dezembro deste ano.

O Governo do Estado de São Paulo assinou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da vacina da Coronavac. As primeiras 6 milhões de doses chegarão prontas da China ― 120.000 doses já estão em São Paulo prontas para serem aplicadas após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Intituto Butantan passará a produzir as imunizações no Brasil após a reforma de sua fábrica que está recebendo investimentos da ordem de 160 milhões de reais. Após o Ministério da Saúde voltar atrás no anuncio de compra de mais 46 milhões de doses da vacina do laboratório chinês, o governador do Estado, João Doria, afirmou que pode garantir a compra de 100 milhões de doses, mesmo sem verba federal.

O Ministério da Saúde aderiu a iniciativa Covax Facility, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que irá permitir ao país acesso a pelo menos nove vacinas em desenvolvimento. Pelo acordo, o país tem direito a uma reserva de 40 milhões de doses. O Governo pretende divulgar um calendário de vacinação contra a covid-19 para 2021 e para isso está se reunindo com cinco farmacêuticas ― Pfizer, Moderna, Janssen-Cilag (braço da Johnson & Johnson), a indiana Bharat Biotech e o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF).

A farmacêutica União Química informou que assinou acordo com o RDIF para produzir a vacina Sputnik V no Brasil, segundo a Reuters. A empresa disse que firmou um acordo de confidencialidade que a impede de fornecer quaisquer detalhes técnicos ou científicos. O laboratório ainda precisa obter aprovação da Anvisa para a produção.

Fonte: El País

A informação mais simples é mais bem absorvida, diz fundador do e-Farsas

A informação mais simples é mais bem absorvida, diz fundador do e-Farsas

Fundador de um dos primeiros serviços criados para desmentir boatos da internet, Gilmar Lopes explica como as fake news evoluíram nos últimos anos


Gilmar Lopes fundou o site e-Farsas em 2002 após provar que alguns e-mails que recebia não passavam de boatos. Desde então, ele desvendou as principais mentiras da internet. Rumores que vão desde uma foto de um turista posando na frente do avião que bateria no World Trade Center até mensagens sobre benefícios quase milagrosos da hidroxicloroquina. No combate das fake news na era das redes sociais, Lopes afirma que a melhor arma é a comunicação eficiente. “A informação mais simples é mais bem absorvida.”
Em entrevista exclusiva para a EXAME, o especialista em desvendar fake news conta sobre o trabalho realizado em quase duas décadas, o papel das redes sociais e o crescente impacto das notícias falsas na sociedade atual:

Como foi que você começou a realizar este trabalho de checagem de informações?
Isso começou lá em 2002. Eu recebia correntes por e-mail e uma delas dizia que para cada mensagem encaminhada uma criança iria receber 5 ou 50 centavos. E seria por uma doação da America Online. Então, antes de repassar, eu resolvi pesquisar, entrei em contato com a empresa e descobri que era tudo mentira. A partir de então, meus amigos começaram a me desafiar para descobrir se outros e-mails também eram falsos e eu resolvi juntar todas essas histórias em um único lugar. No dia 1º de abril de 2002, o e-Farsas entrou no ar.

Você imaginava que as fake news teriam o impacto que têm hoje?
Naquela época eu não achava que isso se tornaria algo tão grande, que as notícias falsas se tornariam a pauta do momento. O termo fake news nem mesmo existia, a gente chamava de hoax ou apenas de boato.

O que mudou de lá para cá no seu trabalho?
A quantidade. Tem muita coisa e eu já não dou conta de fazer tudo. As pesquisas também precisam ser mais ágeis. Lá no começo do site, quando eu ainda utilizava internet discada, as atualizações eram semanais. Às vezes, quinzenais. O e-Farsas faz pelo menos cinco pesquisas por dia atualmente. Mas é preciso lembrar que hoje existem mais ferramentas para buscar informações na internet do que antes.

Mas parece que mesmo com mais ferramentas de pesquisa, a desinformação tem crescido na internet…
Quando eu tive a ideia de fazer o site, a ideia era utilizar a própria internet como ferramenta para confirmar ou desmentir algo que estava circulando na rede. Era mostrar que qualquer pessoa poderia fazer uma pesquisa. Agora estamos expostos há muitas informações. Recebemos informações de tudo o quanto é lugar, seja do WhatsApp, das redes sociais, dos sites… A quantidade de informação a qual estamos sendo expostos é muito grande.

