quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Há pelo menos 50% mais mortes por covid-19 no Brasil do que apontam dados oficiais, calculam especialistas

Há pelo menos 50% mais mortes por covid-19 no Brasil do que apontam dados oficiais, calculam especialistas

André Biernath - BBC News Brasil em São Paulo
30/12/2020

CRÉDITO,GETTY IMAGES
De acordo com projeções matemáticas, Brasil já superou há tempos as 200 mil mortes por covid-19

O Brasil acumula mais de 191 mil mortes por covid-19 desde o início da pandemia. Mas epidemiologistas, matemáticos e cientistas de dados calculam que o número real é bem maior.

Mesmo as análises mais conservadoras desses profissionais indicam um excedente não contabilizado que ultrapassa a casa das dezenas de milhares de óbitos pela doença.

Embora a subnotificação seja um fenômeno que aconteça em todo o mundo, no nosso país ela apresenta características únicas. Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam uma enorme dificuldade para entender a origem e a metodologia dos dados disponibilizados pelo governo sobre a pandemia.

"Não basta informar o número final. Precisamos de uma transparência de como essas informações são coletadas para que tenhamos tranquilidade de que elas realmente representam a realidade que estamos vivendo. A gente só fica sabendo das coisas com atraso", critica o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19.

Mas, afinal, como é possível calcular esse excesso de óbitos que foge das contas oficiais?

Mortes sem explicação
Para responder a essa pergunta, o engenheiro Miguel Buelta, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, recorreu aos registros brasileiros de óbitos por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG).

Por lei, todos os hospitais são obrigados a notificar o governo quando uma morte por essa condição acontece em suas dependências.

"Se compararmos o número de mortes por SRAG em 2019 e em 2020, é possível observar que neste ano há um excedente enorme, mesmo quando subtraímos a média dos períodos anteriores e os casos em que a covid-19 foi confirmada", afirma Buelta.

Em outras palavras, na comparação com o passado recente, o número de pessoas que não sobreviveu a um colapso das vias aéreas em 2020 foi muito maior. E, dentro desse contingente, há uma quantidade enorme de óbitos em que o agente por trás do problema não foi identificado.

Vamos aos números. Em 2019, o Brasil contabilizou 4.852 mortes por SRAG. Já no ano de 2020, o número de óbitos por essa mesma condição estava em 229,1 mil até o dia 1º de novembro. Desse total registrado, 151,5 mil tiveram a covid-19 confirmada.

Numa conta simples de subtração, dá pra concluir que cerca de 75 mil mortes por SRAG ocorridas ao longo dos últimos meses não tiveram sua origem esclarecida. Porém, em um ano de pandemia, com alta circulação de um novo tipo de coronavírus, especialistas dizem ser possível afirmar que a maioria dessas pessoas deve ter tido covid-19.

Fatores confundidores
E se forem, na verdade, pacientes de pneumonia? Buelta levou essa possibilidade em conta.

"Algumas pessoas argumentaram que, ao longo de 2020, o número de mortes por pneumonia caiu no Brasil. Segundo essa linha de raciocínio, os médicos estariam colocando com mais frequência a SRAG do que a pneumonia nos atestados de óbito", conta Buelta.

O engenheiro resolveu, então, adicionar mais alguns números na sua fórmula. "Mesmo se acrescentarmos esse eventual fator de confusão da pneumonia na conta, ele não é suficiente para explicar esse excedente todo de mortes por SRAG que observamos", diz.

Vamos considerar um cenário considerado absurdo e irreal, em que 50% das mortes por SRAG notificadas no país eram, na verdade, pneumonias não diagnosticadas. "Mesmo assim, ainda teríamos uma subnotificação de mortes prováveis por covid-19 na casa dos 30%", observa Buelta.

Os especialistas acreditam que a explicação para essa queda nas mortes por pneumonia é muito mais simples: com as pessoas mais isoladas em casa (especialmente as crianças, que em sua maioria não foram à escola nos últimos meses), a circulação de outros agentes infecciosos relativamente comuns caiu no país.

É provável, portanto, que não apenas a pneumonia, mas doenças como gripe, diarreia e resfriado tenham sido bem menos impactantes neste ano em relação aos períodos anteriores.

Muito além dos dados oficiais
É preciso considerar que os cálculos de subnotificação apresentados até agora levam em conta apenas os dados dos pacientes que chegaram até o hospital, onde a notificação de SRAG é compulsória.

"Nós sabemos que, ao longo de 2020, houve um excesso de mortes ocorridas em casa ou na rua, de indivíduos que nem chegaram a receber um atendimento", aponta Schrarstzhaupt.

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Cansaço e acúmulo de trabalho no final do ano é um dos motivos para o atraso na atualização dos dados sobre a pandemia no Brasil

O cenário aqui fica um pouco mais nebuloso, pois não há muita informação disponível e confiável.

É possível ter uma pista desse fenômeno no Portal Transparência, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, entidade que representa os cartórios brasileiros.

A base de dados revela que, em 2019, 272 mil brasileiros morreram por causas respiratórias fora do ambiente hospitalar (na rua ou em casa, por exemplo). Já em 2020, esse número está em 323 mil, quase 50 mil óbitos a mais.

Não é possível, é claro, relacionar todo esse excedente à covid-19. Mas os especialistas indicam que o fato de ele aparecer justamente durante a pandemia é um sintoma de descompasso e possível desatualização das informações oficiais.

Segundo estimativas conservadoras dos três entrevistados pela reportagem, somando-se as mortes por SRAG de causa não identificada mais as mortes fora do ambiente hospitalar, o total de mortes por covid-19 no país até agora deve ser mais de 50% superior às estimativas oficiais.

O outro lado da história
A reportagem da BBC News Brasil entrou em contato com o Ministério da Saúde para entender como o governo avalia essa questão da subnotificação de mortes por covid-19 no país.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da pasta afirmou, sem entrar em detalhes, que há um processo para fortalecer a rede de vigilância de influenza e outros vírus respiratórios, "para cada vez mais qualificar a identificação de agentes etiológicos causadores de doenças respiratórias, como a covid-19, principalmente por técnicas de biologia molecular, incluindo mais tipos de vírus nos diagnósticos e com equipamentos capazes de um maior número de processamento ao dia".

No texto, os representantes do ministério também apontaram que o processo de notificação não envolve apenas informar um novo caso. "Mesmo depois de inserido no sistema de informação, os técnicos retornam para atualizar as informações, bem como os resultados laboratoriais e assim encerrar os casos. O Ministério da Saúde regularmente discute e fortalece a necessidade da notificação e digitação oportuna dos casos suspeitos e confirmados para covid-19 com as equipes de vigilância dos Estados".

Um problema generalizado
A subnotificação não é algo que acontece apenas no nosso país. Na segunda-feira (28/12), a Rússia admitiu que o número de mortos em razão da covid-19 por lá era três vezes maior do que apontavam as estatísticas oficiais.

O governo de Vladimir Putin contabilizava 55 mil óbitos. Agora, representantes do Ministério da Saúde russo calculam mais de 186 mil mortes pela doença, o que colocaria o país em terceiro lugar no ranking global, só atrás de Brasil (em segundo) e Estados Unidos (em primeiro).

Nos últimos meses, outras nações como a China, a Alemanha e a Coreia do Sul também corrigiram seus cálculos e modificaram os números divulgados até então.

Ainda no contexto internacional, um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, avaliou o grau de subnotificação de mortes pelo coronavírus em 91 países diferentes.

De acordo com os resultados, que estão na fase de pré-publicação e ainda não foram avaliados por outros cientistas independentes, a defasagem nos dados acontece em maior ou menor grau em todos os lugares.

