Pesquisadores criam
software que detecta doenças a partir do choro dos bebês
EFE
Cidade
do México17 jan 2018
EFE/Christian
Escobar Mora
Pesquisadores
mexicanos desenvolveram um software que processa o choro dos bebês para poder
detectar com até 95% de precisão alguma patologia como surdez, asfixia ou
hiperbilirrubinemia, informou nesta terça-feira o Conselho Nacional de Ciência
e Tecnologia (Conacyt).
O
programa, desenvolvido por investigadores do Instituto Nacional de Astrofísica,
Ótica e Eletrônica (INAOE), funciona através de modelos computacionais
inteligentes que analisam o choro do bebê nos primeiros seis meses de vida.
A
princípio, os especialistas trabalharam com o choro de bebês com surdez, de
quem extraíram características acústicas distintivas, e treinaram os modelos
computacionais nos quais fez a classificação dos tipos de choro.
"Uma
vez que nossos modelos estavam treinados, foram testados com uma mostra de
bebês desconhecidos e assim determinaram a que classe de choro pertencia e se
existia algum padecimento, de acordo com a classificação prévia que
fizemos", explicou o doutor em Ciências da Computação Carlos Alberto Reyes
García.
O choro
dos bebês foi gravado durante a etapa pré-linguística em bebês com idades de
dois a seis meses.
Estas
primeiras mostras se transformaram em um espectrograma que detecta
características quantitativas, ou seja, valores numéricos.
"Uma
mostra completa de choro se divide em segmentos pequenos. De cada um destes
segmentos extraímos suas características acústicas com vetores de dados,
posteriormente estes vetores passam aos modelos de classificação e assim é
determinado o tipo de choro", explicou García.
O
especialista disse que também são medidos aspectos qualitativos, nos quais são
apreciadas mudanças drásticas na frequência do choro do bebê, duplos
harmônicos, vibratos, silêncios, concentração de ruído e tipos de melodia.
"A
estas mostras os silêncios são retirados para fazer uma linha de choro contínuo
e a partir daí são processados os dados que usamos para treinar nossos modelos,
os quais são implementados para fazer um reconhecimento de padrões similares em
todas as mostras", detalhou.
Com esta
combinação de características, o médico pode ter uma pauta para saber se existe
um indicador anormal no desenvolvimento do bebê.
Para o
estudo, os especialistas captaram mostras por segundos e até por minutos
enquanto o bebê chora, já que com apenas dois minutos de choro é possível obter
até 120 mostras que permitem treinar os modelos computacionais e assim saber se
o choro é por fome, dor, asfixia ou se apresenta surdez ou hiperbilirrubinemia.
O
pesquisador indicou que teoricamente qualquer coletânea de choro proporcionada
pelos médicos e que já estiver diagnosticada pode ser representada através de
seus modelos computacionais, o que os leva a novos objetivos, como a análise de
choro em bebês prematuros e para detectar autismo, embora este trabalho ainda
esteja em desenvolvimento.
Neste
projeto também trabalharam investigadores do Instituto Nacional de
Reabilitação, da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM), da Universidade de
Florença e da de Lieja.
Fonte: EFE
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