Essa avalanche de conteúdo atrapalha?
A minha impressão é de que a informação mais simples é mais bem absorvida. Por exemplo, tente enviar um artigo científico sobre hidroxicloroquina em um grupo de WhatsApp. As pessoas vão te achar um cara chato. Mas se no mesmo grupo for enviado um meme com uma montagem e um texto curto sobre a droga, as pessoas vão consumir a informação mais facilmente por ser uma mensagem mais simples de ser entendida.

As redes sociais podem ser responsabilizadas pela disseminação de fake news?
Se a gente for analisar que as redes sociais funcionam apenas como uma ferramenta, o que é escrito dentro delas não deveria ser de responsabilidade da plataforma. Por outro lado, há muitos estragos causados por causa disso. A rede social precisa ter dispositivos para informar sobre notícias falsas em algumas postagens, mas isso não pode ser afeito apenas por algoritmos. É preciso que exista uma curadoria, um grupo de pessoas que atuam na verificação. Mas qual será o viés desta equipe? O que será bloqueado? Há um debate e que envolve o princípio de que as pessoas têm direito de se expressarem.

Você teve um certo problema com a checagem de informações do Facebook, certo?
Foi o seguinte. Houve uma comparação entre o tempo de conserto de uma ponte no Rio de Janeiro e outra no Japão, mostrando uma suposta ineficiência brasileira. Quando identificamos a notícia falsa, publicamos no site e fizemos uma postagem no Facebook, só que a rede social notificou o conteúdo alertando como fake news com base em uma pesquisa realizada por checadores de fatos independentes e que estavam na Indonésia. Mas o problema é que esta agência da Indonésia utilizou a nossa checagem como fonte. Ou seja, eu fui desmentido por mim mesmo.

Há uma mudança no perfil das notícias falsas disseminadas atualmente em relação ao conteúdo que circulava anos atrás?
Antes, os textos falsos tinham um formato quase padronizado: não eram datados, tinham tom alarmista com palavras escritas em letras maiúsculas e pediam para serem repassados. Hoje, o conteúdo falso circula como notícia, com layout jornalístico e com links para outros sites. Uma fake news recente citava até o número do processo que uma pessoa supostamente estaria respondendo, mas o problema é que aquele processo não era dela.

E em relação ao conteúdo?
Desde 2018 as fake news ficaram mais direcionadas. Existem grupos no WhatsApp em que as pessoas se reúnem e discutem quem elas vão atacar, criando notícias falsas e as espalhando na rede. A impressão é de que os alvos do momento são os grupos antifas.

Qual foi a notícia mais espetacular que você viu durante todo este tempo?
Sem dúvida foi uma foto de uma pessoa que estava visitando o World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001. Ela teria sido fotografada quase que posando acidentalmente enquanto um dos aviões que teria colidido com a torre vinha em sua direção. Era falso, claro.

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Fake news: montagem foi desvendada pelo e-Farsas ainda no começo da década passada (eFarsas/Reprodução)

Fonte: EXAME

O mistério dos terremotos sem explicação

O mistério dos terremotos sem explicação

Chris Baraniuk BBC Future
23/09/2020

CRÉDITO ALAMY
Equipes de 'detetives' sísmicos investigam as causas de tremores incomuns – muitas vezes, induzidos pelo homem

O medo toma conta da apresentadora no momento em que o estúdio de televisão começa a tremer. Ela para e fica em silêncio. O tremor aumenta. Outros apresentadores sentados ao redor dela permanecem imóveis, exceto pela troca de olhares de preocupação.

O tremor fica mais forte. É possível ouvir os equipamentos de iluminação em cima deles chacoalhar. Um deles olha para o alto. A principal apresentadora suspira. É hora de partir.

Eles tiram os microfones de lapela e deixam às pressas o estúdio do programa de televisão, que era transmitido ao vivo no momento em que um terremoto de magnitude 5,5 sacudia a cidade de Pohang, na Coreia do Sul.