Na média, estima-se que os números de óbitos sejam 40% superiores ao que foi calculado até o momento. Isso significaria um acréscimo global de cerca de 700 mil mortes provocadas pela infecção do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela pandemia atual.

A pesquisa do MIT, no entanto, destaca que não conseguiu incluir na análise três países que sofreram ou sofrem bastante com a pandemia: China, Argentina e Brasil.

Segundo os autores, não foi possível obter dados confiáveis sobre a covid-19 nesses três países, especialmente em relação aos programas de testagem populacional.

Pandemia à brasileira
A falta de diagnóstico rápido e preciso está entre as grandes dificuldades por aqui. "Ao mesmo tempo em que vemos um aumento na notificação de mortes por SRAG não especificada no país, desde agosto há uma diminuição de 10% a 15% ao mês no número de testes para detectar a covid-19", afirma o físico Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Sem a realização de testes em larga escala, a tendência é que a subnotificação das mortes só aumente daqui pra diante.

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Desde agosto, Brasil diminui de 10 a 15% ao mês número de testes realizados para detectar a covid-19

Alves também identifica um atraso muito grande das secretarias estaduais de saúde para disponibilizar seus dados. "O Rio de Janeiro, por exemplo, passou o mês de novembro inteiro informando uma queda de novos casos de infecção, enquanto as hospitalizações subiam. Precisamos que os responsáveis por esse processo sejam cuidadosos e honestos", aponta o físico.

O que janeiro nos reserva?
Schrarstzhaupt observa uma piora na disponibilidade de informações sobre o cenário da pandemia no Brasil a partir de novembro. "Conversamos com muitos profissionais e eles nos disseram que as equipes estão reduzidas, há um cansaço geral e ainda ocorreu um acúmulo e um atraso nas notificações que precisam ser feitas nos sistemas".

É preciso considerar aqui questões burocráticas. Há relatos de que os sistemas de informática utilizados para computar as mortes não são nada fáceis de operar e consomem muito tempo de trabalho.

Vivemos também o final do mandato de muitos prefeitos. Os novos responsáveis pela administração das cidades assumem a partir de janeiro e a troca dos secretários e das equipes na área de saúde pode atravancar ainda mais esse processo.

Para completar, com o fim de ano, muitos funcionários do setor público e privado tiram férias ou entram em recesso, restringindo ainda mais a mão de obra necessária para manter tudo atualizado.

Com isso, eventuais quedas repentinas nos números de casos e mortes por covid-19 observados nos últimos dias ou em fins de semana (e que podem se repetir daqui para a frente) podem ser artificiais e não representar a realidade.

"É provável que a partir da segunda quinzena de janeiro todos esses dados que estão represados apareçam de uma só vez", antevê Schrarstzhaupt. "No atual estágio da pandemia, tudo indica que vemos apenas a ponta do iceberg e há muita coisa escondida por baixo desse mar de dados", completa o cientista.

Fonte: BBC

Falsas vacinas: Interpol alerta para ações do crime organizado no mercado anti-Covid

Falsas vacinas: Interpol alerta para ações do crime organizado no mercado anti-Covid

RFI
02/12/2020

O crime organizado ficará focado em vacinas contra a covid-19, alerta Interpol. REUTERS - DADO RUVIC

A organização internacional Interpol enviou nesta quarta-feira (2) uma mensagem a seus 194 países membros, alertando-os para se prepararem para ações do crime organizado focadas nas vacinas contra o novo coronavírus. 

Em um comunicado, a organização de cooperação policial internacional com sede em Lyon (centro-leste da França) chama atenção sobre uma "potencial atividade criminosa sobre contrabando, roubo ou promoção ilegal de vacinas contra a Covid-19 e a gripe".

"A pandemia já deu origem a uma atividade criminosa predatória e oportunista sem precedentes", recorda a Interpol, que ressalta já ter verificado "a promoção, venda e administração de falsas vacinas" contra o coronavírus.

"À medida em que várias vacinas contra a Covid-19 se aproximam da aprovação (...) será crucial garantir a segurança da cadeia de abastecimento e identificar sites ilícitos que vendem produtos falsificados na internet", afirma o texto.

Essas ações "constituem um risco significativo para a saúde e até para a vida das vítimas dessas organizações ou indivíduos", acrescentou o secretário-geral da Interpol, Jurgen Stock, no comunicado.

"É essencial que as autoridades estejam o mais preparadas possível para o surgimento de todos os tipos de atividades criminosas relacionadas às vacinas contra a Covid-19", finalizou Stock.

A Interpol também pede vigilância contra o risco de circulação de falsos testes de detecção da doença, cujo uso pode se multiplicar com a retomada das viagens internacionais.

Com informações da AFP

Fonte: RFI

Como o ambientalismo se tornou um ativo financeiro

Como o ambientalismo se tornou um ativo financeiro

Empresas e investidores se preocupam cada vez mais com preservação ambiental, em busca de rentabilidade no longo prazo e temendo efeitos das mudanças climáticas. No Brasil, cresce pressão sobre governo Bolsonaro. 

Bruno Lupion 
17.07.2020 

Proteção da Amazônia: mais de 50 CEOs de empresas brasileiras lançaram manifesto pedindo combate ao desmatamento 

Nascida na contracultura, longe do poder econômico e político, a defesa de um ecossistema sustentável é uma bandeira cada vez mais empunhada pelos donos do dinheiro grosso, como fundos de pensão e de investimento. Além de novos atores, o ambientalismo financeiro tem novos motivos. Em vez do dever ético de preservar o planeta para as próximas gerações, há o dever de assegurar rentabilidade e estabilidade a investimentos no longo prazo.

Diversos sinais desse ativismo apareceram no último mês. Um grupo de investidores internacionais responsável por cerca de 20 trilhões de reais enviou cartas a embaixadas brasileiras manifestando preocupação com o aumento do desmatamento na Amazônia. E mais de 50 CEOs de grandes empresas no país lançaram manifesto pedindo combate ao desmatamento. Ambos os grupos foram recebidos pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia. Na terça-feira (14/07), 17 ex-titulares do Ministério da Fazenda e do Banco Central brasileiros lançaram carta cobrando uma retomada sustentável da economia após a pandemia.

Tais iniciativas foram potencializadas pelo descaso do governo Jair Bolsonaro em relação a questões ambientais, mas refletem também um movimento global, cujo ponto de inflexão ocorreu em janeiro, no último Fórum Econômico Mundial. Durante o encontro, na cidade suíça de Davos, o Bank for International Settlements (BIS), conhecido como o banco central dos banco centrais, divulgou um relatório alertando para os riscos que as mudanças climáticas podem trazer à estabilidade da economia e do sistema financeiro.

No mesmo evento, o fundo BlackRock, maior gestor de ativos do mundo, anunciou que seus novos investimentos seriam destinados apenas a companhias com responsabilidade ambiental, e que tiraria dinheiro ou usaria seu poder de voto em investimentos existentes para forçar as empresas a caminhar nessa direção.

A decisão do BlackRock se relaciona às duas principais variáveis que orientam os investidores sobre onde colocar dinheiro: risco e retorno. No mercado financeiro, está se consolidando a percepção de que empresas que não conseguem manejar de forma inteligente os recursos naturais demonstram não estar preparadas para se manter na liderança de seus setores no futuro. Portanto, seriam investimentos mais arriscados e com potencial de perda de rentabilidade, afirma à DW Brasil Celso Funcia Lemme, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro especializado em finanças e sustentabilidade corporativa.

Nesse contexto, retirar os investimentos de empresas que ignoram seu impacto ambiental é, mais do que uma opção, um dever dos gestores dos fundos, que têm a chamada responsabilidade fiduciária de agir de acordo com os interesses dos donos do dinheiro.