Foi um abalo sísmico poderoso. Outras imagens mostram pessoas fugindo de prédios enquanto as paredes desabam atrás delas.

A cidade de meio milhão de habitantes ficou em choque. Mas esse terremoto não foi um fenômeno natural – foi desencadeado pelo homem.

Esta foi a conclusão de um relatório publicado por uma equipe de especialistas que tentou descobrir o que causou o tremor em 15 de novembro de 2017 em Pohang, que deixou 135 pessoas feridas e 1,7 mil temporariamente desalojadas.

Milhares de edifícios foram danificados, gerando um prejuízo de US$ 75 milhões.

Para descobrir se a atividade industrial havia desencadeado o terremoto (havia um projeto de perfuração geotérmica em andamento na região), os sul-coreanos pediram ajuda a uma nova geração de sismólogos: os chamados "detetives de terremoto".

Eles são encarregados de analisar registros sísmicos e dados da indústria para verificar se um tremor foi natural ou não.

Não é uma tarefa fácil. Mas esses cientistas estão desenvolvendo métodos mais seguros para identificar os responsáveis. Um verdadeiro trabalho de perícia.

CRÉDITO ALAMY
Uma das famílias desalojadas pelo terremoto em Pohang

Com cada vez mais perfurações e operações de “fracking” (fraturamento hidráulico) em todo o mundo, terremotos induzidos pelo homem (ou antropogênicos) se tornaram uma preocupação crescente.

Atualmente, cerca de 100 mil poços de petróleo são perfurados todos os anos – e o uso de energia geotérmica, que às vezes envolve a injeção de fluidos em rochas quentes para gerar vapor, pode aumentar em seis vezes até 2050.

Ao remover grandes quantidades de combustível fóssil ou inundar rochas fraturadas com líquido, é possível alterar o equilíbrio de tensões subterrâneas e provocar um terremoto.

Embora a expressão “terra firme” seja muito usada, em uma escala geológica, o solo embaixo dos nossos pés é tudo, menos firme. Está repleto de níveis instáveis de matéria com variadas densidades.

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Uma rachadura no píer de Pohang revela força do terremoto de novembro de 2017, que feriu mais de 100 pessoas

Há falhas e fraturas, geralmente com correntes de fluido passando por elas. Há também sedimentos, argila e rochas. Sem mencionar, em uma escala ainda maior, placas tectônicas gigantes que se encostam ou se separam. Em alguns lugares, o chão é como uma torre de tijolos de brinquedo esperando para ser derrubada.

Bill Ellsworth, do Centro de Atividade Sísmica da Universidade de Stanford, nos EUA, se lembra da primeira vez que viu as imagens de pessoas fugindo dos prédios enquanto o terremoto de Pohang sacudia a cidade.

"Eles deram muita sorte de ninguém ter morrido, depois de ver algumas imagens das câmeras de segurança", diz o especialista, que fez parte da equipe internacional que investigou o que aconteceu na Coreia do Sul.

Os terremotos são medidos na escala Richter – que é “logarítmica” – o que quer dizer que um aumento de um ponto significa um aumento de 10 vezes na força. Um terremoto de magnitude 3 na escala Richter seria sentido pela população, e de escala 4 seria o suficiente para derrubar objetos das prateleiras.

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Manifestantes exigem indenização por danos causados pelo terremoto de novembro de 2017 em Pohang

Um evento de magnitude 5,5 ou superior causado pela atividade humana é muito raro e, embora ainda seja considerado moderado, pode ser suficiente para danificar edifícios.

No dia seguinte a Pohang ser sacudida pelos tremores, a NexGeo – empresa que operava a usina geotérmica experimental – negou que tivesse qualquer responsabilidade pelo ocorrido.

Mas quando Ellsworth e sua equipe começaram a analisar as evidências, uma história diferente veio à tona. Eles usaram como base dados sísmicos da área, assim como informações sobre a atividade de perfuração da NexGeo, que cooperou com a investigação.

As usinas geotérmicas operam usando o calor do solo para gerar eletricidade. Há várias maneiras de fazer isso. Algumas utilizam, por exemplo, vapor liberado diretamente de reservatórios geotérmicos.