Há outros incentivos em jogo. Segundo a economista Maria Eugênia Buosi, sócia-fundadora da consultoria Resultante, o engajamento de uma empresa com sustentabilidade é hoje interpretado como um sinal de que ela tem uma gestão eficiente e, portanto, está mais bem posicionada para ter retorno financeiro no longo prazo. Além disso, indica uso mais eficiente de recursos como água e energia e menor exposição a multas e passivos ambientais.

Por fim, a performance ambiental das companhias também reduz o risco reputacional, diz Marcelo Seraphim, diretor no Brasil da Principles for Responsible Investment (PRI), organização criada com apoio da ONU para elaborar princípios norteadores de investimentos sustentáveis.

"Nenhum detentor de ativos, seja ele uma seguradora, um fundo de pensão ou um family office gostaria de ver seu dinheiro financiando empresas cujas atividades envolvam trabalho escravo, desmatamento, emissão descontrolada de gases de efeito estufa", afirma.

Lógica semelhante se aplica à análise sobre em qual país os investimentos serão feitos, diz Seraphim. "A comunidade financeira hoje analisa a atratividade dos investimentos nos países também do ponto de vista dos riscos ASG [ambientais, sociais e de governança], exatamente como fazem com as empresas", diz.

Risco sistêmico das mudanças climáticas
Além da atenção dos investidores aos fundamentos de cada empresa, existe preocupação no mercado financeiro com os riscos sistêmicos das mudanças climáticas, detalhados no relatório do BIS apresentado em Davos.

O aumento da temperatura média, a alteração do regime de chuvas e a ocorrência de eventos extremos, como furacões e ciclones, têm potencial de afetar diretamente diversos setores da economia.

Um exemplo, citado por Lemme, são as indústrias de refrigerantes e cerveja, que dependem de grande quantidade de água de qualidade. Crises hídricas, como a que ocorreu no estado de São Paulo de 2014 a 2016, impactam de forma emergencial essas companhias.

Outro setor vulnerável é o agronegócio, responsável por 21% do PIB brasileiro de 2019 e estratégico para a balança comercial do país. Já está comprovado que o desmatamento da Floresta Amazônica afeta os "rios aéreos" que levam umidade para outras regiões e reduz o volume de chuvas.

"O sistema de chuvas é o que faz agronegócio, e a alteração do clima e da qualidade do solo afeta sua produtividade", afirma Lemme, lembrando que pesos pesados do setor, como Amaggi e Cargill, assinaram a carta deste mês pedindo ao governo combate ao desmatamento.

As indústrias de cosméticos e medicamentos também são prejudicadas pela destruição da floresta, pois da biodiversidade surgem essências e substâncias importantes para os produtos. E a elevação do nível do mar e a ocorrência de eventos extremos implicam em riscos para o setor de infraestrutura urbana, estradas e ferrovias.

A evolução do "dinheiro verde"
"O movimento por mais sustentabilidade nas empresas começou de forma voluntária. Em seguida vieram acordos. E agora estamos vendo isso transitar na esfera regulatória", diz Buosi.

Na virada do século, práticas sustentáveis eram um nicho de mercado e estratégia de marketing de empresas. Em 2006, foi lançado o PRI, que busca engajar o mercado financeiro por meio da persuasão. Em 2015, o Banco Central brasileiro passou a exigir que todas as instituições financeiras tenham uma política de responsabilidade socioambiental.

Em 2017, o bilionário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg liderou o lançamento da Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês), que pressiona empresas a divulgarem dados sobre seu impacto climático para que investidores usem esses indicadores em suas decisões.

Paralelamente, vem crescendo o apetite de investidores por "títulos verdes", instrumentos financeiros negociados no mercado de capitais que detêm um selo atestando o comprometimento com o controle ou reversão do impacto ambiental.

Oportunidades para o Brasil 
Os especialistas consultados pela DW Brasil são unânimes em afirmar que o atual governo brasileiro provocou retrocessos na área e desperdiça oportunidades de atrair recursos que buscam financiar projetos sustentáveis.

"Até dois anos atrás, o país já era visto como protagonista na preservação ambiental, e os dados de combate ao desmatamento na Amazônia são provas disso. O país caminhava para obter os louros desse protagonismo, quando passaria a atrair capital de investidores responsáveis. No entanto, houve uma guinada muito prejudicial na forma como os gestores públicos passaram a ver a questão. De repente, nossa floresta tropical passou da condição de bônus para se transformar num ônus", afirma Seraphim, para quem o governo "enfraqueceu a posição até então de vantagem comparativa que o Brasil tinha".

Para Buosi, o Brasil precisa sair do "discurso reativo" na área ambiental e olhar para a sustentabilidade como um meio de buscar verbas, dada a abundância de recursos de fundos, bancos multilaterais e linhas de financiamento destinadas a iniciativas ambientalmente corretas.

Segundo ela, esse "dinheiro verde" tem a vantagem de superar restrições hoje impostas do Brasil, como ser um país sem grau de investimento e que não faz parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). "São entraves que barram a vinda de alguns investidores, mas o 'dinheiro verde' é capaz de contorná-los", diz.

Uma estratégia que poderia ser mais explorada, diz Lemme, é o pagamento por serviços ambientais, nos quais se busca recursos para projetos que preservam o meio ambiente e ao mesmo tempo criam alternativas sustentáveis de geração de renda.
"Temos um potencial enorme. É um ativo colossal para negociações internacionais, aberturas diplomáticas e desenvolvimento social, econômico e ambiental, e não um passivo a ser resolvido com serra e fogo", afirma.

Fonte: DW

Adiamento do prazo de preenchimento do RAD e planejamento de melhorias de médio e longo prazos

Adiamento do prazo de preenchimento do RAD e planejamento de melhorias de médio e longo prazos 

SCS
23 dez 2020 

O preenchimento do Relatório Anual de Docentes (RAD) foi adiado para o dia 03 de março de 2021 (16h), a ser cumprido por todos os docentes da Universidade Federal Fluminense (UFF). O período para reajustes será de 1 a 14 de abril (16h). 

O limite foi postergado para contemplar o lançamento de todas as informações referentes aos dois semestres letivos de 2020, considerando as situações específicas decorrentes do calendário especial aprovado pelo CEPEx. 

Além disso, está sendo elaborado um projeto de médio e longo prazos de gestão da informação na UFF em torno de três eixos: a) criação de um armazém de dados para alimentar um painel gerencial da instituição; b) avaliação estratégica, automação e facilitação do processo de consolidação dos relatórios anuais para envio aos órgãos de controle; e c) disponibilização ágil de informações para participação em rankings nacionais e internacionais. 

O objetivo principal é eliminar o preenchimento manual de formulários por parte dos docentes, alterando para um ato de validação a posteriori de relatórios automáticos gerados pelos sistemas da UFF. Este projeto será coordenado por um grupo de trabalho específico e mais informações serão divulgadas em breve sobre seu escopo de atuação, membros, entregas e prazos. 

Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, Reitor da UFF 
Fabio Barboza Passos, Vice-Reitor da UFF

Fonte: UFF

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Imunidade de rebanho pode exigir vacinação de 90% da população

Imunidade de rebanho pode exigir vacinação de 90% da população

André Luiz Dias Gonçalves
29/12/2020

Imagem: Pixabay

Qual parcela da população deve adquirir resistência ao novo coronavírus para que um país alcance a imunidade de rebanho, dificultando a transmissão do Sars-CoV-2? No início da pandemia, estimava-se ser necessário ter entre 60% e 70% dos cidadãos imunizados, mas essa estimativa vem aumentando nos últimos meses.

Em entrevista ao The New York Times na quinta-feira (24), o imunologista Anthony S. Fauci, um dos maiores especialistas em doenças infecciosas dos Estados Unidos, afirmou que pode ser preciso vacinar cerca de 90% da população para alcançar a imunidade coletiva e, assim, a sociedade voltar à vida normal.

Nos primeiros meses da crise de saúde, Fauci foi um dos cientistas que previram taxas de imunização mais baixas. No entanto, o conselheiro do governo americano tem aumentado gradativamente suas estimativas: em novembro, elas passaram a ficar entre 70% e 75% , mas, no início de dezembro, aumentaram para mais de 80%.

Anthony Fauci ao lado de Donald Trump.Fonte: Wikimedia Commons 

Um dos motivos que fizeram o especialista mudar de ideia foi a descoberta de novas cepas do agente causador da covid-19, identificadas no Reino Unido e na África do Sul, entre outros lugares, mostrando-se com uma maior capacidade de transmissão. O grande número de americanos afirmando que não pretende se vacinar (em torno de 20%), apontado por pesquisas recentes, também colaborou para isso.

Nível próximo ao do sarampo
O novo índice de imunidade de rebanho para frear a transmissão da covid-19 apontado pelo imunologista (que aconselha as ações de Donald Trump em resposta à pandemia) é de aproximadamente 90%. Esta é quase comparável ao necessário para erradicar o sarampo, uma das doenças mais contagiosas do mundo.

Causado por um vírus que pode permanecer horas no ar, além de flutuar através de qualquer abertura e infectar pessoas em outros locais, o sarampo só deixa de ser transmitido quando 95% ou mais das pessoas estiverem imunizadas, de acordo com estudos de surtos em dormitórios estudantis e quartéis militares.

A vacinação é uma das formas de atingir a imunidade coletiva.Fonte: Pixabay 

Apesar do aumento da faixa de imunidade coletiva para a covid-19, Fauci garantiu que o novo coronavírus não apresenta a mesma taxa de transmissão do vírus do sarampo. “Eu apostaria minha casa que a covid-19 não é tão contagiosa quanto o sarampo”, ele afirmou.

É importante ressaltar que essa imunidade da população pode ser atingida tanto por meio de um programa de vacinação eficiente quanto pelo contato direto com o vírus. Nesse último caso, a infecção leva ao desenvolvimento de anticorpos, porém pode resultar em um grande número de mortes.

O que dizem outros especialistas
Outros especialistas concordam com as novas estimativas de Fauci em relação à taxa de imunidade coletiva, mas destacam que qualquer previsão sobre o Sars-CoV-2 é apenas “suposição”, devido ao pouco tempo de estudo da doença.

Para o epidemiologista Marc Lipsitch, da Escola de Saúde Pública de Harvard, inúmeros fatores podem influenciar nesse tipo de cálculo, por exemplo, diferentemente da medição feita em rebanhos reais, nas quais há um controle total sobre os animais confinados. Ele também diz acreditar que não é preciso zerar a transmissão para voltar à normalidade e mencionou outras doenças.

Já a diretora de imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS), Katherine O’Brien, recusou-se a fazer estimativas, além de comentar que o índice de imunidade coletiva varia de um lugar para outro. “Devíamos dizer que simplesmente não sabemos. E não será um número mundial ou mesmo nacional. Vai depender da comunidade onde você vive”, ela afirmou.


Fonte: Tecmundo

Linhagens, cepas e mutações do coronavírus: o que são e quando devemos nos preocupar

Linhagens, cepas e mutações do coronavírus: o que são e quando devemos nos preocupar

Mariana Alvim - Da BBC News Brasil em São Paulo
26 dezembro 2020

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Desde que começou a infectar humanos na China, o coronavírus já apresentou muitas mudanças em seu genoma ao redor do mundo e com o passar do tempo

Em janeiro de 2020, pesquisadores chineses revelaram ao mundo o primeiro genoma de um vírus que começava a infectar humanos e estava até então restrito ao país asiático, o SARS-CoV-2.

Quase um ano depois, após adoecer mais de 78 milhões de pessoas em todo o planeta, milhões de genomas deste coronavírus já foram compartilhados por cientistas na plataforma colaborativa online Gisaid. E, como já era esperado, esses novos "documentos de identidade" genética mostram que o coronavírus não é exatamente o mesmo apresentado pela primeira vez em janeiro de 2020 — ele passou por mutações, alterações frequentemente acidentais no material genético do vírus.

Genomas com mutações semelhantes formam "variantes", "cepas" ou "linhagens" do vírus — que, apesar de abrigar essas diferenças internas, continua sendo o SARS-CoV-2, segundo explicaram pesquisadores entrevistados pela BBC News Brasil.

Uma destas linhagens, identificada como B.1.1.7, fez 40 países fecharem, nesta semana, suas fronteiras com o Reino Unido. Pesquisadores e governantes britânicos alertaram que a variante se tornou predominante em boa parte do território, incluindo Londres, sofrendo mais de dez mutações que podem ter facilitado sua transmissão. Essa cepa também já foi encontrada na Austrália, Dinamarca, Itália, Islândia e Holanda, entre outros.

Já no Brasil, uma nova linhagem, caracterizada por até cinco mutações, foi identificada pela primeira vez em amostras do Estado do Rio de Janeiro e apresentada por pesquisadores na terça-feira (22/12). Segundo a equipe, a cepa derivou de outra variante que circulava no país, a B.1.1.28, originada na Europa.

Os dois casos dispararam o alarme de que tais mutações possam dar mais poderes ao SARS-CoV-2 — por exemplo, favorecendo sua capacidade de transmissão ou a gravidade da infecção. Entretanto, segundo pesquisadores, até aqui não há evidências suficientes de que este cenário preocupante esteja acontecendo e nem que novas linhagens coloquem em risco a efetividade das vacinas contra a covid-19.

"Não precisa entrar em pânico. Em plena pandemia, com muita gente e vírus circulando, é natural que ele vá mutando. Ele está tentando escapar do sistema imunológico do hospedeiro, é normal", resume Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, à frente da pesquisa com genomas do Rio e coordenadora do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).

"O que estamos fazendo é uma vigilância genômica para ver como o vírus está evoluindo no Brasil. Isto é importante para acompanhar se terá alguma mutação que possa conferir a ele alguma característica de infecciosidade maior, de transmissibilidade", afirma Vasconcelos, acrescentando que na linhagem identificada no Rio de Janeiro, não há indícios que o vírus tenha tido esta periculosidade aumentada.

"Já na Inglaterra, ainda são necessários mais dados para comprovar que aquela linhagem (a B.1.1.7) é mais infecciosa, por exemplo associando as mutações a informações de pacientes que ficaram mais graves ou doentes por mais tempo."

CRÉDITO,GENTILEZA NEXTSTRAIN
Em plataformas online como a Nextstrain, pesquisadores estão dividindo entre si informações genéticas sobre o coronavírus

A pesquisadora, doutora em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reconhece porém que, "se o vírus ficar mais perigoso, será através de mutações".

"Por isso, é importante monitorá-las", diz Vasconcelos.

"Tem alterações em algumas partes do genoma que não acontece nada. Mas se ocorre em um local chave que afeta a ligação (do patógeno) com o sistema imune, aí é preocupante."

14 mutações em variante do Reino Unido
Apesar de instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontarem que ainda é cedo para tirar conclusões sobre a variante que ganhou destaque no Reino Unido, estudos preliminares apontaram para um número incomum de mutações, 14, algumas delas possivelmente afetando o gene que codifica a proteína spike — espécie de chave que o coronavírus usa para acessar as células humanas.

Entretanto, apenas as mutações não são suficientes para indicar maior ameaça do vírus, lembra Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

"Mesmo que os vírus apresentem mutações e/ou sejam de diferentes linhagens, isso não significa que fenotipicamente sejam diferentes. Ou seja, não significa que eles apresentem características diferentes", explica a pesquisadora, doutora em biologia molecular e celular.