Em outros casos, a rocha pode estar quente, mas não há fluido suficiente para trazer calor à superfície na forma de vapor. Para fraturar a rocha e liberar esse calor, a NexGeo planejava injetar fluido no solo.

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Destruição provocada pelo terremoto de 2017 em escola de Pohang

Antes de chegar a essa etapa, a empresa precisava perfurar profundamente a terra. Foi durante esse processo que as coisas deram errado.

"Por algum motivo, havia uma passagem que permitia que o fluido escapasse do poço", explica Ellsworth.

Ao injetar ainda mais fluido, eles garantiram a perfuração do poço. Mas a enorme pressão causou o que ninguém queria: atividade sísmica.

"Isso desencadeou alguns eventos muito pequenos, tão pequenos que não foram notados na época", diz Ellsworth.

O que a equipe de perfuração parece não ter percebido, mas que a análise espacial desses miniterremotos mostrou mais tarde, foi que a perfuração tinha, na verdade, atravessado uma falha geológica – onde duas placas tectônicas se encontram. O movimento da terra pode acontecer ao longo dessas falhas. É isso que causa terremotos.

Idealmente, as falhas geológicas em áreas sujeitas a perfuração ou injeção de fluidos são identificadas e costumam ser evitadas.

Nesse caso, em parte porque não havia indicação na superfície de uma falha geológica, a equipe sul-coreana não fazia ideia do que havia perfurado. Como Ellsworth pontuou: "Foi muita falta de sorte."

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A partir de uma análise cuidadosa, os 'detetives' de terremoto podem detectar a fonte da atividade sísmica

Os primeiros miniterremotos, ignorados na época, eram um sinal de que havia algo errado. Apenas algumas semanas depois, ocorreu o terremoto de magnitude 5,5.

Os dados coletados por Ellsworth e seus colegas os convenceram de que o evento foi induzido por atividade humana. Embora tenha havido algum debate acerca dos resultados, as conclusões já foram aceitas pelo governo sul-coreano, que se comprometeu a desativar a usina geotérmica.

A equipe de perfuração poderia ter notado a atividade sísmica inicial e parado de perfurar a tempo?
É possível, diz Ellsworth, mas eles contavam com um sistema de semáforo relativamente simples para ajudá-los a julgar se a perfuração era segura. Esse sistema envolve monitorar a atividade sísmica e deixar de perfurar apenas se for atingida uma certa magnitude de terremoto.

CRÉDITO ALAMY
Surrey, no Reino Unido, normalmente não apresenta uma atividade sísmica forte, mas uma série de pequenos terremotos preocupou os moradores no início de 2019

Ellsworth ressalta que, nesse caso, a magnitude dos miniterremotos era muito baixa, mas o mapeamento da área onde ocorreram revelou a presença de uma falha geológica.

Esse tipo de análise mais abrangente poderia, em teoria, ter alertado os operadores de perfuração sobre a gravidade da situação. A BBC Future entrou em contato com a NextGeo para discutir o conteúdo do relatório, mas eles não responderam até o fechamento desta reportagem.

Todavia, escutar o solo e interpretar os diferentes ruídos produzidos lá embaixo não é uma tarefa fácil. 

O que podemos fazer então?
A 8,5 mil quilômetros de distância, no sul da Inglaterra, um cientista se viu envolvido em outro caso de investigação sísmica – desta vez, envolvendo uma operação de perfuração de petróleo na zona rural de Surrey.

Era uma tarde ensolarada no início da primavera, quando Stephen Hicks abriu uma enorme caixa preta perto de um painel solar instalado em um campo.

"Temos cinco destes na área", diz ele.

Hicks é um sismólogo da Universidade Imperial College London, no Reino Unido. E se viu liderando uma investigação local para encontrar a causa de uma série de pequenos terremotos na área. Não é algo que o condado de Surrey, com seus riachos e colinas, esteja acostumado.

CRÉDITO CHRIS BARANIUK
Stephen Hicks liderou investigação para descobrir causa de terremotos em Surrey

Mas em 27 de fevereiro do ano passado, a região foi atingida por um terremoto de magnitude 3,1 nas primeiras horas da manhã. Foi o tremor mais forte registrado até agora e, embora não tenha sido muito intenso, foi um evento incomum. O Reino Unido é atingido apenas por dois ou três desses tremores por ano.