"A caracterização de linhagem é muito refinada, foi adotada no início da pandemia para caracterizar vírus com certos grupos de mutações que estão circulando ao redor do mundo. Isso é mais para uma caracterização epidemiológica, para entender a dispersão do vírus."

"Análises complementares devem acompanhar as análises genômicas para ratificar hipóteses em testes como: maior dispersão viral; maior gravidade da doença; resistência antiviral, entre outros", completa.

E as vacinas?
Se o coronavírus passa por alterações significativas no genoma, é de se imaginar que as vacinas estudadas ou atualmente já aplicadas pelo mundo talvez não funcionem nestas novas configurações.

Por enquanto, porém, pesquisadores afastam esse cenário alarmante porque as principais vacinas treinam o sistema imunológico para atacar diferentes partes do vírus — atingindo um alvo maior do que partes pontuais que possam ter passado por mutações.

Além disso, lembra Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, o conhecimento sobre outros coronavírus mostra que eles mutam muito menos do que os vírus da gripe — para a qual é preciso fazer fórmulas diferentes de vacina a cada ano, tamanha alteração.

Entretanto, falando à BBC News na Inglaterra, o professor Ravi Gupta, da Universidade de Cambridge, demonstrou preocupação com as mutações que o coronavírus já apresentou — como na linhagem B.1.1.7.

"Se o caminho para acréscimo de mais mutações é aberto, começa a ficar preocupante", afirmou Gupta.

"Este vírus está potencialmente em um caminho de fuga da vacina. Ele deu os primeiros passos nesse sentido."

CRÉDITO,SCIENCE PHOTO LIBRARY
'Na maioria das vezes, a mutação simplesmente não faz nada, não causa nenhuma alteração significativa no vírus', explica o virologista Rômulo Neris

Como acontecem as mutações
Pode não parecer, mas as mutações que às vezes podem favorecer um organismo invasor não acontecem "propositalmente" — e sim por acaso.

Na maior parte das vezes, erros no processo de cópia do material genético levam a alterações, mas em menor escala, a radiação e elementos químicos (como o alcatrão na fumaça do cigarro) também podem fazê-lo.

Como em todo processo evolutivo, vantagens biológicas se destacam no processo de seleção natural e são reproduzidas. É o que pode acontecer com alguma característica benéfica advinda de alguma mutação.

Mas nem sempre estas alterações levam a vantagens, explica o virologista Rômulo Neris.

"Quando infecta uma célula, o vírus tem que se multiplicar. E para fazer isso, a célula lê o genoma do vírus, que é onde estão as instruções de como fazer mais vírus. A mutação acontece no momento em que o genoma é copiado", explica o pesquisador, doutorando na UFRJ.

"Na maioria das vezes, a mutação simplesmente não faz nada, não causa nenhuma alteração significativa no vírus. Em outras, ela pode ser ruim para o vírus — quando isso acontece, a mutação não é passada adiante, porque o vírus simplesmente não consegue se proliferar."

"Em último caso, partículas oriundas das mutações podem adquirir alguma função nova ou modificar alguma função que já existia. Algumas dessas mutações podem por exemplo dar mais afinidade de elementos do vírus a proteínas celulares — o que potencialmente aumenta as chances de transmissão. Outros tipos de mutação podem dar o vírus a capacidade de evadir da resposta imune."

"O acúmulo dessas mutações pode até, em última instância, caracterizar um novo organismo — como é o caso do novo coronavírus. Em algum momento, um outro vírus precursor, que até agora parece ser um vírus de morcegos, sofreu adaptações suficientes no genoma para que passasse a infectar com sucesso humanos."

Fonte: BBC

Estágio e Trainee: Globo encerra inscrições nesta semana; veja vagas abertas

Estágio e Trainee: Globo encerra inscrições nesta semana; veja vagas abertas

Klabin, Warner Bros e Cielo são empresas que também têm vagas abertas para estágio e trainee

Victor Sena
28/12/2020

Globo: vagas são de UX, desenvolvimento, inteligência artificial, ciência de dados, entre outras (Divulgação/Divulgação)

O Grupo Globo encerra nesta segunda-feira as inscrições para seu programa de estágio voltado para a área de tecnologia. Outras empresas, porém, continuam com seus processos seletivos.

Confira mais empresas que abriram programas de estágio e trainee. As oportunidades disponíveis estão em ordem crescente de término do prazo.

Globo – estágio
A empresa abriu um banco de talentos na área de tecnologia para contratação contínua de estagiários até o fim do ano. Serão vagas de UX, desenvolvimento, inteligência artificial, ciência de dados, entre outras.
Salário: não informado
Inscrições: até 28 de dezembro pelo site

Hand Talk – estágio
Vagas de estágio em Maceió para os departamentos pessoal, jurídico, designer gráfico e audivisual.
Salário: até 1.404 reais e benefícios
Inscrições: até 30 de dezembro pelo site do 99 jobs

Captalys – estágio
O programa tem 30 vagas para estudantes cursando a partir do 5º semestre de cursos das áreas de exatas e humanas. Os cursos são: Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Ciências da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Design Gráfico, Direito, Economia, Engenharias, Estatística, Física, Marketing, Matemática, Publicidade e Propaganda e Tecnologia da Informação.
Salário: não informado
Inscrições: até 31 de dezembro pelo site

Klabin – Estágios
A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, está selecionando 54 estudantes em seu programa de estágio. As vagas estão distribuídas entre a sede na capital paulista e outras localidades, como Angatuba (SP), Jundiaí (SP), Goiana (PE), Itajaí (SC), Ortigueira (PR), Monte Alegre (PR), Manaus (AM), Otacílio Costa (SC), Lages (SC) e Correia Pinto (SC).
Salário: compatível com mercado, mais benefícios
Inscrições: até 3 de janeiro no site da Companhia de Estágios

Warner Bros – estágio
São 3 vagas de marketing em Barueri nas áreas de comunicação e games.
Salário: R$ 1.840 no primeiro ano de estágio
Inscrições: até 3 de janeiro pelo site do Bettha

Cielo – estágio
São 55 vagas para estudantes de qualquer curso, seja graduação ou tecnólogo. A empresa de pagamentos eletrônicos procura por estudantes com formação prevista entre dezembro de 2021 e de 2022 e que possam estagiar 30 horas semanais em Barueri (SP).
Salário: até 2 mil reais
Inscrições: até o dia 4 de janeiro pelo site do 99 jobs

QuintoAndar – estágio
Vagas para estudantes negros na área de Operações. Para participar, os estudantes devem estar matriculados no ensino superior e ter a formação prevista entre dezembro de 2021 e 2022.
Salário: não informado
Inscrições: até o dia 5 de janeiro pelo site

Avon – estágio
O programa tem o objetivo de contratar, no mínimo, 50% de estudantes negros, especialmente mulheres pretas e pardas. Todos os alunos devidamente matriculados em qualquer curso superior – bacharel, licenciatura e tecnológico -, com formação prevista para dezembro de 2021 e dezembro de 2022, podem se matricular.
Salário: não informado
Inscrições: até dia 13 de janeiro pelo site da 99 jobs

Comgás – estágio
A empresa busca estudantes do ensino superior que tenham disponibilidade para atuar na cidade de São Paulo (na região do Brás e Itaim Bibi), Campinas e São José dos Campos. Todos os cursos reconhecidos são aceitos, seja bacharelado, tecnólogo ou licenciatura. Para participar, o candidato precisa concluir a graduação entre julho de 2022 a julho de 2023.
Salário: não informado
Inscrições: até 16 de janeiro pelo site

Syngenta Digital – estágio
A Syngenta Digital abrirá 23 vagas para seu primeiro Programa de Estágio, a ser realizado em Belo Horizonte (MG). Estudantes universitários cursando qualquer semestre de Administração, Comunicação Social, Ciências da Computação, Estatística, Engenharias, Finanças, Sistemas da Informação e áreas correlatas poderão se candidatar para oportunidades em Business Intelligence, Engenharia de Software, Marketing, Operações, Produto e Suporte.
Inscrições: até 22 de janeiro pelo link.

Alcoa – estágio e trainee
No estágio, são vagas em São Paulo (SP), São Luís (MA), Poços de Caldas (MG) e Juruti (PA) para estudantes de diversos cursos. No trainee, a empresa busca por engenheiros com 3 a 4 anos de experiência.
Salário: não informado
Inscrições: até 24 de janeiro pelo site

Bloomin’ Brands – Estágio
A Bloomin’ Brands, companhia detentora das marcas Outback e Abbraccio, abriu as inscrições para o seu Programa de Estágio 2021, com vagas para atuação no escritório corporativo da empresa, em São Paulo. As vagas são ofertadas em diferentes áreas, como Remuneração – Recursos Humanos, Marketing, Compras, Legal, Transformação Digital, Trade Marketing e Operações.
Salário: compatível com o mercado.
Inscrições: Até 31 de janeiro no site.

Via Varejo – trainee 
Para participar, os candidatos precisam ter formação entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020. A empresa quer encontrar talentos focando na trajetória de vida individual. A seleção não pode inglês e aceita qualquer curso. 
Salário: R$ 6.800
Inscrições: até 1 de fevereiro pelo site

Saint-Gobain – estágio 
A empresa procura estudantes cursando ensino superior a partir do terceiro ano, com inglês intermediário e conhecimento intermediário do pacote office.
Salário: não informado
Inscrições: até 1 de março de 2022 pelo site do Across Jobs

B3 – Estágio
A bolsa de valores brasileira, a B3, está com inscrições abertas para seu programa de estágio 2021. Para se inscrever, é necessário ter vínculo com uma instituição de ensino superior (Bacharelado ou Tecnólogo em andamento); ter de 1 a 2 anos disponíveis para estagiar e disponibilidade para estagiar 6 horas diárias de segunda a sexta-feira, em horário comercial, de acordo com a demanda da área.
Inscrições: podem ser feitas neste site
Salário: bolsa auxílio compatível (com 13º) e benefícios

Tereos – Trainee
A Tereos, uma das líderes mundiais na produção de açúcar, álcool e amidos, abriu na última quinta-feira, 5 de novembro, o período de inscrições para o programa de trainees 2021. As vagas disponíveis são para atuar em diversas áreas nas unidades industriais do Grupo. O programa tem duração de 18 meses e os participantes já começam como colaboradores efetivados. Os pré-requisitos para participação são: ter formação superior concluída entre dezembro de 2018 e dezembro de 2020, fluência em inglês e disponibilidade para residir no interior de São Paulo
Salário: Compatível com o mercado mais benefícios.
Inscrições: Site da empresa

Heach RH – trainee
A Heach Recursos Humanos, empresa de recrutamento e seleção, anuncia 4 vagas para o Programa de Aceleração Trainee, que tem como objetivo ajudar os jovens a acelerarem suas carreiras em grandes empresas
As oportunidades disponíveis são para Trainee em Recrutamento, Seleção e Inteligência Artificial, em Processos de Recursos Humanos, em Relacionamento Comercial e em Inteligência de Mercado. Os requisitos para se candidatar às vagas são: graduação completa em Administração, Economia, Marketing, Psicologia ou Recursos Humanos, conhecimento intermediário do Pacote Office e um perfil proativo, com foco em soluções de problemas.
Salário: Não informado
Inscrições: Podem ser feitas no site

Cummins Brasil – Estágio
A Cummins Brasil iniciou no último dia 30 as inscrições do Programa de Estágio, com início previsto em fevereiro de 2020. Serão 33 novas vagas abertas para o público universitário. Com o objetivo de promover a diversidade e a inclusão na sua força de trabalho, a empresa vai priorizar a contratação de estudantes do Ensino Superior que contribuam com a pluralidade e intercâmbio cultural neste processo.
Salário: Não informado
Inscrições: Podem ser feitas neste site

BASF – estágio
As vagas são para atuar nos segmentos Automotivo, Agronegócio, Químico, Tintas Suvinil e na área Corporativa. A empresa tem programas para alunos do ensino superior, ensino técnico e focados na área de Agronomia e Engenharia Agrônoma.
Salário: não informado
Inscrições: pelo site da Cia de Talentos

KPMG – trainee
Para se candidatar, é necessário ter graduação de junho de 2019 a dezembro de 2024. O processo também pede por inglês intermediário. São vagas em diversas cidades do Brasil.
Salário: não informado
Inscrições: pelo site da Cia de Talentos

Nestlé – estágio
O programa aceita estudantes de todos os cursos de graduação com formação prevista entre Dezembro de 2020 a Julho de 2021; É necessário ter inglês a partir do intermediário e ter bons conhecimentos no pacote Office.
Salário: não informado
Inscrições: pelo site da Cia de Talentos

Celere – estágio
A empresa tem vagas em São Paulo para Estágio em Engenharia de Qualidade de Software e Estágio em Levantamento de Projetos e Orçamentos.
Salário: não informado
Inscrições: pelo LinkedIn

Amazon – estágio
Com ambiente de trabalho dinâmico e estímulo à inovação, a Amazon têm neste momento 13 vagas abertas para diferentes áreas de atuação, em São Paulo, Barueri e Campinas.
Salário: 2.300 reais
Inscrições: pelo site da Cia de Estágios

EY – trainee
São 250 vagas para estudantes universitário e recém-formados (até três anos). Para os cursos de Ciências Contábeis e de TI, é exigido o nível básico de inglês. O inglês intermediário é pré-requisito para os demais cursos de Administração de Empresas, Ciências Atuariais, Economia, Relações Internacionais, Comércio Exterior, Direito, Engenharia (todas), Estatística, Física, Matemática, Psicologia, Marketing, Publicidade e Propaganda, Design.
Salário: não informado.
Inscrições: o ano todo pelo site do programa

Radix – estágio
Oportunidades para banco de talentos em diversas áreas e escritórios da empresa.
Salário: não informado
Inscrições: pelo site do Gupy

Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) – estágio 
Vagas para estudantes matriculados a partir do 2ª semestre do curso de graduação, com preferências pelos cursos de Administração, Economia, Matemática, Estatística, Direito, Marketing, Publicidade e Propaganda, Ciências da Computação, Análise de Sistemas, Segurança da Informação, Engenharia da Computação, Sistema da Informação e demais áreas relacionadas à tecnologia.
Salário: não informado
Inscrições: pelo site do WallJobs

GOVBR – estágio 
Vagas na empresa de soluções para gestão pública nas áreas de Análise de Negócio, Desenvolvimento de Software, Arquitetura UX, Ciência de Dados, Devops, Qualidade e Agilidade.
Salário: não informado
Inscrições: vagas recorrentes pelo site

IBM – estágio
A empresa publica vagas em seu site de oportunidades. Para o programa de 2020, a IBM aceita estudantes de qualquer curso com graduação prevista a partir de dezembro de 2021. É desejável ter conhecimento de inglês.
Salário: não informado
Inscrições: o ano todo pelo site

Ternium – trainee
As vagas oferecidas são para diferentes formações, sendo a maioria voltada para a área de engenheira. Podem se candidatar pessoas com até dois anos de formadas.
Salário: não informado
Inscrições: o ano inteiro pelo site Vagas

Itaú Unibanco e Itaú BBA – estágio
Durante todo ano, há oportunidades para atuar na área corporativa do banco, na rede de agências. Estudantes a partir do terceiro semestre de cursos da área de exatas ou de humanas interessados em trabalhar na sede do banco em São Paulo (SP) podem se candidatar às vagas de estágio corporativo. Para o estágio em agências, estudantes a partir do terceiro semestre dos cursos de administração, economia e ciências contábeis.
Salário: não informado
Inscrições: o ano todo pelo site do Itaú Unibanco