Como uma empresa chamada UK Oil and Gas (UKOG) está extraindo petróleo nas redondezas, muitos moradores têm receio de que a atividade esteja perturbando antigas falhas tectônicas e causando os terremotos.

Houve uma série de protestos no local da perfuração. E muitos moradores fizeram um apelo aos cientistas para descobrir o que realmente estava acontecendo. É aí que entra o trabalho de Hicks.

"Isso é o que chamamos de digitalizador", diz ele, apontando para uma pequena caixa dentro do caixote preto.

"Ele está transformando o sinal analógico em algum tipo de formato digital e, posteriormente, podemos convertê-lo em velocidade, metros por segundo ou aceleração."

Ao colocar o dispositivo no chão, ele me mostra minutos depois os enormes picos que aparecem quase em tempo real no gráfico de tremores, que ele pode consultar online.

Ter vários dispositivos em campo significa que ruídos acidentais, de carros passando, por exemplo, podem ser descartados. Só quando os tremores aparecem uniformemente em vários monitores sísmicos é que indica um terremoto.

Hicks e os colegas ajudaram a instalar as cinco unidades do dispositivo, de propriedade da British Geological Survey, no verão de 2018. E desde então estão monitorando os sinais da área.

Mas, ao contrário de Pohang, não parece haver algo fora do normal aqui.

Quase todos os 90 terremotos que Hicks detectou nos últimos oito meses são pequenos, com magnitude inferior a 1. E estão ocorrendo a uma profundidade relativamente baixa, a cerca de 2,5 km abaixo do solo – mas não tão superficial quanto a perfuração, a cerca de 700m ou 800m.

Além disso, os terremotos ocorreram distribuídos pela região – conhecida como Bacia de Weald – e não de maneira agrupada perto do local da perfuração.

"Acreditamos que seja coincidência", diz ele.

E embora ele ache que os tremores não são induzidos pelo homem, não deixam de ser eventos interessantes. Terremotos como esse, em tão pouca profundidade, não costumam ser registrados com uma resolução tão alta no Reino Unido.

"Independentemente da causa, ainda é uma sequência interessante", afirma.

Enquanto andamos pelo campo, perto do epicentro do maior terremoto, encontramos Jackie Wilson, que está passeando com o cachorro. Quando o terremoto de magnitude 3,1 aconteceu em fevereiro, ela conta que seu gato "pulou da cama".

"Alguém solicitou que os moradores assinassem uma petição contra a perfuração que estava em andamento", acrescentou. "Acho que foi quando tudo começou, não foi?"

Hicks recebeu e-mails, telefonemas e tuítes de outros moradores igualmente intrigados com o que estava acontecendo. Mas, por enquanto, ele mantém a conclusão de que a causa dos terremotos é natural.

Algumas semanas depois que nos encontramos, ele e os colegas publicaram na internet os resultados preliminares da investigação.

"No geral, não encontramos indicadores nos parâmetros do terremoto que sugiram fortemente que foi induzido", escreveram.

Mas o receio da população de que os tremores possam ser causados pelo homem está se tornado algo cada vez mais comum em todo o mundo. Especialmente quando atividades geotérmicas ou de perfuração acontecem no mesmo local dos terremotos.

As pessoas estão claramente se acostumando com o conceito de atividade sísmica antropogênica, que pode ser induzida ou ativada pelo homem.

Esta última é uma condição ligeiramente diferente, na qual os terremotos são causados principalmente pela atividade tectônica, mas a atividade humana desempenha um papel na maneira como acontecem.

É natural que a população tenha preocupações, diz Francesco Grigoli, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. na Suíça. Ele estuda as ferramentas usadas pelos detetives de terremoto para descobrir a causa dos abalos sísmicos.

"Não existe uma receita padrão para identificar ou discriminar qualquer evento", explica.

Grigoli e seus colegas analisaram o terremoto de Pohang menos de um ano após ter abalado a cidade, mas estavam limitados a dados sísmicos públicos de uma estação japonesa, a muitos quilômetros do epicentro, e na época não tinham acesso às informações da NexGeo sobre a perfuração.

Ele argumenta que a disponibilização de mais dados pode fazer uma enorme diferença quando se trata de determinar se um terremoto é antropogênico ou não.

Além disso, a resolução do monitoramento sísmico melhorou bastante. Se tiverem interesse, as empresas de perfuração podem hoje em dia usar dispositivos de escuta altamente sensíveis que ouvem "cada estalo", acrescenta James Verdon, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

"Isso nos fornece milhares, ou até mesmo centenas de milhares, de pontos de dados com os quais podemos fazer uma avaliação muito mais detalhada do risco sísmico", explica.

Um artigo publicado no início do ano passado descreveu como o monitoramento microssísmico aparentemente ajudou a reduzir ao mínimo a atividade sísmica induzida por fluidos em um projeto geotérmico na Finlândia.

Nesse caso, a equipe escutou atentamente a atividade sísmica em pequena escala, o que a levou a diminuir ocasionalmente a taxa de injeção de fluido ou aguardar períodos mais longos para o bombeamento. Os autores do artigo acreditam que isso afastou o risco de qualquer abalo mais sério.

Há, no entanto, quem nunca vai se sentir à vontade com a ideia de perfurar próximo a locais populosos. As possíveis consequências, argumentam, são arriscadas demais, mesmo que a probabilidade de provocar um grande terremoto seja pequena.

Mas os detetives do terremoto podem, em teoria, ajudar a avaliar a situação durante a perfuração, não apenas após a ocorrência de um terremoto, e disparar o alarme caso a perfuração se torne perigosa.

Ao ouvir atentamente o que o solo tem a dizer, as empresas e os governos podem estar melhor preparados para reagir – antes que seja tarde demais.

Fonte: BBC

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Site cria fotos de sósias para enganar reconhecimento facial

Site cria fotos de sósias para enganar reconhecimento facial

Anonymizer usa inteligência artificial para gerar imagens de pessoas que não existem, mas se parecem com você

Rafael Rigues 
26/11/2020

A empresa norte-americana Generated Media lançou uma ferramenta que promete ajudar os usuários a driblar sistemas de reconhecimento facial em serviços online. Chamada Anonymizer, ela usa inteligência artificial para gerar fotos de sósias que não existem, mas se parecem com você.

Funciona de forma simples: basta enviar uma foto de seu rosto, de preferência olhando diretamente para a câmera. Em questão de segundos o site retorna 20 fotos incrivelmente realistas de "pessoas" que compartilham algumas de suas características faciais.

O sistema é baseado em duas redes neurais que competem entre si (GAN, Generative Adversarial Network ou Rede Adversária Generativa). Uma é a geradora, que produz as imagens, e a outra é a discriminadora, que filtra as que são claramente artificais. A função da geradora é enganar a discriminadora o maior número de vezes possível, enquanto a discriminadora tem como missão detectar o maior número de imagens artificiais possível.

Em nosso teste, o Anonymizer se mostrou bastante rápido, mas a fidelidade do resultado deixou a desejar. Observe abaixo a imagem original (à esquerda) e quatro dos sósias gerados pelo serviço à direita.

Retrato real (à esquerda) e quatro sósias gerados pelo Anonymizer. Imagens: Célia Costa / Generated Media

O objetivo por trás do Anonymizer é dar às pessoas uma ideia da sua aparência, mas sem expô-la na rede. Segundo a empresa, ele é "uma forma de demonstrar a utilidade da mídia sintética". O serviço é uma expansão do Generated.Photos, que cria retratos sintéticos de acordo com características escolhidas pelo usuário.

Você pode dizer "homem, asiático, meia idade, cabelo curto" e ele criará 20 imagens para você. Todas realistas, mas de pessoas que não existem. Segundo a Generated Media, elas podem ser úteis para criar personagens em jogos, em publicidade, para gerar conjuntos de dados para aprendizado de máquina, em obras de arte e muito mais.

As imagens produzidas pelo Generated Photos e Anonymizer podem ser usadas gratuitamente para fins pessoais, mas uso comercial exige a aquisição de uma licença de uso. Os termos de uso também deixam claro a proibição do uso para fins ilegais, como difamação ou fraude.