FAPES – estágio
O programa tem vagas para estudantes do Rio de Janeiro nas áreas de Administração, Comunicação, Contabilidade, Direito, Economia e Sistemas de Informação, entre outras. As inscrições ficam abertas em caráter permanente e as seleções ocorrem conforme a disponibilidade de vagas.
Salário: bolsa-auxílio compatível com o mercado, vale-refeição e vale-transporte
Inscrições: o ano todo é possível cadastrar currículo pelo site do Vagas

Ipiranga – estágio
O programa de estágio acontece durante todo o ano, conforme o surgimento de oportunidades. As inscrições estão sempre abertas, com oportunidades para estudantes do penúltimo ou último ano do ensino superior e último ano do curso técnico.
Salário: não informado
Inscrições: o ano todo pelo site da Ipiranga

Fonte: EXAME

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Novo medicamento pode impedir surgimento dos sintomas da Covid-19

Novo medicamento pode impedir surgimento dos sintomas da Covid-19

Rafael Rigues
28 de dezembro de 2020

O University College London Hospitals (UCLH), na Inglaterra, iniciou dois testes de um medicamento desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca que pode impedir que pacientes infectados desenvolvam os sintomas da Covid-19.

O remédio se chama AZD7442 e foi desenvolvido com a combinação de dois anticorpos monoclonais, que são produzidos em laboratório a partir de clones de células do sistema imunológico de pessoas infectadas.

Os anticorpos monoclonais são produzidos para agir sobre um determinado alvo. Isso significa que as moléculas podem ser direcionadas para neutralizar partes específicas de microorganismos invasores ou conduzir substâncias até células de uma parte do corpo. Essa abordagem é usada, inclusive, no tratamento de alguns tipos de câncer e tumores.

Os estudos sendo conduzidos pelo UCLH são chamados de Storm Chaser e Provent. No primeiro, serão tratados trabalhadores de saúde, estudantes de vivem em dormitórios compartilhados e pessoas que foram recentemente expostas a alguém com Covid-19, além de membros das forças armadas e profissionais da indústria como trabalhadores de fábricas.


O presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu tratamento com anticorpos monoclonais quando foi diagnosticado com Covid-19. Imagem: Foto oficial da Casa Branca/Shealah Craighead

Já no Provent o alvo são pessoas em idade avançada ou que tem condições preexistentes como câncer e HIV, para as quais as vacinas já aprovadas por vários países não são recomendadas.

Em ambos os casos, o medicamento não é usado para prevenir a infecção, mas sim para impedir que uma pessoa já infectada ou exposta ao vírus desenvolva sintomas da Covid-19. O paciente se tornaria, idealmente, assintomático, como já ocorre naturalmente em vários casos.

O Storm Chaser vai analisar os resultados da aplicação do medicamento em 1.125 voluntários em todo o mundo. Segundo a Dra. Catherine Houlian, virologista do UCLH, “Sabemos que esta combinação de anticorpos pode neutralizar o vírus, então esperamos que administrar este tratamento via injeção possa levar à proteção imediata contra o desenvolvimento de sintomas da Covid-19 em pessoas que foram expostas – quando seria tarde demais para oferecer uma vacina”.

“Esta combinação de anticorpos […] tem o potencial de melhorar a eficácia e durabilidade do uso [do medicamento], além de reduzir a probabilidade de resistência viral”, afirmou o vice-presidente executivo de pesquisa e desenvolvimento da AstraZeneca, Mene Pangalos.

Fonte: Metro

Comunidade científica desconfia que há algo errado com a Coronavac

Comunidade científica desconfia que há algo errado com a Coronavac

Instituto Butantã posterga mais uma vez a divulgação dos resultados da fase 3 da vacina; temor é que eficácia não possa ser a esperada

Carla Aranha
23/12/2020 às 20h13Alterado em: 25/12/2020 às 20h11

Funcionário trabalha no centro biomédico do Instituto Butantan, em São Paulo (Amanda Perobelli/Reuters)

A ausência da apresentação de dados de eficácia sobre a vacina Coronavac nesta quarta-feira, dia 23, durante coletiva de imprensa realizada no Instituto Butantan, deixou a comunidade científica preocupada em relação à eficácia do imunizante. O governo de São Paulo já havia adiado a apresentação dos dados, programada inicialmente para o dia 15. Agora, a divulgação foi novamente postergarda. O novo anúncio do resultado dos testes está programado para daqui a duas semanas.

Segundo o Instituto Butantan, os dados não foram apresentados porque haveria divergências com os resultados dos testes clínicos em países como a Turquia e a Indonésia, onde as avaliações também estão sendo conduzidas.

Os cientistas brasileiros que vêm acompanhando a evolução da vacina dizem que poucos voluntários receberam a dose de imunização na Turquia e na Indonésia, o que não justificaria um problema de divergências nos testes. “A maior parte dos testes aconteceu no Brasil mesmo”, diz Fernando Reinach, biológo, PHD em biologia celular e molecular pela Cornell University e autor do livro “A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil”.

“O novo adiamento dos resultados dos testes de fase 3 da Coronavac levantam a suspeita de que possa haver algum problema com a eficácia da vacina ou com o ensaio clínico do Butantan”, afirma Reinach.

Existe a desconfiança de que os resultados possam ter sido inconclusivos ou que a vacina teria uma baixa eficácia, já que o Instituto Butantan ainda não divulgou os dados sobre o índice de eficiência do imunizante.

Os cientistas também se revelam preocupados pelo fato de que nem mesmo a China registrou a vacina ainda. “Não sabemos muito bem o que se passa na China, por se tratar de um país fechado”, afirma Gonzalo Vecina, médico sanitarista e presidente da Anvisa entre 1999 e 2003. “Pode ser que estejam tomando um cuidado especial ou estejam envoltos em questões burocráticas, mas o fato é que sem o registro da vacina na China é impossível haver um registro pela Anvisa no Brasil”.

Vecina também alerta que o resultado dos ensaios clínicos de fase 3 ainda não foram publicados em revistas científicas, o que costuma ser o primeiro passo no processo de comprovação da eficácia de vacinas e medicamentos. Após a publicação, a comunidade científica internacional analisa os dados do estudo e dá seu parecer.

Outro fator potencialmente preocupante é o real índice de eficácia da Coronavac. De acordo com o Butantã, os testes clínicos mostraram um índice de eficácia no limiar de 50%, embora ninguém tenha visto os dados. Outras vacinas, como as da Pfizer e Moderna, apresentam uma eficácia de 95%.

“Uma taxa de 50% significa que apenas metade da população que receber a vacina estará de fato imunizada”, explica Vecina. Caso isso aconteça, um dos problemas que é a população pode acreditar que está totalmente imunizada e descuidar de medidas essenciais como usar máscara e manter o distanciamento social, embora ao menos parte das pessoas de fato adquira anticorpos contra o coronavírus.

A comunidade científica também acredita que o calendário de vacinação proposto pelo governo de São Paulo, com início em 25 de janeiro, talvez precise ser revisto. Como a divulgação dos dados sobre os testes 3 da vacina foram postergados para 15 dias, existe uma probabilidade de não haver tempo hábil para providenciar o registro junto à Anvisa e começar a imunização em janeiro. Além disso, é preciso que antes a China registre a vacina.

Até agora, as vacinas que já obtiveram registros em órgãos internacionais são as da Pfizer e da Moderna, autorizadas nos Estados Unidos. “Em relação à Coronavac, o processo não caminhou tanto assim”, diz Vecina.

A Coronavac, no entanto, é segura, na medida em que não provocou efeitos que poderiam colocar a saúde em risco. Há pouco mais de um mês, estudos das fases 1 e 2 foram publicados na revista científica britânica The Lancet (e revisados por especialistas), mostrando que a vacina é segura. 

*Matéria atualizada no dia 25/12 20h10 para retirada de comentários a pedido de Maria Amélia Veras, epidemiologista da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e do Observatório Covid-19 BR.

Fonte: EXAME

O "lixo invisível" por trás de laptops e smartphones

O "lixo invisível" por trás de laptops e smartphones

Como forma de diminuir nossa pegada ecológica, tendemos a focar no lixo doméstico. Mas e quanto aos resíduos gerados para produzir aquilo que compramos?

Charli Shield
27.12.2020

Produção de eletrônicos envolve elevadas quantidades de produtos químicos, gases de efeito estufa e drenagem de água

A maioria das pessoas acha que sabe o que é lixo: é o plástico que elas arrancam da cabeça de brócolis, por exemplo, e jogam fora. Ou a caixa de papelão em que chegou seu novo laptop – e um dia até o próprio laptop, quando este já não for mais útil.

Todos os anos, o mundo produz cerca de 2 bilhões de toneladas métricas de lixo. Mas esse é apenas o lixo que podemos ver.

"O desperdício com que lidamos como consumidores é uma pequena porcentagem do desperdício total – cerca de apenas 2 a 3% do todo", disse Josh Lepawsky, autor de um livro sobre o impacto global da fabricação de tecnologia digital.

Escondida em processos difíceis de rastrear, como extração de recursos, manufatura, transporte e produção de eletricidade, está a maior parte dos resíduos do mundo – aqueles gerados para produzir as coisas que compramos.

Isso vale especialmente para a eletrônica, responsável pelo fluxo de resíduos que mais cresce no mundo e, portanto, uma das maiores fontes de "lixo invisível".

"A maior parte da poluição e do desperdício de produtos eletrônicos acontece muito antes de as pessoas terem seus dispositivos em mãos", disse Lepawsky, que também é professor de geografia na Universidade Memorial de Newfoundland, no Canadá.

Lixo doméstico: a ponta do iceberg

A produção de eletrônicos envolve níveis elevados de substâncias químicas perigosas, gases de efeito estufa e drenagem de água.

A maior parte disso é totalmente invisível para o consumidor médio e difícil de quantificar. Compostos a partir de vários componentes, os eletrônicos são, em sua maioria, adquiridos e fabricados em diferentes locais ao redor do mundo para só depois serem montados em algum outro lugar.

Mineração de metais preciosos
Um smartphone típico, por exemplo, pode conter até 62 metais diferentes. Entre a miríade de componentes minúsculos de um iPhone da Apple estão ouro, prata e paládio. Esses metais preciosos – extraídos principalmente na Ásia, África e Austrália – precisam ser minerados.

Um estudo conduzido pela associação sueca de gestão e reciclagem de resíduos, Avfall Sverige, calculou que os resíduos invisíveis gerados por um smartphone típico e um laptop de 3 kg eram cerca de 86 e 1,2 kg, respectivamente.

"Esses números incluem pedras, cascalho, rejeitos e escória [resíduos da fusão de metais]", explica Anna Carin Gripwall, coautora do estudo. "E também o combustível e a eletricidade usados – mas isso é uma quantidade muito pequena em comparação com os resíduos da mineração."

Isso supera em muito outros produtos pesquisados, incluindo 1 kg de carne bovina e um par de calças de algodão, que geram, respectivamente, 4 e 25 kg de lixo invisível.

Um smartphone pode conter até 62 metais diferentes

Poluição gerada pela mineração de ouro pode ser perigosa para os trabalhadores e para o meio ambiente

Uma empreitada suja
A poeira gerada com o corte, a perfuração, a detonação, o transporte e o processamento envolvidos na mineração de metais preciosos pode contaminar o ar e as fontes próximas de água com metais e produtos químicos nocivos.

"Após a extração do minério, é preciso separar o material concentrado", disse Fu Zhao, professor de engenharia mecânica da Universidade Purdue, no estado de Indiana, nos Estados Unidos. "Essa decomposição é difícil e, para isso, são necessários produtos químicos e temperaturas elevadas." Quando feito numa escala tão grande, isso tudo se torna particularmente problemático, acrescentou.

Sem uma supervisão adequada, esses componentes tóxicos podem contaminar as águas subterrâneas, infiltrar-se em vales e riachos, danificar o solo, as plantas e os animais, além de ameaçar a saúde das populações humanas.

Vista aérea de uma barragem de rejeitos destinada ao armazenamento de subprodutos de operações de mineração

Isso não significa, necessariamente, que a mineração de metais preciosos seja inerentemente ruim para o meio ambiente, ressalta Saleem Ali, professor de Energia e Meio Ambiente da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos.

"O desafio é apenas descobrir como administrar isso tudo de forma que o meio ambiente não seja prejudicado", explica. "Temos que garantir que esses solventes tóxicos não entrem no abastecimento de água subterrânea e fornecer equipamento de proteção às pessoas que trabalham nessas áreas, para que elas não inalem produtos orgânicos voláteis." Isso, acrescenta, pode ser alcançado com mais investimentos.

Para Ali, um passo importante rumo a uma "mineração verde" seria um maior uso de fontes renováveis de energia na fabricação de tais dispositivos.

Bate e volta dos EUA à China
A montagem desses eletrônicos também produz grandes quantidades de resíduos – muitos deles tóxicos.

Muitos eletrônicos não são projetados para reutilização ou remanufatura

Vários dos gases usados na fabricação de certos componentes eletrônicos, como gases fluorados do efeito estufa utilizados na fabricação de telas, "são imensamente mais poderosos que o dióxido de carbono", aponta Lepawsky.

A maioria dos eletrônicos é fabricada na China, em Hong Kong, nos Estados Unidos e em países do Sudeste Asiático. Parte da dificuldade em classificar resíduos invisíveis é que muitos produtos modernos, especialmente eletrônicos, têm cadeias de suprimentos longas e complicadas.

Embora a Apple divulgue uma lista de seus 200 principais fornecedores, que estão espalhados por 27 países, a maior parte dessas instalações estão em locais sem registros acessíveis ao público onde a liberação de poluentes tóxicos pudesse ser rastreada.

Os limites da reciclagem de eletrônicos
E quanto a todos os aparelhos eletrônicos do mundo que jogamos fora? Atualmente, apenas 17,4% são formalmente recolhidos e reciclados.

E mesmo que 100% desses eletrônicos fossem reciclados com sucesso, isso não seria nada comparado com a poluição e os resíduos gerados em sua fabricação, e faria apenas uma pequena diferença nos resíduos de mineração, ressalta Lepawsky. A baixa reciclagem de lixo eletrônico, no entanto, não deixa de ser parte do problema.

"Tomemos o exemplo dos eletrônicos: eles não são projetados para reutilização ou remanufatura", diz Zhao.

A Apple, que promete se tornar 100% neutra em carbono até 2030, recentemente anunciou que não venderia mais fones de ouvido e carregadores juntos com seus iPhones, face às crescentes preocupações em torno do lixo eletrônico. A empresa prometeu ainda aumentar o uso de materiais reciclados em sua produção.

Zhao, contudo, aponta que os rápidos avanços tecnológicos alojados em dispositivos complexos e difíceis de desmontar tornam tais objetivos um desafio.

"Seu celular pode se tornar obsoleto em apenas alguns anos [...]. Isso torna a reutilização e a remanufatura quase impossíveis", afirma. "As empresas de tecnologia precisam ganhar dinheiro [...] Mas, ao mesmo tempo, isso traz consequências para o meio ambiente."

Fonte: DW